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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Nelson Sargento

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.05.2022
25.07.1924 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
27.05.2021 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Nelson Mattos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1924 - Idem, 2021). Compositor, cantor, artista plástico, escritor e ator. Seu envolvimento com o samba desde os anos 1940, especialmente na escola de samba Estação Primeira de Mangueira, fazem dele uma figura importante para as transformações do gênero, para a evolução do Carnaval carioca e para a ...

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Nelson Mattos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1924 - Idem, 2021). Compositor, cantor, artista plástico, escritor e ator. Seu envolvimento com o samba desde os anos 1940, especialmente na escola de samba Estação Primeira de Mangueira, fazem dele uma figura importante para as transformações do gênero, para a evolução do Carnaval carioca e para a história da música brasileira. Apelidado de “filósofo do samba”, grava composições incompletas do compositor Cartola (1908-1980). O vozeirão grave do cantor é uma marca do samba: a elegância de sua interpretação torna-se uma assinatura inconfundível para os amantes do ritmo. A rouquidão que caracteriza sua voz compensa a extensão limitada e evoca a tradição boêmia de mestres como o cantor e compositor Nelson Cavaquinho (1911-1986)

O contato com o samba começa cedo. Nelson desfila desde os 9 anos pela Escola Azul e Branco, do Morro do Salgueiro, onde vive com a mãe e os 17 irmãos. Quando completa 12 anos, a família se muda para o Morro da Mangueira. A mãe se envolve com o compositor de fado e pintor de parede português Alfredo Lourenço (1885-1957), conhecido como Alfredo Português. Nelson o acompanha nos ensaios da extinta Escola Unidos da Mangueira. Aprende a tocar violão com mestres do samba como Cartola, Nelson Cavaquinho e o compositor Geraldo Pereira (1918-1955). Por influência do padrasto e do compositor Carlos Cachaça (1902-1999), integra a ala de compositores da Mangueira em 1942.

Em parceria com Lourenço, compõe dois sambas-enredos para a Mangueira, que vencem o Carnaval: “Apologia ao Mestre” (1949) e “Plano Salte – Saúde, Lavoura, Transporte e Educação” (1950). O samba “Cântico à Natureza” ou “As Quatro Estações do Ano” (1955), composto por Nelson, Lourenço e o sambista Jamelão (1913-2008), é considerado um dos mais bonitos da história da escola verde e rosa, por causa da poesia que relaciona os movimentos da natureza às estações do ano e ao próprio desfile das escolas de samba na avenida. Diz a letra: “Brilha no céu o astro-rei / com fulguração / abrasando a terra / anunciando o verão / outono / estação singela e pura / é a pujança da natura / dando frutos em profusão / inverno / chuva, geada e garoa / molhando a terra / preciosa e tão boa / desponta / a primavera triunfal / são as estações do ano / num desfile magistral”.

Aos poucos, Nelson ascende na Mangueira. Em 1958, torna-se presidente da ala dos compositores. Em 2013, é homenageado com o cargo de presidente de honra da escola. Nos desfiles de 2019 e 2020, ganha papel de destaque, desfilando como personagens protagonistas do enredo: Zumbi dos Palmares e o carpinteiro José (pai de Jesus Cristo), respectivamente.

Nos anos 1960, frequenta as rodas de samba do bar Zicartola, de Cartola e sua companheira, a sambista Dona Zica (1913-2003). Em 1965, ganha visibilidade ao participar do show Rosa de Ouro, produzido por Hermínio Bello de Carvalho (1935), com participação de artistas como os cantores Paulinho da Viola (1942), Elton Medeiros (1930-2019) e Jair do Cavaquinho (1922-2006). As apresentações resultam no lançamento de dois LPs. Com esses três artistas e também com os cantores Anescarzinho do Salgueiro (1929-2000), Zé Keti (1921-1999) e José da Cruz (1927?), integra o grupo Voz do Morro, que lança três álbuns entre 1965 e 1966. Com o grupo Os Cinco Crioulos, com formação que mistura integrantes do Rosas de Ouro e do Voz do Morro, grava três álbuns entre 1967 e 1969.

Em 1979, lança o seu primeiro LP solo, Sonho de um Sambista, que traz sua composição mais notória, “Agoniza mas Não Morre”, um clássico do samba, inspirado na resistência que o ritmo impõe aos preconceitos. Na letra, Nelson diz que o samba sofre repressão nos botequins, nas esquinas e terreiros: “Agoniza, mas não morre / Alguém sempre te socorre / Antes do suspiro derradeiro”. A cantora Beth Carvalho (1946-2019) trata a composição como o hino nacional dos sambistas. Ela é a primeira a gravar a canção, em 1978, no álbum De Pé no Chão.

Outro clássico de seu repertório é “Falso Amor Sincero” (1979). O cantor Martinho da Vila (1938) diz que seu verso preferido na obra de Nelson Sargento está na letra desse samba: “O nosso amor é tão bonito / Ela finge que me ama / E eu finjo que acredito”.

Paralelamente à carreira de músico, desenvolve aptidão para artes plásticas e literatura. A convivência com Lourenço o estimula a pintar quadros. Pinta o apartamento do jornalista e compositor Sérgio Cabral (1937), que o estimula a organizar uma exposição com sete quadros, em 1973. Nessa fase, suas pinturas são abstratas. Em um segundo momento, ele passa a retratar o cotidiano das favelas cariocas, e sua obra é comparada com a do artista Heitor dos Prazeres (1898-1966). Em 2019, 14 quadros seus são expostos no Espaço Favela do festival Rock in Rio.

Nelson também tem livros de poesia publicados. O primeiro, Prisioneiros do Mundo (1994), é lançado por insistência de sua mulher e empresária, Evonete Belizário. Sua obra poética inclui reflexões existenciais e temas relacionados à natureza. A inspiração, tanto para as composições como para as poesias, é a vivência nas ruas e a boemia. Para ele, a diferença entre os dois tipos de criação é que nas músicas a história se desenvolve em oito versos, enquanto na poesia o enredo se desenvolve em várias frases.

A longevidade e a produtividade de Nelson Sargento tornam o compositor um ícone na história do samba. Suas composições são gravadas por alguns dos principais intérpretes do gênero, e versos de suas músicas passam a ser celebrados como clássicos que atravessam décadas.

Obras 1

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Exposições 4

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Fontes de pesquisa 6

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