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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Ilo Krugli

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.08.2024
12.1930 Argentina / Buenos Aires / Buenos Aires
07.09.2019 Brasil / São Paulo / São Paulo
Elias Kruglianski (Buenos Aires, Argentina, 1930 - São Paulo, São Paulo, 2019). Ator, dramaturgo, artista plástico, diretor, escritor. Filho de imigrantes judeus poloneses que chegam à Argentina depois da Primeira Guerra Mundial. Na infância, conhece a paixão do poeta espanhol Federico García Lorca (1898-1936) por teatro de bonecos e tem os prim...

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Elias Kruglianski (Buenos Aires, Argentina, 1930 - São Paulo, São Paulo, 2019). Ator, dramaturgo, artista plástico, diretor, escritor. Filho de imigrantes judeus poloneses que chegam à Argentina depois da Primeira Guerra Mundial. Na infância, conhece a paixão do poeta espanhol Federico García Lorca (1898-1936) por teatro de bonecos e tem os primeiros contatos teatrais pelas criações do poeta argentino Javier Villafañe (1909-1996).

Chega ao Brasil, em 1961, no período em que Jânio Quadros (1917-1992) assume a Presidência. Procura Augusto Rodrigues (1913-1993), autodidata com paixão pela arte-educação e, por seu intermédio, faz o primeiro espetáculo na Escola de Arte Brasil (EAB), próxima à Cinelândia, centro da cidade do Rio de Janeiro. Inicia na escola um curso de teatro de bonecos e, à medida que o desenvolve, percebe dois aspectos fundamentais do teatro: o feito para crianças e o feito com crianças.

Durante uma aula, em 1963, cria a base para a peça História de um Barquinho ou Um Rio que Vem de Longe. A peça é concluída somente 1972, ano em que participa do Festival do Teatro Glaucio Gill e ganha o primeiro lugar. Apesar do cenário político conturbado do período, viaja pela América Latina, passando pelo Chile, onde ministra curso e monta o grupo Manos, para encenar História de um Barquinho. Está no país quando ocorre o golpe militar que derruba Salvador Allende (1908-1973) da Presidência. Acaba preso por alguns dias e, após libertado, segue para Buenos Aires. 

Volta ao Brasil no fim de 1973 e participa de um festival de teatro de bonecos para crianças em Curitiba. Começa a elaborar novo material, com o compositor e diretor musical Caíque Botkay (1951) e os atores Alice Reis e Beto Coimbra. A peça História de Lenços e Ventos marca a trajetória do teatro para crianças no país. Conta a história de Azulzinha (um lenço) e seu amigo Papel (um pedaço de jornal), utilizando bonecos, lenços, latas, instrumentos musicais e outros objetos. Sem impostação e ambientada nos quintais da infância, fala de liberdade, afetividade e uma vida melhor nos anos da ditadura militar.

De volta ao Rio de Janeiro em 1974, apresenta o espetáculo no Museu de Arte Moderna (MAM/RJ). A partir dessa apresentação, cria o Teatro Ventoforte, inspirado pelo título de um texto de Ana Maria Machado (1941), “Vento forte no teatro para crianças do Brasil”. Com o grupo, recebe o prêmio de montagem da Associação de Críticos do Rio de Janeiro, em 1974, e o Molière de Incentivo ao Teatro Infantil, em 1976. Ainda no MAM, o grupo apresenta Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo em 1975 que leva o Prêmio SNT.

Análise

Ilo Krugli, criador do grupo Ventoforte, constitui-se como referência para todos que trabalham com a linguagem da animação e da arte-educação no Brasil. 

Em parceria com Pedro Domingues (1935-2004), com quem chega ao Brasil, cria, na EAB, um curso de teatro de bonecos. Nele, desenvolve técnicas e experiências fundamentais para o trabalho como educador e a animação de objetos. 

Inaugura um jeito novo de pensar o teatro. Considera-o forma de conhecimento, desenvolvendo trabalhos em comunidades, na tentativa de eliminar a distância entre quem faz e quem vê. Os espetáculos abrem-se em direção ao público, à festa popular, ora começando na porta dos teatros, ora terminando na rua. 

Com os alunos adultos, forma um teatro de qualidade para a infância. Nesse contexto surge, em 1963, História de um Barquinho, que conta a breve vida da borboleta e da flor Irupê. Convive e trabalha com intelectuais que contribuem para fortalecer seus talentos, como os educadores Augusto Rodrigues e Anísio Teixeira (1900-1971), o poeta Ferreira Gullar (1930-2016) e a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), todos em volta da EAB.

Em decorrência do espetáculo História de Lenços e Ventos (1974), monta o Ventoforte, como teatro de resistência, com peças que falam da realidade “sem panfletismo e sim como metáfora poética”, salienta.

Em mais de 50 anos de carreira, colabora para a formação de 300 atores. Música, dança, invenções e poesia fazem parte do teatro desse diretor que, em meio a retalhos, sucatas, bordados, bonecos, atores e público, tece o espírito de festa que caracteriza suas apresentações. Krugli, com o teatro de animação, dá alma e vida a seres inanimados, bonecos sofisticados ou simples objetos, como uma folha de papel à mercê dos ventos.

Com a encenação em 2005 de Bodas de Sangue, de Federico García Lorca, destaca a luta pela terra e os conflitos entre os sentimentos de amor e ódio. Na década de 2010, apesar da inquestionável importância no cenário independente, Krugli tem dificuldades de manter o Ventoforte, então sediado no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. 

Sempre defendendo as qualidades das encenações dedicadas ao público infantil, enfatiza que suas criações dizem muito aos adultos, uma vez que a força poética transposta para o palco revela jeito próprio de conversar com crianças e adultos, circulando com naturalidade nos dois universos.

Espetáculos 68

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Exposições 4

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