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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Hudinilson Jr.

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.08.2024
17.10.1957 Brasil / São Paulo / São Paulo
28.08.2013 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural

Dedo - Narciso, 1981
Hudinilson Jr.
Xerox
153,00 cm x 227,30 cm
Acervo Fundação Itaú

Hudinilson Urbano Júnior (São Paulo, São Paulo, 1957 – Idem, 2013). Artista multimídia. Precursor da arte xerográfica no Brasil, sua obra se destaca pelo uso do corpo como matriz para a reprodução e investigação de possibilidades visuais e performáticas.

Texto

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Hudinilson Urbano Júnior (São Paulo, São Paulo, 1957 – Idem, 2013). Artista multimídia. Precursor da arte xerográfica no Brasil, sua obra se destaca pelo uso do corpo como matriz para a reprodução e investigação de possibilidades visuais e performáticas.

Inicia seu aprendizado artístico nas sessões de filmes sobre arte, exibidos no Museu Lasar Segall, onde também frequenta o ateliê e laboratório de fotografia, no início dos anos 1970. A colagem, como sistema de construção, permeia toda sua obra, desde as primeiras xilogravuras, feitas ainda no período colegial, baseadas em decalques de imagens fotográficas. Já nas colagens de fins da década de 1970, em que usa fotografias de nus apropriadas de revistas americanas, os corpos aparecem usualmente sem identidade e em relação com objetos, folhas e raízes secas e texturas.

Ingressa no colégio técnico do Instituto de Arte e Decoração (Iadê), em São Paulo. Entre 1975 e 1977, cursa artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e trabalha como auxiliar de design gráfico na TV Cultura. 

Realiza suas primeiras experiências com grafite, nas quais a linearidade dos desenhos se integra à escrita. A partir do contato com a obra do artista gráfico Alex Vallauri (1949-1987), com quem integra um grupo de grafiteiros, passa a utilizar máscaras ou estêncis como instrumentos de produção de imagens. O encontro dessas experiências pode ser observado na obra Ah, beije-me! (1979).

De 1979 a 1982, inicia seus experimentos com fotocópia na produção de arte postal, explorando conjuntamente a repetição e a fragmentação do corpo. No grupo 3NÓS3, composto também pelos artistas Mario Ramiro (1957) e Rafael França (1957-1991), intervém no espaço urbano, como na ação Ensacamento (1979), onde monumentos do centro da cidade de São Paulo são encapuzados durante a ditadura militar1.

Realiza a exposição individual Do Detalhe ao Exercício (1981), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_), composta pela série Exercício de me ver (1981), que consiste na reprodução xerográfica de partes do corpo do artista, ao simular um ato sexual com a máquina. A máquina ocupa a posição de cocriadora da obra. O artista explora a característica da xerografia de omitir e ressaltar detalhes e a converte num instrumento de especulação.

É então convidado pela Pinacoteca a atuar como curador de exposições e a ministrar oficinas de xerografia, entre 1982 e 1984. Participa de cursos técnicos na fabricante de fotocopiadoras Xerox do Brasil e realiza a performance Exercício de me ver II (1981), com a máquina xerográfica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio), e a exposição Xerox Action (1983) no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Já em Narcisse/Exercício de me ver VII (1984), dialogando com o mito de Narciso, produz e investiga sua própria identidade visual. Em seus últimos cadernos de colagens, a figura de Narciso se desdobra com a exposição obsessiva e analítica do nu masculino.

Trabalha como designer gráfico na escola de fotografia Zoom School, do fotógrafo Afonso Roperto (1976-2008). Uma grande mostra de seus trabalhos ocorre na Glasgow International Festival of Contemporary Visual Art, na Escócia, em 2014.

Para o crítico Jean-Claude Bernardet (1936), a fragmentação do corpo pela fotocópia permite a Hudinilson Jr. convertê-lo em paisagens abstratas, nas quais os fragmentos se esvaem e transcendem ao referencial original, ampliando o potencial simbólico de sua obra.

