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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Centro de Demolição e Construção do Espetáculo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.10.2015
Sediado no Teatro Gláucio Gill, o Centro de Demolição de Construção do Espetáculo (CDCE), criado pelo diretor Aderbal Freire-Filho (Aderbal Junior), reúne uma equipe permanente de atores que são também administradores do espaço e produtores de uma série de eventos e atividades organizadas em suas dependências.

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Histórico
Sediado no Teatro Gláucio Gill, o Centro de Demolição de Construção do Espetáculo (CDCE), criado pelo diretor Aderbal Freire-Filho (Aderbal Junior), reúne uma equipe permanente de atores que são também administradores do espaço e produtores de uma série de eventos e atividades organizadas em suas dependências.

A companhia surge vinculada ao projeto do diretor Aderbal Freire-Filho de recuperar o Teatro Gláucio Gill, abandonado pelo Governo do Estado, ocupando-o com uma programação coerente e uma companhia com continuidade de produção. Durante um ano e meio, o diretor ensaia nos escombros do teatro. Estréia em 1990 com A Mulher Carioca aos 22 Anos. A peça transpõe para a cena, sem nenhuma adaptação, o romance original de João de Minas, incorporando o modo narrativo à interpretação dos atores. No ano seguinte, a companhia, com atores mais numerosos e em sua maioria iniciantes, monta Lampião, texto e direção de Aderbal Freire-Filho, o primeiro de uma seqüência de três espetáculos voltados a temas históricos nacionais. Em O Tiro Que Mudou a História, de Carlos Eduardo Novaes e Aderbal Freire-Filho, 1991, o diretor sai do teatro para encenar a trajetória política de Getúlio Vargas na sua antiga morada, o Palácio do Catete, atual Museu da República. Com ação itinerante, o espetáculo conduz o público pelos diversos cômodos da casa, onde a história gradativamente passa da mesa de reuniões à cama em que o presidente comete suicídio.

Paralelamente à criação e produção dos espetáculos, a companhia realiza diversos tipos de atividade na sede. Durante os quatro anos de sua gestão, o teatro recebe, através do Programa de Intercâmbio, cerca de 30 grupos nacionais e estrangeiros, que realizam espetáculos, palestras, oficinas e exposições. Dentro desse projeto se apresentam, entre outros, os grupos Poronga (Acre), Grupo Galpão (Belo Horizonte), Odin Teatret (Dinamarca) e Munganga (Holanda). Sem patrocínio, são os atores que fazem a manutenção do espaço, da limpeza ao suprimento de materiais. Em 1992, a companhia organiza uma exposição sobre Yan Michalski, inaugura no teatro uma sala com seu nome e lança o primeiro livro póstumo do crítico. Ao mesmo tempo, abre o teatro para a estréia de Vau da Sarapalha, adaptação do grupo Piolim a partir do conto de Guimarães Rosa - que se tornaria um cult dos anos 90.

O Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, sai novamente do Teatro Gláucio Gill para realizar uma montagem histórica em Tiradentes, Inconfidência no Rio, de Carlos Eduardo Novaes e Aderbal Freire-Filho, 1992. O espetáculo se espalha em seis diferentes lugares do centro da cidade do Rio de Janeiro - museus, porão, rua - e os espectadores, divididos em grupos, se deslocam por meio de ônibus fretados. Dentro de cada ônibus uma atriz se encarrega de, como amante do herói, contar episódios pessoais de sua vida, enquanto o espectador é transportado de uma cena para outra. A ordem das cenas varia para cada grupo de espectadores, e o protagonista é representado por um ator diferente em cada lugar-cenário. Ao final, todos os espectadores se encontram na Rua da Carioca para caminhar em direção ao enforcamento. Na Praça Tiradentes, uma platéia arrumada com cadeiras acomoda o público diante da cena final.

No ano seguinte, a companhia inicia uma campanha para permanecer em sua sede. Realiza uma série de debates, palestras e manifestações públicas em defesa de que o teatro, para se tornar uma atividade permanente, deve ser apoiado pelo Estado, retornando a uma prática de companhias continuadas. Em 1993, o CDCE realiza seu último espetáculo no Teatro Gláucio Gill, Turandot ou O Congresso dos Intelectuais, de Bertolt Brecht. A Secretaria de Cultura do Município convida Aderbal para dirigir o Teatro Carlos Gomes, onde a companhia trabalha durante mais três anos antes de fechar suas portas. No novo teatro, o Centro realiza Instruções de Uso, de Aderbal Freire-Filho - uma espécie de apresentação ao público da nova casa de espetáculos e sua história. Em seguida, a companhia estréia Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, em que o diretor transforma os vizinhos e as prostitutas em um coro de personagens individualizados que interfere na cena por meio de uma orquestra de sons extraídos de objetos de uso cotidiano. Em 1996, para escrever No Verão de 1996..., Aderbal Freire-Filho se baseia nos quadros de Rubens Gerchman para imaginar situações que se alternam em narrativas paralelas e acabam se fundindo em um painel sobre a realidade brasileira. Com o espetáculo, montado como um grande musical moderno, a companhia encerra suas atividades.

Entre seus fundadores e principais integrantes estão Cândido Damm; Duda Mamberti; Gilray Coutinho; Malu Valle; Marcelo Escorel; Orã Figueiredo; Suzana Saldanha; Thiago Justino, Marcos Vogel, Gisele Fróes, Ana Barroso, Carmen Frenzel, Marcia do Valle, Isa Vianna, Mônica Biel e Antônio Carlos Bernardes.

Fazendo uma análise do panorama carioca do teatro nos anos 80, a pesquisadora Claudia Braga comenta: "A partir de seu Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, inaugurado em 1989, no (então quase demolido) teatro Gláucio Gil, Aderbal vem promovendo uma reavaliação sistemática de cada elemento da encenação, principalmente do texto, destituído de sua forma tradicional e trabalhando, desde a montagem de A Mulher Carioca aos 22 Anos, como linguagem literária, como narrativa literária teatralizada".1

Notas
1. BRAGA, Claudia. O Teatro carioca atual: a liberdade da encenação. Revista USP, São Paulo, n. 14, jun./ago. 1992. p. 36.

Espetáculos 13

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Fontes de pesquisa 3

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  • CADERNOS de espetáculos. Rio de Janeiro: Teatro Carlos Gomes, v. 1-3, 1995-1996.
  • FREIRE FILHO, Aderbal. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
  • MICHALSKI, Yan. Aderbal Freire Filho. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.

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