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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Fernando Faro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.04.2016
21.06.1927 Brasil / Sergipe / Aracaju
25.04.2016 Brasil / São Paulo / São Paulo
Fernando Abílio de Faro Santos (Aracajú, Sergipe, 1927 - São Paulo, São Paulo, 2016). Jornalista, diretor e produtor. Nasce no bairro de Laranjeiras, Aracajú, e, depois da morte do pai, muda-se para Salvador. Em 1948, vive em São Paulo e estuda na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Abandona o curso no 3º ano para se dedicar...

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Biografia
Fernando Abílio de Faro Santos (Aracajú, Sergipe, 1927 - São Paulo, São Paulo, 2016). Jornalista, diretor e produtor. Nasce no bairro de Laranjeiras, Aracajú, e, depois da morte do pai, muda-se para Salvador. Em 1948, vive em São Paulo e estuda na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Abandona o curso no 3º ano para se dedicar ao jornalismo. Inicia sua carreira profissional como repórter do jornal A Noite e crítico de cinema e teatro no Jornal São Paulo. Em 1950, trabalha na Rádio Cultura produzindo e apresentando o programa Ribalta que transmite peças de teatro no rádio. Pouco depois, é convidado por Cassiano Gabus Mendes (1927-1993) para trabalhar na TV Tupi, onde produz o programa TV Vanguarda. Em 1958, assume o cargo de editor-chefe da TV Paulista, e escreve o teleteatro Inácio Bandoleiro, baseado em histórias verídicas de seus antepassados. Nos anos 1960, adapta para a televisão os livros da obra O Tempo e o Vento, de Érico Verissimo (1905-1975), e dedica-se à produção de programas musicais na TV. Cria e dirige os programas Móbile e Divino e Maravilhoso, ambos na TV Tupi, e MPB Especial, na TV Cultura, dedicados à música popular brasileira.

No ano de 1977, substitui Augusto César Vanucci (1934-1992), na direção do programa “Caso Especial” na faixa da Sexta-Super da TV Globo. Neste mesmo ano, dirige o espetáculo Rodas, com os sambistas Elton Medeiros (1930), Candeia (1935-1978), Nelson Cavaquinho (1911-1986), Guilherme de Brito (1922- 2006) e um grupo de jongo da escola de samba Quilombo, no Teatro Clara Nunes, Rio de Janeiro. Em 1980, dirige o Projeto Kalunga: série de shows de um grupo de 65 músicos brasileiros, liderados por Chico Buarque (1944), em uma série de shows em Angola. Em 1981, na campanha pela abertura política do Brasil, participa como produtor do show Primeiro de Maio do Riocentro. No mesmo ano, dirige o espetáculo Trem Azul, de Elis Regina (1945-1982). Em 1983, dirige o show Aquarela do Brasil, no Ginásio de Esportes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Também dirige o show pelas Diretas Já no aniversário da cidade de São Paulo em 1984. Nos dois anos seguintes, dedica-se à direção do programa político Jogo de Cartas, apresentado por Mino Carta (1933) na TV Record. Em 1990, passa a dirigir o programa musical Ensaio, pela TV Cultura, com depoimentos dos principais artistas da MPB, cujo acervo contém mais de 800 gravações, reunidas durante os 22 anos de programa. Em 1995, Faro assume a direção do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS/SP), mas renuncia pouco tempo depois para continuar em próprios seus projetos. Nas décadas de 1980 e 1990 torna-se professor da Faculdade São Marcos e do departamento de música da Unicamp, pelo qual se aposenta como professor de história da música popular. Em 2007 assume a direção musical da TV Cultura.

Análise de trajetória
Fernando Faro, como documentarista da música popular brasileira, é o responsável pelo registro audiovisual de diversas gerações de artistas que se apresentam em seus programas. É um profissional que se dedica ao mapeamento da música popular brasileira desde a década de 1950. Começa a se destacar com a criação do programa Móbile, nome inspirado na obra do artista plástico norte-americano Alexander Calder (1898-1976). Como nos objetos de Calder, o programa possui uma linguagem experimental que reúne experiências vanguardistas na música, literatura, poesia, teatro, cinema e arquitetura. Não tem estrutura definida, mudando de formato a cada edição. Apresenta montagens de textos de Franz Kafka (1883-1924), James Joyce (1882-1941), e tem a presença constante dos poetas concretistas Décio Pignatari (1927-2012) e os irmãos Haroldo (1929-2003) e Augusto de Campos (1931).

Na área musical, cria uma nova estética de programas televisivos. Até a década de 1960, os programas musicais da TV eram gravados em estúdios ou em teatro, com a presença de plateia, criando uma atmosfera de apresentação ao vivo.  Em seu programa MPB Especial, Faro inicia um documentário musical sobre o artista escolhido. O programa documenta a vida e obra do participante de modo intimista. Não possui plateia, apenas o diretor, os músicos e o entrevistado. Caracterizado pela invisibilidade do entrevistador. As perguntas não são captadas pelo áudio e o espectador apenas as deduz pelas respostas do artista, única voz ouvida durante a apresentação, contando sua vida, interpretando e narrando episódios de suas obras. Como é em formato de entrevista, as interpretações das canções são espontaneas ou até improvisadas. Outras características dos programas musicais de Faro são: a iluminação, focada nos entrevistados e nos músicos, deixando o cenário na penumbra, e o enquadramento, gerando closes intimistas da expressão dos rostos, detalhes da face, da boca, da orelha, dos pés e mãos do artista. Tais programas são os únicos documentos em vídeo disponíveis de grandes artistas da música popular brasileira, como Ataulfo Alves (1909-1969), Ismael Silva (1905-1978), Dick Farney (1921-1987) e Lúcio Cardim (1932-1982). Outra marca ainda é assumir o erro de gravação como característica estética, nas palavras do próprio Faro: “De repente, comecei a achar o erro bom e bonito. ‘Eu desafinei, dá pra voltar? Dá’. Aí voltávamos, mas eu deixava o erro”.

Fernando Faro também é o idealizador de protestos políticos musicais, como os shows pela abertura política no Brasil e contra a Ditadura Militar (1964-1985), organizados por ele durante o início dos anos 1980, como o Primeiro de Maio do Riocentro, e o comício das Diretas Já em São Paulo, que reuniam de 60 a 70 artistas da MPB, entre eles: Ney Matogrosso (1941), Caetano Veloso (1942), Dorival Caymmi (1914-2008), Gal Costa (1945), Chico Buarque, Marcos Valle (1943). Sua atuação política abrange a solidariedade internacional, ao idealizar e dirigir o Projeto Kalunga, levando 65 artistas brasileiros a realizar shows em Angola – em guerra civil – a convite do então presidente angolano, o poeta comunista Agostinho Neto (1922-1979). A partir daí existe um intercâmbio permanente entre a musicalidade brasileira e a africana.

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