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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Edelton Gloeden

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.11.2021
19.06.1955 Brasil / São Paulo / São Paulo
Edelton Gloeden (São Paulo, São Paulo, 1955). Violonista e professor. Inicia o estudo de violão clássico, aos 11 anos, na Escola Livre de Música, com Roberto Dalla Vecchia. Entre 1969 e 1974, torna-se aluno de Henrique Pinto, seguindo durante as férias os Seminários Internacionais de Violão Palestrina (1972, 1974 e 1975), e entra em contato com ...

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Biografia

Edelton Gloeden (São Paulo, São Paulo, 1955). Violonista e professor. Inicia o estudo de violão clássico, aos 11 anos, na Escola Livre de Música, com Roberto Dalla Vecchia. Entre 1969 e 1974, torna-se aluno de Henrique Pinto, seguindo durante as férias os Seminários Internacionais de Violão Palestrina (1972, 1974 e 1975), e entra em contato com professores como Jorge M. Zarate e Abel Carlevaro (violão), Guido Santórsola (harmonia e interpretação) e Marlos Nobre [(1939) composição]. Participa igualmente de seminários em São Paulo, orientado por professores como Eduardo Fernández. Em 1971, recebe o primeiro prêmio no 1º Concurso Jovens Instrumentistas do Estado de São Paulo, e, em 1972 e 1975, o segundo prêmio no 4º Seminário Internacional de Violão e o terceiro, no Concurso Internacional de Violão de Porto Alegre, respectivamente.

Sua carreira profissional começa em 1974, como intérprete em recital no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Nessa época, inicia a atividade como professor no Instituto Musical de São Paulo. Leciona desde então em diversos conservatórios (Ernesto Nazareth, Brooklin Paulista, Escola Municipal de Música), e torna‑se docente no Departamento de Música da Escola de comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CMU/ECA/USP) em 1986, instituição na qual obtém posteriormente o título de mestre, em 1996, e de doutor, em 2002. Dá aulas em vários festivais de música brasileiros (Campos do Jordão, Brasília, Porto Alegre etc.) e internacionais (1º Simpósio de Música Contemporânea Colômbia‑Brasil e Waterfront International Arts Festival).

Desde 2001, ano em que recebe o Prêmio Carlos Gomes na categoria solista instrumental, atua como intérprete internacional em recitais solo (Academia de Amadores de Música de Lisboa, 2005; Antuérpia, 2006; Festival Internacional de Guitarra de Albacete, 2009), e como solista frente a orquestras (Orchestra della Toscana, 2008). A música de câmara é também um campo ao qual o intérprete se dedica intensamente, atuando em duos [Adélia Issa, José Ananias, Paulo Porto Alegre (1953)], com o Trio Opus 12, o Quarteto Brasileiro de Violões e o Núcleo Hespérides. Ao lado desses músicos, realiza turnês nacionais e internacionais, divide parte significativa de sua discografia e encontra espaço para desenvolver a arte da transcrição musical. Entre suas gravações, destacam-se os CDs Essência do Brasil e Bach: Four Suites for Orchestra (com o Quarteto Brasileiro de Violões) e Retratos de Radamés (Núcleo Hespérides e Trio Opus 12). É produtor e apresentador do programa Violão em Tempo de Concerto, na Rádio USP, entre 1994 e 2008, e, desde 2008, é diretor artístico do Festival Leo Brouwer.

Análise

A carreira de Edelton Gloeden pode ser compreendida em três fases principais: a primeira, a partir de 1974, quando se apresenta como intérprete profissional; a segunda, em 1986, ao iniciar suas atividades como professor universitário (momento no qual a consolida através da participação em importantes festivais tanto como intérprete quanto como conferencista); a terceira, após 2001, que conta com as gravações e turnês internacionais. Atua como intérprete e professor, duas atividades que não se consegue distinguir tão claramente. Isso porque, para o instrumentista, os processos de aprendizado e de ensino são, ao mesmo tempo, o modo pelo qual pode "dominar o instrumento e entender a linguagem da música"1 de forma indissociável. Para Gloeden, ser um bom instrumentista requer a compreensão de conceitos musicais adquiridos durante toda a vida e de modo complementar à aquisição acadêmica da técnica do instrumento. Segundo ele: "Há uma outra parte da formação que cabe exclusivamente ao próprio músico desenvolver. Para mim, essa parte foi o convívio com músicos fora do âmbito do violão, uma boa parte da vida assistindo a concertos, ouvindo rádio, fazendo audições as mais variadas com partituras, e o processo sem data marcada para terminar de aprender e ensinar".2

Essa atitude revela a tentativa do instrumentista de "superar o antagonismo entre prática e teoria",3 reunindo à reflexão musical a filosófica. A compreensão da performance é então encarada não apenas como "uma reunião de habilidades no campo da técnica, do controle da dinâmica, do planejamento do fraseado e do conhecimento do estilo, mas, sim [como] uma investigação, através da abordagem das obras, de como esses diferentes domínios configuram diferentes poéticas e de como essas poéticas dialogam com a herança histórica, redefinindo-a".4 Considera, de forma simultânea, as ideias abstratas advindas da partitura e a concepção particular da execução aliada às questões históricas e sociais que circundam a obra, desvelando um comprometimento musical que "entende a diferença na igualdade, percebe a antiga oposição entre o uno e o múltiplo, o geral e o particular, o eterno e o finito",5 num efeito de catarse criado pelo intérprete. É com essa perspectiva que desenvolve, na universidade, tanto na graduação como na pós-graduação, uma pesquisa ligada a ensino, história, repertório, transcrição e luteria do violão no século XX.

