Hansen Bahia
![Tecendo a Rede, 1954 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/013302039418.jpg)
Tecendo a Rede, 1954
Hansen Bahia
Xilogravura
Texto
Karl Heinz Hansen (Hamburgo, Alemanha, 1915 – São Paulo, São Paulo, 1978). Gravador, escultor, pintor, ilustrador, poeta, escritor, cineasta, professor. Destaca-se como ilustrador e impressiona o público pelas xilogravuras que tematizam a vida urbana no centro histórico de Salvador.
Entre 1936 e 1945, serve como soldado na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e atua como ilustrador de histórias infantis. Realiza suas primeiras xilogravuras entre 1946 e 1948. Emigra para o Brasil em 1950, instalando-se em São Paulo, e trabalha para a Companhia Melhoramentos até 1955, ano em que se muda para Salvador. Em 1957, ilustra a publicação Flor de São Miguel, com textos de Jorge Amado (1912-2001), de Vinicius de Moraes (1913-1980) e também de sua autoria. Nessas xilogravuras, o artista alemão, radicado na Bahia, explora o tema da prostituição, com base em observação no centro histórico de Salvador. Em várias dessas estampas, Hansen trabalha com mais uma cor além do preto e do branco (azul, marrom ou vermelho), ressaltando o aspecto dramático das cenas e figuras de um universo ao mesmo tempo lúdico e precário.
Essas cenas são ambientadas no interior dos prostíbulos ou próximas a suas fachadas, revelando o quarto azul da mãe-meretriz, a moça negra já nua esperando o cliente na janela, a calçada movimentada com o vaivém dos frequentadores. O talho tosco e o traço irregular, quando passados à estampa, conferem-lhe um aspecto desgastado, construindo um mundo de superfícies carcomidas habitado por criaturas cujos corpos arredondados exibem em sua pele as ranhuras da madeira. O talho, aliás, serve tanto para delinear o contorno dos corpos quanto para formar a superfície estriada de uma coxa ou uma face, amalgamando-os ao chão de velhas tábuas, às camas de cabeceiras arranhadas, às paredes sulcadas, dotando a imagem de um aspecto visualmente homogêneo, como se as pessoas e coisas ali vistas não fossem muito diferentes umas das outras, uma vez que partilham a mesma origem, a mesma lida e o mesmo destino.
Em 1958, o artista realiza ilustrações para Navio negreiro, de Castro Alves (1847-1871). Retorna à Alemanha em 1959, lá permanecendo até 1963, enquanto trabalha no ateliê de gravura fundado por ele no castelo Tittmoning. Vive na Etiópia entre 1963 e 1966, onde ajuda a estabelecer a Escola de Belas Artes da cidade de Addis Abeba. Retorna a Salvador e se naturaliza, adotando o nome artístico de Hansen Bahia. Torna-se professor de artes gráficas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1967. Muda-se para São Félix, Bahia, em 1970, e lá reside até seu falecimento, em 1978. Dois anos antes de sua morte, doa em testamento sua produção artística para a cidade de Cachoeira, Bahia, onde é criada a Fundação Hansen Bahia, que recebe seu acervo artístico de xilogravuras, matrizes, livros, pinturas, prensas e ferramentas de trabalho.
Hansen Bahia se consagra como um importante artista visual e deixa um legado singular, especialmente no campo da ilustração brasileira.
Obras 2
Tecendo a Rede
[Dor]
Exposições 59
-
-
20/10/1951 - 23/12/1951
-
-
-
13/12/1954 - 26/2/1953
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 16
- BAHIA, Hansen. A ópera dos três vinténs. Salvador: Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000. [28] p. , il. p&b.
- BAHIA, Hansen. Hansen Bahia. Salvador: Instituto Cultural Brasil-Alemanha, 1999. 1 folha dobrada, il. color.
- BAHIA, Hansen. Hansen viver Bahia. Texto Augusto Leciague Régis Neto, Maria Adriana Almeida Couto de Castro, Sônia Bastos; fotografia Elias Mascarenhas. Cachoeira: Fundação Hansen Bahia, 2000. folha dobrada.
- BAHIA, Hansen. Mulheres: catálogo. Apresentação Paulo Gaudenzi; texto Augusto Leciague Régis Neto, Maria Adriana Almeida Couto de Castro; comentário Jorge Amado et al.; projeto gráfico Heraldo Alvim, Carlos Casal; produção Augusto Leciague Régis Neto; fotografia Heraldo Alvim, Elias Mascarenhas; Cachoeira: Fundação Hansen Bahia, 1997. [60].
- GRAVURA paulista. Curadoria Evandro Carlos Jardim. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1995.
- GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000.
- HANSEN BAHIA: retrospectiva. São Paulo: Conjunto Cultural da Caixa, 2000.
- LEITE, José Roberto Teixeira. A gravura brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Rio, 1965.
- LUKIAN: o diálogo das héteras. Salvador: Fundação Hansen Bahia, 1999. 1 folha dobrada, il. color.
- MOSTRA DE GRAVURA CIDADE DE CURITIBA, 6., 1984. VI Mostra de Gravura Cidade de Curitiba: 1984 - Pan-Americana. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1984.
- PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA, 1969, São Paulo, SP. Panorama de Arte Atual Brasileira 1969. São Paulo: MAM, 1969.
- PFEIFFER, Wolfgang. Artistas alemães e o Brasil. São Paulo: Empresa das Artes, 1996.
- ROCHA, Carlos Eduardo da. Amador das artes: 50 anos de crítica das artes. Salvador: Prova do Artista, 1992.
- SALÃO PAULISTA DE ARTE MODERNA, 3., 1954, São Paulo. 3º Salão Paulista de Arte Moderna. São Paulo: Galeria Prestes Maia, 1954.
- SALÃO PAULISTA DE ARTE MODERNA, 4., 1955, São Paulo. 4º Salão Paulista de Arte Moderna. São Paulo: Galeria Prestes Maia, 1955.
- XILOGRAVURA: do cordel à galeria. São Paulo: Metrô, 1994.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
HANSEN Bahia.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa21312/hansen-bahia. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7