Charles Möeller
Texto
Biografia
Charles Möeller (Santos, São Paulo, 1967). Diretor, cenógrafo e figurinista. Dirige shows musicais cuja opção temática norteia a seleção de canções e confere ao espetáculo um leve toque narrativo.
Inicia-se no teatro como ator, no grupo de Antunes Filho, em São Paulo. Em 1989, inicia a carreira de cenógrafo e figurinista, recebendo os prêmios Mambembe, Shell, Apetesp e Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA pelo trabalho em O Concílio do Amor, de Oscar Paniza, na montagem do grupo Boi Voador, dirigido por Gabriel Villela, em que também é ator. Muda-se, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde assina Hello Gershwin, musical de George Gershwin com direção de Marco Nanini, O Alienista, de Machado de Assis (1839 - 1908), e Dorotéia, de Nelson Rodrigues, em 1991. Em De Rosto Colado, musical de Irvin Berlin, 1993, também sob a direção de Marco Nanini, idealiza um cenário simples em que mistura a proposta caricatural dos figurinos ao cenário que faz referência ao desenho animado. Para o grupo Os Fodidos Privilegiados, liderado por Antônio Abujamra, faz Exorbitâncias, uma Farândula Teatral, coletânea, 1995, O Casamento, de Nelson Rodrigues, 1997, pelo qual recebe o Prêmio Shell pelo figurino, Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, 1998, e Os Libertinos, junção de duas peças de William Shakespeare, 2000. Sob a direção de Ana Kfouri, faz Volúpia, 1997, e Gula, 1999, ambos com roteiro da diretora. Assina também os cenários e figurinos de O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson, 1994; O Jovem Torless, de Robert Musil, 1995; Os Fantástikos, musical de Schmidt & Jones, e Futuro do Pretérito, de Regiana Antonini, 1996; Na Bagunça do Teu Coração, de João Máximo e Luiz Fernando Vianna, com direção de Bibi Ferreira, 1997; Amor de Poeta, de Tiago Santiago, direção de André Mauro, 1998. Faz diversos espetáculos sob a direção de Jorge Takla, entre eles Candide, opereta de Leonard Bernstein, 2000.
Paralelamente à carreira de cenógrafo, Charles Möeller lança-se como diretor de musicais, muitos deles em parceria com Cláudio Botelho, que trabalha como tradutor, ator, roteirista ou diretor musical, conforme o espetáculo. Em 1997, As Malvadas, um tributo ao repertório das comédias musicais no espírito do show business, com roteiro de Charles Möeller e tradução, seleção e roteiro musical de Claudio Botelho, que vai de George Gershwin a Roberto Carlos, recebe o Prêmio Sharp de melhor espetáculo. O crítico Macksen Luiz, considerando que "o interesse pela comédia musical sobrepõe-se a qualquer outra invenção teatral", escreve: "O diretor Charles Möeller fez desse roteiro musical levemente dramatizado uma demonstração de eficiência musical. A concepção cenográfica e os figurinos, em tonalidade preta, imprimem um ar de cabaré que serve a esse musical de câmera como ambientação de neutralidade sombria. O elenco mostra ênfase interpretativa, arranhando, algumas vezes, a super-representação".1
Em seguida vem O Abre Alas, de Maria Adelaide Amaral, 1998, em que Rosamaria Murtinho vive Chiquinha Gonzaga. O diretor é criticado por reproduzir uma fórmula de mercado baseada na grandiosidade da produção e na linguagem de efeito. Em Cole Porter - Ele Nunca Disse que Me Amava, 2000, Charles Möeller assina também o roteiro, os cenários e figurinos, em um show musical com alguns elementos da biografia do compositor americano. O crítico Macksen Luiz escreve: "A concepção do espetáculo, a partir do texto de Charles Möeller, focaliza as letras sutis e de humor refinado, quase cínico, através de seis mulheres (uma delas, a morte) com as quais conviveu. (...) Charles Möeller faz dessas mulheres as vozes das suas músicas, ligando-as à sensibilidade de Cole Porter. No roteiro musical, além dos standards, se incluem canções menos conhecidas, e o artifício narrativo de usar vozes femininas tem um sabor irônico, bem na sintonia de Cole Porter. Nesta bem urdida técnica de contrabalançar canções com informações pessoais, Charles Möeller escreve show que mostra, não só a extensão e o melhor da música, como também toca nas firulas de um modo de vida".2
Em seguida, monta Company, de George Furth, e Um Dia de Sol em Shangrilá, de Charles Möeller, ambos em 2001, e A Diabólica Moll Flanders, adaptação do romance de Daniel Defoe, O Fantasma do Teatro, adaptação da obra de Justin Locke, e Suburbano Coração, de Naum Alves de Souza, 2002.
A partir de meados da década de 1990, Charles Möeller, com seu constante parceiro de trabalho Claudio Botelho, é um dos principais responsáveis pelo ressurgimento e solidificação do espetáculo musical junto ao público carioca.
Notas
1. LUIZ, Macksen. Pretexto para algumas canções da Broadway. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 dez. 1997.
2. LUIZ, Macksen. Musical de verdade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 jun. 2000.
Espetáculos 106
Fontes de pesquisa 8
- ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
- Company, o Musical. [Rio de Janeiro]: [2001]. Programa do Espetáculo. Não catalogado
- EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
- LUIZ, Macksen. Desabafo de três atrizes-cantoras. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 out. 2001.
- LUIZ, Macksen. Painel biográfico de Chiquinha Gonzaga. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 ago. 1998.
- MÖELLER, Charles. Currículo enviado pelo diretor. Rio de Janeiro, 2002.
- Programa do Espetáculo - Cole Porter - Ele Nunca Disse que Me Amava - 2000. Não catalogado
- Programa do Espetáculo - Ópera do Malandro - 2003. Não catalogado
Como citar
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CHARLES Möeller.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa18645/charles-moeller. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7