Nazareth Pacheco
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Sem Título
Nazareth Pacheco
140,00 cm x 29,50 cm
Coleção Rose e Alfredo Setubal
Texto
Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista visual. Destaca-se por produzir obras autobiográficas, relacionadas com o próprio corpo e com o luto.
Forma-se em artes plásticas na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1983. Realiza sua primeira mostra individual no Espaço Cultural Julio Bogoricin, em São Paulo, em 1985, e inicia suas experiências com ready-made1 após participar, em 1986, de workshop ministrado por Guto Lacaz (1948).
Desde o início de sua trajetória, volta-se ao campo tridimensional. Suas primeiras peças são realizadas em borracha e apresentam pinos pontiagudos do mesmo material. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli (1956), tais obras revelam uma carga de agressividade, por sua semelhança com objetos de tortura.
Em 1987, viaja para Paris e frequenta o ateliê de escultura da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes]. Em 1989, obtém o prêmio aquisição no 11° Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro, e participa da 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1990 e 1991, participa de workshops com artistas como Iole de Freitas (1945), Carmela Gross (1946) e José Resende (1945).
Em 1992 e 1993, a artista realiza a série Objetos aprisionados, compostos por caixas que contêm objetos e documentos de caráter autobiográfico, alguns relativos a tratamentos médicos e estéticos a que ela esteve submetida, reunindo fotos, radiografias, relatórios, frascos e chumbo. A artista sofre com um problema congênito, precisa de intervenções cirúrgicas regulares e o percurso médico é propositalmente retratado ao longo de suas obras. Segundo a estudiosa Elizabeth Leone, nos anos seguintes sua reflexão extrapola a questão pessoal e passa a considerar o corpo feminino como lugar de práticas médicas que visam adaptá-lo a "aprimoramentos estéticos".
No final da década de 1990, a artista começa a agregar metais, como filetes de aço, cobre e latão, aos trabalhos em borracha. Passa a confeccionar peças com objetos que não podem ser tocados, unindo miçangas ou cristais de vidro a agulhas, lâminas de bisturis ou de barbear e anzóis, criando com eles adornos e vestimentas. Inicia também as pesquisas com um novo material, o acrílico cristal, projetando objetos como bancos ou berços, aos quais agrega instrumentos cortantes ou perfurantes.
Defende na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) a dissertação Objetos sedutores, com orientação de Carlos Fajardo (1941), em 2002. Em 2003, é lançado o documentário Gilete azul, realizado pela psicanalista Miriam Chnaiderman (1950), voltado para sua produção artística.
A produção de Nazareth Pacheco tem a característica de corajosamente provocar no público uma discussão sobre a questão das modificações físicas corporais – as quais muitas vezes nos impomos – e dos padrões estéticos estabelecidos pela sociedade.
Notas
1. Termo cunhado por Marcel Duchamp (1887-1968) para designar obras que se apropriam de artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, elevando-os à categoria de arte.
Obras 14
Descanço
O Corpo
Sem título
Sem título
Sem título
Exposições 155
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7/7/1988 - 13/7/1988
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3/9/1988 - 9/10/1988
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19/11/1989 - 15/1/1988
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29/3/1989 - 21/4/1989
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Fontes de pesquisa 8
- ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 24. , 1998, São Paulo, SP. Um e/entre outros/s. Curadoria Paulo Herkenhoff, Adriano Pedrosa. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
- COTIDIANO/ARTE: O Objeto Anos 60/90. São Paulo: Itaú Cultural, 1999. (Eixo Curatorial 1999).
- HERKENHOFF, Paulo (org.); PEDROSA, Adriano (org.). Marcas do corpo, dobras da alma. São Paulo: Takano, 2000.
- PACHECO, Nazareth. Jóias. Tradução Alberto Dwek, Izabel Murat Burbridge, Andrew J. Hahn, William T. Shelton. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
- PACHECO, Nazareth. Nazareth Pacheco. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Valu Oria Galeria de Arte, 1997.
- PACHECO, Nazareth. Nazareth. São Paulo: Cesar Luis Pires de Mello Escritório de Arte, 1985.
- PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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NAZARETH Pacheco.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10018/nazareth-pacheco. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7