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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Galpão Cine Horto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Data/Local1998 - Belo Horizonte MG

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Data/Local
1998 - Belo Horizonte MG

Histórico
Criado pelo Grupo Galpão em 1998, o Galpão Cine Horto é um centro cultural especializado em teatro, cujas atividades fundamentam-se no modelo de atuação do teatro de grupo. Propõe-se a desenvolver, de forma continuada, ações de fomento, formação, pesquisa, criação, compartilhamento de conhecimento e difusão teatral.

Após sair da coordenação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte -  FIT/BH, principal atividade extraespetáculo desenvolvida pelo Grupo Galpão entre 1990 e 1994, o elenco decide transformar em espaço cultural um cinema desativado, situado a um quarteirão da sede do grupo, na região leste de Belo Horizonte. Essa iniciativa resgata a relação do prédio com a cultura, promove a revitalização do seu entorno, reinsere o espaço na vida cultural da cidade, e estimula a descentralização da programação artístico-cultural, até então concentrada no eixo centro-sul.

Ao ocupar o prédio do Cine Horto, o Grupo Galpão tem alguns objetivos: contribuir para a qualificação dos artistas de teatro da cidade, investindo em ações de formação e criação artística; criar oportunidades de troca entre os profissionais de teatro; e gerar espaços de experimentação. O processo de implantação do Galpão Cine Horto inicia-se com um encontro de artistas convidados a pensar um projeto para o local, configurando, desde então, uma vocação para aglutinar pessoas em torno do teatro.

Definido o foco de atuação da casa - o teatro fundamentado na experiência de grupo -, delineiam-se as atividades, sob a coordenação geral de Chico Pelúcio. A primeira proposta vai ao encontro dos objetivos do grupo e tenta suprir uma carência latente na cidade: a de iniciativas voltadas para o aperfeiçoamento de atores profissionais. Daí nasce o principal projeto da casa, o Oficinão, que se estrutura em torno de um processo de pesquisa com duração de um ano e que culmina na montagem de um espetáculo. A cada ano, o Oficinão trabalha em torno de um tema. Já foram escolhidos, por exemplo, a tragédia grega, o melodrama e a cultura popular.

O primeiro Oficinão, de 1998, pesquisa as comédias de Shakespeare e produz, com direção de Chico Pelúcio, o espetáculo Noite de Reis, que faz referência à cultura popular do norte de Minas Gerais. Essa primeira montagem é indicada pelo jornal Estado de Minas como um dos melhores espetáculos do ano e traz a marca do trabalho coletivo e da pesquisa que, aos poucos, define para o público o perfil de atuação do Galpão Cine Horto, fundamentado na pesquisa sobre o trabalho do ator. 

Atores do Grupo Galpão, como Júlio Maciel, Eduardo Moreira e Lydia Del Picchia se revezam na direção dos espetáculos até 2005, quando o grupo passa a convidar outros profissionais para essa função. É o caso de  Marcelo Bones - do Grupo Teatro Andante -, que dirige Estado de Sítio em 2005; e de Fernando Mencarelli e Rodrigo Campos, que assinam a direção do espetáculo Quando o Peixe Salta, montado pela turma de 2006. No ano de 2007, a edição comemorativa dos dez anos do projeto é coordenada conjuntamente por Tiche Vianna, Francisco Medeiros e Luís Alberto de Abreu. O projeto ganha um novo formato em 2008, o Oficinão Residência, no qual são selecionados não somente os atores, mas também um diretor e uma proposta artística. A primeira diretora que assume o projeto nesse novo formato é a brasiliense Kênia Dias, que realiza o espetáculo ArriscaMundo.

No segundo ano de existência, paralelamente à ênfase no aperfeiçoamento de profissionais, o Galpão Cine Horto inicia ações destinadas a incrementar a atividade teatral na cidade e gerar novas oportunidades de trabalho. Assim, em 1999, como um prolongamento do Oficinão, abre-se a Oficina de Direção Teatral, coordenada por Aderbal Freire-Filho, e a Oficina de Dramaturgia, coordenada por Luís Alberto de Abreu, que introduz a metodologia do processo colaborativo de criação no contexto do Galpão Cine Horto, e marca o início de um fértil ciclo de produção dramatúrgica original na cidade de Belo Horizonte. O projeto forma dramaturgos que interagem com o Oficinão e com as demais iniciativas da casa. O primeiro resultado é o texto dramático do espetáculo Caixa Postal 1500, montado pela segunda turma do Oficinão, que faz uma leitura crítica dos 500 anos de descobrimento do Brasil.

Em 2000, destaca-se a primeira edição do Festival de Cenas Curtas, projeto de fomento à experimentação e à produção artística que, desde o início, exerce um grande impacto sobre os estudantes e profissionais de teatro da cidade. O festival gera um ambiente de efervescência criativa e projeta-se como o principal espaço de experimentação de linguagens em Belo Horizonte, sendo responsável pelo surgimento de grupos de destaque no contexto local e nacional como o Grupo Espanca! e a Cia. Clara.