Hudinilson Jr. deixa um legado de experimentação nas artes visuais brasileiras, utilizando as tecnologias de sua época em diálogo com a performance e com a análise crítica sobre a relação das pessoas com seus corpos.

Nota

1. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.

Obras 2

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Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural

Exposições 287

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Fontes de pesquisa 20

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  • 100 anos de Paulista: projeto. São Paulo: Casa das Rosas, 1992.
  • AMARANTE, Leonor. Hudinilson Jr.: o banquete do eu. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 15 abr. 1987.
  • AREAS & comentários. São Paulo: Paço das Artes, 1982.
  • ARTE Xerox Brasil. Curadoria de Hudinilson Jr. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1984.
  • ARTE Xerox Brasil. Curadoria de Hudinilson Jr. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1984.
  • ARTE conceitual e conceitualismos: anos 70 no acervo do MAC USP. Curadoria Cristina Freire; versão em inglês Elizabeth Bjorkstrom Moraes, Thomas Karsten. São Paulo: MAC/USP, 2000.
  • FOTO/IDÉIA. Organização Harumi Yamagishi. São Paulo: MAC, 1987.
  • GRUPO de Estudos Arte & Fotografia. O Fotográfico em minha produção. IV Seminário Arte, Cultura e Fotografia: Hudinilson Jr. Vídeo (130 min). São Paulo: ECA/USP, 10 nov. 2009. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qwUnopailGE. Acesso em: 10 ago. 2015.
  • HUDINILSON JR. Hudinilson Jr: xerox action. Texto Jean-Claude Bernardet. Sao Paulo: MAC, 1983.
  • HUDINILSON JR. Hudinilson Jr: xerox action. Texto Jean-Claude Bernardet. Sao Paulo: MAC, 1983.
  • ITAÚ Cultural. Hudinilson Jr. (2015) Rumos Itaú Cultural 2013-2014. Vídeo (14min6s). São Paulo: Itaú Cutltural, 24 jul. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=plebQlIoWiQ. Acesso em: 28 ago. 2015.
  • LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1985: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984. v. 1.
  • LOUZADA, Júlio. Artes plásticas Brasil 1990: seu mercado, seus leilões. Texto Luis Henrique Bressane. São Paulo: Inter / Arte / Brasil, 1990.
  • MARTÍ, Silas. Morre em São Paulo aos 56 o artista plástico Hudinilson Jr., pioneiro das artes do corpo. Folha de S. Paulo. Acesso em: 29 ago. 2013.
  • NOGUEIRA, Fernanda. Grafias de um corpo dissidente: um tratado homoerótico suave na obra de Hudinilson Jr. São Paulo: Centro Cultural de São Paulo, 9 ago. 2016. Disponível em: https://www.academia.edu/29251349/Grafias_de_um_corpo_dissidente_Um_tratado_homoer%C3%B3tico_suave_na_obra_de_Hudinilson_Jr. Acesso em: 11 set. 2023.
  • PANORAMA DE ARTE ATUAL BRASILEIRA, 1984, SÃO PAULO, SP. Panorama de Arte Atual Brasileira 1984: arte sobre papel. São Paulo: MAM, 1984.
  • PROJETO releitura. Textos de Ciça França Lourenço e Ana Maria M. Belluzzo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1983. , il. p&b.
  • RAMIRO, Mario. Ecco Narcisus. In: HUDINILSON JR. Ecco Narcisus. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, Capela do Morumbi. Folder da exposição realizada no período de 15 ago. a 17 out. de 2010.
  • SALÃO de Arte Contemporânea de Campinas, 13., 1988, São Paulo. 13º Salão de Arte Contemporânea de Campinas: simbologias e alternâncias -– momentos ocupacionais da expressão plásticas. Curadoria de Alberto Beuttenmüller et al.; fotografia de Renato L. Testa. Campinas: MAC – José Pancetti 1988.
  • “INTERVENÇÃO” na Rebouças. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 14 maio 1981.

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