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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Casa Modernista

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.10.2022
26.03.1930 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Hugo Zanella/Coleção Gregori Warchavchik

Casa da Rua Santa Cruz, 1927
Gregori Warchavchik, Mina Warchavchik

A primeira casa moderna projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972) é a sua residência na rua Santa Cruz, na Vila Mariana (1927/1928), em São Paulo. Sua arquitetura, de feitio racionalista e funcional, é ditada pela praticidade e economia, pela redução dos elementos decorativos ao mínimo, pela subordinação da forma à função e pela d...

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A primeira casa moderna projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972) é a sua residência na rua Santa Cruz, na Vila Mariana (1927/1928), em São Paulo. Sua arquitetura, de feitio racionalista e funcional, é ditada pela praticidade e economia, pela redução dos elementos decorativos ao mínimo, pela subordinação da forma à função e pela defesa da necessidade da união do artista e do técnico na pessoa do arquiteto.

De 1927 até começo da década de 1930, Warchavchik projeta uma série de casas modernas, "racionais, confortáveis, de pura utilidade, repletas de cor, luz e de alegria", como ele costuma definir. As soluções originais do projeto se relacionam ao modo como seu autor combina a doutrina funcionalista dos atquitetos Walter Gropius (1883-1962) e Le Corbusier (1887-1965) com o ambiente local e com a escassez de produtos industrializados no país.

O alto preço do concreto armado faz com que ele opte pelos tijolos revestidos de cimento branco; as janelas horizontais corbusianas, por sua vez, convivem com as telhas coloniais e com o soalho de vigas de madeiras. Na fachada principal explicitam-se suas preocupações formais em fundir funcionalismo e cubismo arquitetônicos.

Linhas e ângulos retos, ausência de elementos decorativos e a tentativa de articulação dos espaços interno e externo conferem equilíbrio e harmonia ao conjunto. Em outras casas realizadas pelo arquiteto, como a casa de Max Graf, da rua Melo Alves (1928/1929), destaca-se o uso do concreto armado e a substituição da varanda pela marquise. Neste projeto, os princípios da arquitetura racionalista se cumprem de modo mais decidido. A partir de 1929, na casa de João de Souza Lima e na de Cândido da Silva, Warchavchik testa, respectivamente, o pilotis e o terraço-jardim, elementos fundamentais da pauta corbusiana.

A década de 1930 constitui um momento de maturidade e consagração na carreira do arquiteto. O reconhecimento de seu trabalho pelo próprio Le Corbusier quando de sua passagem pelo Brasil, em 1929, representa os primeiros passos na direção da repercussão internacional de sua obra, assim como a exposição de uma Casa Modernista, que abre a casa construída na rua Itápolis (1930), a relaciona com outras obras modernas de artistas brasileiros em uma mostra que reúne diferentes vertentes das artes visuais - da decoração ao mobiliário, em diálogo com a construção.

As possibilidades oferecidas pelos novos materiais da sociedade industrial - ferro, vidro e concreto armado - e a idéia de que a beleza é resultante das soluções lógicas e técnicas ditadas pela funcionalidade se apresentam de forma integral. Do mesmo modo, a austeridade do desenho, os jogos de planos e volumes na composição do edifício, a preferência pelo ângulo reto, a busca de simetria e equilíbrio repercutem em todo o conjunto: da fachada ao mobiliário. É como se nessa realização Warchavchik colocasse em prática de maneira mais firme os princípios que ele próprio defendera em 1925, por ocasião do manifesto Acerca da Arquitetura Moderna, em que prega a contenção lógica, a racionalidade da construção e os princípios de economia e funcionalidade como orientadores da arquitetura moderna, ou modernista.

O reconhecimento nacional de Warchavchik encontra expressão mais acabada no convite feito a ele por Lucio Costa (1902-1998), em 1931, para integrar o corpo docente na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), na disciplina arquitetura moderna. No ano seguinte, os dois se associam em uma empresa de construção civil, que funciona até 1933. O projeto mais conhecido do período carioca de Warchavchik é a Residência Nordchild, na rua Toneleros, em Copacabana, inaugurada em 22 de outubro de 1931 com nova exposição modernista, mas desta vez só arquitetônica. O pioneirismo de Warchavchik na constituição da arquitetura moderna no Brasil é ponto consensual dos estudiosos, unânimes em associar seu nome às origens do racionalismo arquitetônico no país.

Obras 1

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 4

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  • BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. Tradução Ana M. Goldberger. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.
  • FICHER, Sylvia; ACAYABA, Marlene Milan. Arquitetura moderna brasileira. São Paulo: Projeto, 1982.
  • LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Arquitetura brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1979.
  • WARCHAVCHIK, Pilon, Rino Levi: três momentos da arquitetura paulista. São Paulo: Funarte: Museu Lasar Segall, 1983.

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