Igualmente, uma parte importante da formação como intérprete se consolida com a troca de experiências através da música de câmara, que engendra reflexos em sua discografia. O trabalho abrange um amplo leque de instrumentos, épocas e estilos: "Trabalhei em duos com violonistas, cantores, flautistas, violinistas, violoncelistas, cravistas e pianistas; em trios e quartetos de violões; em conjuntos instrumentais diversos, nos mais variados estilos e formações, da música antiga à música de vanguarda".6

A fim de adequar o repertório existente às formações instrumentais em que toma parte, realiza inúmeras transcrições musicais que se tornam objeto de gravações e publicações (como, por exemplo, a transcrição de Il Neige...! de Henrique Oswald, gravada pelo Quarteto Brasileiro de Violões no CD Encantamento). Nesse sentido, é interessante notar que mesmo participando de grupos cuja ideia de formação de repertório seria natural (como o quarteto acima citado), e mesmo nutrindo um vivo interesse pelo repertório original e pela estreia de obras, que realiza em grande número: Francisco Mignone (1897-1986), Camargo Guarnieri (1907-1993), Cláudio Santoro (1919-1989), Mário Ficarelli (1935-2014), em festivais como o Música Nova de São Paulo, no qual trabalha em várias edições, inclusive em sua produção, a transcrição de repertório já existente concentra a maior parte das obras por ele gravadas até o momento atual.

Notas

1 EDELTON Gloeden. In: Músicos do Brasil: uma enciclopédia instrumental. Disponível em: http://musicosdobrasil.com.br/edelton-gloeden. Acesso em: 20/05/2012.

2 GLOEDEN, Edelton e MORAIS, Luciano Cesar. A Poética de Sérgio Abreu: uma tentativa de entendimento de sua contribuição musical 2011. In: Blog Festival Leo Brouwer. Disponível em: http://blogfestivalleobrouwer.blogspot.fr/2011/11/poetica-de-sergio-abreu-uma-tentativa.html. Acesso em: 20/05/2012

3 Ibidem, loc. cit.

4 Ibidem, loc. cit.

5 Ibidem, loc. cit.

Obras 8

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Fontes de pesquisa 10

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  • GLOEDEN, Edelton. Currículo do sistema currículo Lattes. [Brasília], 20 maio 2012. Disponível em: < http://lattes.cnpq.br/2801748473197999 >. Acesso em: 20 maio 2012.
  • Gloeden, Edelton ; Morais, Luciano Cesar. "A Poética de Sérgio Abreu: uma tentativa de entendimento de sua contribuição musical 2011". Blog Festival Leo Brouwer. Disponível em: <<http://blogfestivalleobrouwer.blogspot.fr/2011/11/poetica-de-sergio-abreu-uma-tentativa.html>>. Consulta em: 20/05/2012.
  • Gloeden, Edelton. "Encantamento". Texto do encarte do CD homônimo. Estados Unidos: Delos, 2001.
  • Gloeden, Edelton. "Essência do Brasil". Texto do encarte do CD homônimo. Estados Unidos: Delos, 1999.
  • Gloeden, Edelton. ; Escande, A. ; Carlevaro, A. "Abel Carlevaro: A entrevista de São Paulo". Revista Música. São Paulo: ECA-USP, 2007, pp. 13‑52.
  • Gloeden, Edelton. As 12 valsas brasileiras em forma de estudos para violão de Francisco Mignone: um ciclo revisitado. Tese (Doutorado). São Paulo: USP, 2002.
  • Gloeden, Edelton. Cinco Pequenos Estudos Para Violão. Partitura. São Paulo: Novas Metas, 1979.
  • Gloeden, Edelton. O ressurgimento do violão no século XX: Miguel Llobet, Emilio Pujol e Andrés Segóvia. Dissertação (Mestrado). São Paulo: USP, 1996.
  • Músicos do Brasil: Uma enciclopédia instrumental. "Verbete sobre Edelton Gloeden". Sítio desenvolvido com o apoio do Ministério da Cultura e da Petrobras. Disponível em <<:http://musicosdobrasil.com.br/edelton-gloeden>>. Consulta em: 20/05/2012.
  • Zanon, Fabio. "Entrevista com Edelton e Everton Gloeden". Violão com Fabio Zanon. Arquivo dos programas de violão clássico apresentados por Fábio Zanon e transmitidos originalmente pela Rádio Cultura FM de São Paulo. São Paulo: Rádio Cultura FM, janeiro de 2007. Disponível em: < http://vcfz.blogspot.fr/2007/01/54-edelton-e-everton-gloeden.html >.

Como citar

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