A partir desse ano, quando o Galpão Cine Horto já ocupa um espaço diferenciado no cenário de Belo Horizonte, seu investimento se amplia para ações e projetos cujo principal foco é a formação do ator, do diretor e do dramaturgo sob a perspectiva do processo colaborativo, da pesquisa e da continuidade de trabalho. Assim é pensado o projeto Sabadão, que promove palestras e debates sobre teatro em geral, abordando temas como o teatro de Kathakali, a dramaturgia do ator e o pensamento de Stanislavski, Antonin Artaud e Brecht.

Com uma proposta de intercâmbio e de fomento à circulação de espetáculos, é criado em 2001 o projeto Galpão Convida, que desloca para Belo Horizonte grupos que têm trajetória relevante na cena nacional e um trabalho de caráter pouco comercial, que dificilmente seria apresentado na cidade sem apoio institucional. Figuram entre os convidados: Parlapatões, Patifes & Paspalhões, Companhia do Latão, Companhia Teatro Balagan, ACT-Ateliê de Criação Teatral de Curitiba, Armazém Companhia de Teatro e Barracão Teatro.

A preocupação com a formação de público tem lugar entre os projetos da casa, expressa tanto no sentido de ampliar plateias para o teatro quanto no de educar para a fruição estética. Assim, o projeto Conexão Galpão, com dois programas, o Conexão Cinema e o Conexão Teatro, destina-se a contar para crianças do ensino fundamental - por meio de intervenções cênicas, exibição de filmes e espetáculos - a história do cinema, de Belo Horizonte e da evolução da linguagem teatral. O projeto atende cerca de 5 mil crianças por ano.

Como um prolongamento das oficinas de direção teatral e dramaturgia, inicia-se em 2003 o projeto Cena 3x4, que propõe investigar mais profundamente, ao longo de três anos, a metodologia do processo colaborativo de criação. Luís Alberto de Abreu continua a supervisionar os dramaturgos. A coordenação do trabalho dos diretores inicia-se com Antônio Araújo, passando para Francisco Medeiros em 2004, quando então a diretora Tiche Vianna assume a orientação dos atores. O projeto possibilita a montagem de espetáculos como Tabu, do Grupo Trama; Parabéns pra Você, da Cia. Luna Lunera; Arena de Tolos, da Cia Acômica, entre outros.

Em 2004, a proposta de compartilhamento de conhecimento e experiências no campo do teatro, que pauta desde o início a atuação da casa, resulta no 1º Redemoinho - Encontro Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral. Esse encontro, de abrangência nacional, dá origem à Rede Redemoinho, grupo de discussão e colaboração que articula agentes culturais que trabalham com teatro em várias partes do Brasil.

Posteriormente, o Redemoinho se transforma em movimento político, voltado para o debate sobre as políticas públicas do país no campo do teatro. Paralelamente ao Encontro Redemoinho, e inicialmente vinculada ao evento, nasce a revista Subtexto, com artigos e entrevistas de pesquisadores e profissionais de teatro atuantes na cena nacional contemporânea. A revista é distribuída gratuitamente a grupos, escolas e espaços com perfil de pesquisa teatral.

Como mais uma ação voltada para difusão de informações sobre teatro, e com forte preocupação em preservar o conhecimento gerado em sete anos de intensa atuação, o Galpão Cine Horto implanta, em 2005, o Centro de Pesquisa e Memória do Teatro - CPMT, que reúne biblioteca e videoteca especializadas, com acervo de mais de 4 mil títulos à disposição do público. Além disso, desenvolve ações de tratamento e disseminação de informações e preservação da memória do Grupo Galpão e do centro cultural.

O espetáculo Quando o Peixe Salta, do Oficinão 2006, recebe os prêmios Usiminas/Sinparc de melhor espetáculo de teatro adulto, melhor direção, melhor atriz coadjuvante e ator revelação, no ano de 2007. Em 2008, é criado o selo Edições CPMT, com o objetivo de gerar e fomentar publicações especializadas na área.

O Galpão Cine Horto abriga em suas dependências um teatro multimeios, três salas de aulas, uma sala de cinema, um ateliê de figurinos, uma pequena oficina de cenotécnica, o CPMT e a reserva técnica do acervo de figurinos do Grupo Galpão.

Espetáculos 9

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Fontes de pesquisa 3

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  • BOOK institucional Galpão Cine Horto - 10 Anos de Ação.
  • GALPÃO Cine Horto. Site oficial da instituição. Belo Horizonte. Disponível em: [http://www.galpaocinehorto.com.br]. Acesso em: novembro 2008.
  • RAMOS, Luciene Borges. Centros de Cultura, Espaços de Informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. Belo Horizonte: Argmentvm, 2008. 184 p. il. (Patrimônio, 1).

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