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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Nazareth Pacheco

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.11.2023
1961 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Renato Parada/Itaú Cultural

Sem Título
Nazareth Pacheco
140,00 cm x 29,50 cm
Coleção Rose e Alfredo Setubal

Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista visual. Destaca-se por produzir obras autobiográficas, relacionadas com o próprio corpo e com o luto.

Texto

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Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista visual. Destaca-se por produzir obras autobiográficas, relacionadas com o próprio corpo e com o luto.

Forma-se em artes plásticas na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1983. Realiza sua primeira mostra individual no Espaço Cultural Julio Bogoricin, em São Paulo, em 1985, e inicia suas experiências com ready-made1 após participar, em 1986, de workshop ministrado por Guto Lacaz (1948).

Desde o início de sua trajetória, volta-se ao campo tridimensional. Suas primeiras peças são realizadas em borracha e apresentam pinos pontiagudos do mesmo material. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli (1956), tais obras revelam uma carga de agressividade, por sua semelhança com objetos de tortura.

Em 1987, viaja para Paris e frequenta o ateliê de escultura da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes]. Em 1989, obtém o prêmio aquisição no 11° Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro, e participa da 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1990 e 1991, participa de workshops com artistas como Iole de Freitas (1945), Carmela Gross (1946) e José Resende (1945).

Em 1992 e 1993, a artista realiza a série Objetos aprisionados, compostos por caixas que contêm objetos e documentos de caráter autobiográfico, alguns relativos a tratamentos médicos e estéticos a que ela esteve submetida, reunindo fotos, radiografias, relatórios, frascos e chumbo. A artista sofre com um problema congênito, precisa de intervenções cirúrgicas regulares e o percurso médico é propositalmente retratado ao longo de suas obras. Segundo a estudiosa Elizabeth Leone, nos anos seguintes sua reflexão extrapola a questão pessoal e passa a considerar o corpo feminino como lugar de práticas médicas que visam adaptá-lo a "aprimoramentos estéticos".

No final da década de 1990, a artista começa a agregar metais, como filetes de aço, cobre e latão, aos trabalhos em borracha. Passa a confeccionar peças com objetos que não podem ser tocados, unindo miçangas ou cristais de vidro a agulhas, lâminas de bisturis ou de barbear e anzóis, criando com eles adornos e vestimentas. Inicia também as pesquisas com um novo material, o acrílico cristal, projetando objetos como bancos ou berços, aos quais agrega instrumentos cortantes ou perfurantes.

Defende na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) a dissertação Objetos sedutores, com orientação de Carlos Fajardo (1941), em 2002. Em 2003, é lançado o documentário Gilete azul, realizado pela psicanalista Miriam Chnaiderman (1950), voltado para sua produção artística.

A produção de Nazareth Pacheco tem a característica de corajosamente provocar no público uma discussão sobre a questão das modificações físicas corporais – as quais muitas vezes nos impomos – e dos padrões estéticos estabelecidos pela sociedade.

Notas
1.
Termo cunhado por Marcel Duchamp (1887-1968) para designar obras que se apropriam de artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, elevando-os à categoria de arte.

Obras 14

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Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Descanço

Bronze
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

O Corpo

Bronze
Registro fotográfico autoria desconhecida

Sem título

Acrílico, cristais e agulhas
Registro fotográfico autoria desconhecida

Sem título

Acrílico
Registro fotográfico Romulo Fialdini

Sem título

Miçanga, lâmina de barbear, acrílico e aço

Exposições 155

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Mídias (1)

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Nazareth Pacheco - Enciclopédia Itaú Cultural
Desde suas primeiras criações, Nazareth Pacheco realiza obras tridimensionais, utilizando objetos como borracha preta vulcanizada, tiras de latão e látex que revelam uma carga de agressividade. Essa pesquisa de materiais reflete questões autobiográficas, relacionadas ao corpo da artista. “Alguns processos cirúrgicos e estéticos aos quais fui submetida acabaram demonstrados na terceira fase do meu trabalho”, explica ela, em referência a um mal congênito que a obriga a passar por diversas intervenções cirúrgicas e estéticas ao longo da vida. Dessa maneira, temas como beleza, feminilidade e aspectos físicos permeiam obras como a série de colares, vestidos e saias, na qual ela lida com a sedução e a agressividade, ao produzir peças de adorno com gilete, lâmina de lancetar e agulhas. “Falo desse meu mal-estar com o corte e a perfuração, ao mesmo tempo em que tento dar a isso um olhar sedutor”, diz.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 8

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  • ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 24. , 1998, São Paulo, SP. Um e/entre outros/s. Curadoria Paulo Herkenhoff, Adriano Pedrosa. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
  • COTIDIANO/ARTE: O Objeto Anos 60/90. São Paulo: Itaú Cultural, 1999. (Eixo Curatorial 1999).
  • HERKENHOFF, Paulo (org.); PEDROSA, Adriano (org.). Marcas do corpo, dobras da alma. São Paulo: Takano, 2000.
  • PACHECO, Nazareth. Jóias. Tradução Alberto Dwek, Izabel Murat Burbridge, Andrew J. Hahn, William T. Shelton. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
  • PACHECO, Nazareth. Nazareth Pacheco. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Valu Oria Galeria de Arte, 1997.
  • PACHECO, Nazareth. Nazareth. São Paulo: Cesar Luis Pires de Mello Escritório de Arte, 1985.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.

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