Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Escolinha de Arte do Brasil (EAB)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 10.02.2015
1948 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
A Escolinha de Arte do Brasil (EAB) é criada em 1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa do artista pernambucano Augusto Rodrigues (1913 - 1993), da artista gaúcha Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora norte-americana Margareth Spencer (1914). A Escolinha, que coloca o foco nas distintas expressões artísticas (dança, pintura, teatro, de...

Texto

Abrir módulo

Histórico
A Escolinha de Arte do Brasil (EAB) é criada em 1948, no Rio de Janeiro, por iniciativa do artista pernambucano Augusto Rodrigues (1913 - 1993), da artista gaúcha Lúcia Alencastro Valentim (1921) e da escultora norte-americana Margareth Spencer (1914). A Escolinha, que coloca o foco nas distintas expressões artísticas (dança, pintura, teatro, desenho, poesia etc.), funciona nas dependências da Biblioteca Castro Alves, do Instituto de Previdência e Assistência Social dos Servidores de Estado - Ipase, voltada fundamentalmente para o público infantil. O filósofo e teórico da arte Herbert Read (1893 - 1968) fornece as principais inspirações para a experiência, sistematizadas em sua obra Education through Art (1943). As idéias de Read - ancoradas no princípio de que a educação é o fundamento da arte - são também conhecidas do público brasileiro da época em função da exposição de arte infantil por ele organizada no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, Rio de Janeiro, em 1941. O espírito não diretivo e aberto da Escolinha de Arte do Brasil pode ser aferido na tentativa de ampliação do repertório artístico pela inclusão de elementos da arte popular e do folclore (por exemplo, teatro de fantoches e bonecos), na intensificação do diálogo entre as diferentes modalidades artísticas, ou na adoção de um método pouco convencional de ensino. Diz Lúcia Valentim: "Nossa grande mestra foi sem dúvida a criança. Havíamos decidido nos guiar por ela: observar o que ela fazia; oferecer situações novas e verificar como reagia; analisar o que recusava; documentar como progredia".

A Escolinha recebe forte apoio de educadores atuantes, como Anísio Teixeira (1900 - 1971) e Helena Antipoff (1892 - 1974). Esta é especialmente ligada a Augusto Rodrigues, em função do trabalho conjunto na Sociedade Pestalozzi, por ela criada em 1948, e na qual Augusto é professor. Vale lembrar que as relações entre arte e educação especial mobilizam a Escolinha de Arte do Brasil desde o início, favorecidas por convênios com a Pestalozzi e com a Apae, por intermédio de Antipoff e de Nise da Silveira (1905 - 1999). Experiências educacionais como essas ainda hoje enfrentam forte resistência por parte de muitos profissionais, apesar dos insubstituíveis serviços prestados às famílias de crianças deficientes. Outro traço importante do perfil e da atuação da Escolinha diz respeito às tentativas que empreende para difundir concepções mais modernas na área da educação artística com criação de veículos próprios como o jornal Arte & Educação, editado a partir de 1970. A produção de materiais específicos para o ensino de arte é outra inovação da Escolinha de Arte do Brasil, que sistematiza, pela primeira vez, técnicas pouco conhecidas e, até hoje, utilizadas pelas escolas: lápis de cera e anilina; lápis de cera e varsol; desenho de olhos fechados; impressão e pintura de dedo, mosaico de papel; recorte e colagem coletiva sobre papel preto; carimbo de batata; bordado criador, desenho raspado e de giz molhado, entre outras.

As primeiras escolas especializadas em arte para crianças e adolescentes remontam à década de 1930, às experiências como as da Escola Brasileira de Arte, de São Paulo, dirigida por Theodoro Braga (1872 - 1953), e aos cursos de Anita Malfatti (1889 - 1964),  oferecidos em seu ateliê e na Biblioteca Infantil Municipal do Departamento de Cultura de São Paulo, dirigido por Mário de Andrade (1893 - 1945) entre 1935 e 1938. Essas experiências se caracterizam pela idéia da aprendizagem livre e do incentivo à expressão criativa, na contramão do ensino oficial de artes tal como instituído em seguida no período do Estado Novo, quando as aulas de desenho geométrico e cópia de estampas são introduzidas na escola primária e secundária com a finalidade de orientar ao máximo a formação artística, adequando-a aos modelos e padrões vigentes. Na década de 1940, novas experiências na área da educação artística têm lugar no país, com o intuito de formar artistas e educar o gosto em função da liberdade expressiva. A Escola Guignard, criada em 1943, na cidade de Belo Horizonte, é ótimo exemplo de um modelo não convencional de educação artística. Em relação às crianças, especialmente, amplo trabalho é feito pelos artistas que abrem os seus ateliês para a experimentação livre. No Recife, por exemplo, Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987) fornece lápis, papel e tinta para as crianças, deixando que elas se expressem de modo não dirigido. Também as escolas Waldorf incentivam a integração entre arte e educação, no Brasil, desde a década de 1950.

A despeito de importantes iniciativas individuais, a Escolinha de Arte do Brasil altera o panorama do ensino artístico, multiplicando as experiências na área de arte e educação em diversas regiões do país. Sua criação está na base do Movimento Escolinhas de Arte - MEA, que congrega diversas escolinhas de arte, nos anos 1950, 1960 e 1970: a do Rio de Janeiro, da Bahia e do Recife, por exemplo. Podem ser considerados desdobramentos importantes da Escolinha de Arte do Brasil o Ateliê Infantil do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, criado por Ivan Serpa (1923 - 1973), em 1972, e os cursos de licenciatura em educação artística, instituídos em 1973. Não se deve esquecer que a despeito da ênfase na liberdade de criação, o MEA procura interferir no ensino regular de arte nas escolas públicas. Algumas iniciativas são tomadas nessa direção, por exemplo, a organização de um curso promovido pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC e pela Escolinha de Arte do Brasil, em 1971, para preparar as equipes das Secretarias de Educação para de orientar a implantação da disciplina de educação artística, obrigatória a partir da década de 1970. Com o tempo, portanto, a Escolinha de Arte do Brasil volta-se também para o público adulto, tornando-se um importante centro de formação de profissionais que vão supervisionar experiências no Brasil e América Latina.

Exposições 2

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 3

Abrir módulo
  • AZEVEDO, Fernando Antonio G. Movimento Escolinhas de Arte: em cena Noêmia Varela e Ana Mae Barbosa. 2001. 166 f. Dissertação (Mestrado em Artes Plásticas) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
  • AZEVEDO, Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo. Sobre Augusto Rodrigues e o Movimento Escolinhas de Arte. Disponível em: [http://www.funarte.gov.br/vsa/download/down05/Fernando_Azevedo.doc]. Acesso em: 20 fev 2006.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: