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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Mario Ramiro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 28.11.2022
1957 Brasil / São Paulo / Taubaté
Foto: Sérgio Guerini/Itaú Cultural

Pescaria II, 2005
Mario Ramiro

Mario Celso Ramiro de Andrade (Taubaté, São Paulo, 1957). Artista multimídia, professor. Distingue-se por produzir uma obra que procura estreitar as relações entre a arte e a tecnologia. 

Texto

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Mario Celso Ramiro de Andrade (Taubaté, São Paulo, 1957). Artista multimídia, professor. Distingue-se por produzir uma obra que procura estreitar as relações entre a arte e a tecnologia. 

Interessa-se por artes plásticas aos 17 anos e é premiado com bolsa de estudos em um salão de arte de Taubaté. No ano seguinte, recebe a medalha de bronze do mesmo salão e, incentivado por professores, muda-se para São Paulo. Na capital, cursa Artes Plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), entre 1978 e 1982. Aluno de Julio Plaza (1938-2003), Regina Silveira (1939) e Walter Zanini (1925-2013), integra o grupo 3NÓS3, com atividades de intervenção urbana ao lado de Hudinilson Jr. (1957-2013) e Rafael França (1957-1991). Com a dissolução do grupo em 1982, dedica-se a experiências com meios eletrônicos de reprodução e transmissão de imagem e texto. 

Em 1983, funda em São Paulo o Núcleo de Arte e Tecnologia (NAT), ativo até 1985, do qual participam o professor Fredric Michael Litto (1939) e o arquiteto José Wagner Garcia (1956). Ainda em 1983, realiza uma das primeiras experiências com novas tecnologias de telecomunicação: Clones – Uma Rede Simultânea de Rádio, Televisão e Videotexto, um projeto realizado em parceria com José Wagner Garcia e exibido no Museu da Imagem e do Som (MIS), na capital paulista em 1983. Nele, a representação de um mesmo objeto (uma barra horizontal vermelha) trafega pelos três sistemas envolvidos, configurando uma rede intermídia. 

Ao longo da década de 1980, participa de exposições sobre arte e tecnologia, como Arte Xerox Brasil (1984), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e Arte Novos Meios/Multimeios: Brasil 70/80 (1985), no Museu de Arte Brasileira. Está presente também nas edições de 1981, 1983, 1985 e 1989 da Bienal Internacional de São Paulo. 

O potencial criativo dos meios eletrônicos de reprodução e difusão de imagens orienta grande parte da produção artística de Ramiro entre as décadas de 1980 e 1990. Nesse período, o país assiste ao lançamento do satélite doméstico brasileiro, BrasilSat (1985) e implementa novas tecnologias de telecomunicação, como os sistemas de videotexto em São Paulo e Rio de Janeiro. A geração de jovens artistas dessa época busca integrar essas novas tecnologias à criação artística. 

O interesse pelas relações entre arte e tecnologia se expande para trabalhos escultóricos de formas e forças inacessíveis à visão, como Campo de Força (1986). Nessa obra, uma fonte irradiadora de calor cria variações térmicas no ar ao redor do objeto contemplado. Tais variações não são visíveis a olho nu, mas perceptíveis pelo tato. Por meio das sensações produzidas na pele, o observador sente as variações na massa de ar e “modela” a escultura, composta pelo objeto e pelas ondas de calor ao redor dele.

Em 1987, ministra o curso “O Uso dos Sistemas de Telecomunicação na Arte”, nas Oficinas Culturais Oswald de Andrade, em São Paulo.  Em 1988, ao lado do artista Eduardo Kac (1962), participa de Retrato Suposto-Rosto Roto. Nessa obra, nos estúdios da TV Cultura, em São Paulo, Ramiro transmite por fax um conjunto de informações para o ateliê de Kac, no Rio de Janeiro. Com base nelas, Kac realiza uma espécie de retrato falado e envia também por fax o desenho de volta para Ramiro. O processo todo é transmitido ao vivo pela televisão.

Nos anos 1990, o artista se dedica a pesquisas de técnicas fotográficas, incentivado pelo filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser (1920-1991), que o indica para um programa de intercâmbio na Kunstakademie Düsseldorf, na Alemanha, entre 1992 e 1993. Na série Light Turbulence (1995), realizada durante o estágio na academia de artes alemã, as imagens registram, pela técnica fotográfica Schlieren, as turbulências ou os deslocamentos de ar promovidos por corpos no espaço, questionando assim as fronteiras e as coexistências entre matéria e energia, entre visível e invisível. 

Em 1997, Ramiro se torna mestre em Arte e Mídia pela Kunsthochschule für Medien Köln, em Colônia, Alemanha. Desde 2002, é professor do Departamento de Artes Visuais da ECA/USP. Em 2007, atua como diretor da Divisão de Ação Cultural e Educativa do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e, no ano seguinte, obtém o título de doutor em Artes Visuais pela ECA/USP. 

Desde as intervenções urbanas realizadas com o grupo 3NÓS3, o cerne das pesquisas de Mario Ramiro é o questionamento dos limites do conceito de escultura. Sua contribuição para o campo da produção artística e para o ensino é essencial no desenvolvimento e na produção brasileira de arte permeada pela tecnologia.

Obras 1

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Exposições 78

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Fontes de pesquisa 6

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  • ANDRADE, Mario Celso Ramiro. Matéria e/a energia irradiante. São Paulo, 2009-2010. Memorial Circunstanciado apresentado para o concurso público para o provimento de cargo de Professor Doutor na área de Escultura junto ao Departamento de Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
  • APROPRIAÇÕES 91. Curadoria Tadeu Chiarelli. São Paulo: Paço das Artes, 1991. Catálogo de exposição.
  • KAC, Eduardo. “Arte e satélite”; “Novos meios / Multimeios”; “Ramiro: arte pelo telefone”. In: KAC, Eduardo. Luz & Letra: ensaios de arte, literatura e comunicação. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2004.
  • PANORAMA da Arte Brasileira, 1995. Curadoria Ivo Mesquita. São Paulo: MAM, 1995. Catálogo de exposição.
  • RAMIRO, Mario. Between form and force: connecting architectonic, telematic and thermal spaces. Trad. Stephen Sinsley e Simone Osthoff. Leonardo/ ISAST, San Francisco, v. 31, n. 4, p. 263-282. Versão on-line. Disponível em: http://leonardo.info/isast/spec.projects/ramiro/ramiro.html. Acesso em: 19 set. 2019.
  • RAMIRO, Mario. Currículo do artista. Plataforma Lattes, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4796109Z4. Acesso em: 19 set. 2019.

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