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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

A Dama das Camélias

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.07.2015
06.11.1951 Brasil / São Paulo / São Paulo – Theatro Municipal de São Paulo
Registro fotográfico Fredi Kleemann

A Dama das Camélias, 1951
Fredi Kleemann
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Luxuosa e não muito bem-sucedida encenação destinada a comemorar os três anos de existência do Teatro Brasileiro de Comédia, montagem de Luciano Salce (1922-1989), com destaque para Cacilda Becker(1921-1969) à frente de numeroso elenco.

Texto

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Histórico

Luxuosa e não muito bem-sucedida encenação destinada a comemorar os três anos de existência do Teatro Brasileiro de Comédia, montagem de Luciano Salce (1922-1989), com destaque para Cacilda Becker(1921-1969) à frente de numeroso elenco.

A encenação é primorosamente preparada pela direção do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, que a concebe para o amplo e tecnicamente bem guarnecido palco do Theatro Municipal, e não para o espaço acanhado da rua Major Diogo.

A exuberante cenografia é de Aldo Calvo, assistido por Geraldo Ambrossi, Eleonora Koch e Rina Fogliotti, estando sua execução sob os cuidados de Tulio Costa (1906-1991) e Bassano Vaccarini (1914-2002). Com tecidos especialmente importados de Paris, a indumentária exige dezenas de costureiras, sob o comando de Leonardo Villar (1923), Rina Fogliotti e A. Soares de Oliveira. O eletricista Joaquim Pesce compõe a iluminação e o maestro Enrico Simonetti encarrega-se das partituras.

Esse esforço de produção, todavia, não garante a qualidade da encenação de Luciano Salce, fria e açucarada, longe de concretizar em cena os confrontos morais expostos no texto de Alexandre Dumas Filho. A trama é centrada no amor entre um rico rapaz da alta burguesia parisiense e uma bela cortesã, relação impossível para os rígidos padrões da época.

Cacilda Becker vive Margarida e Maurício Barroso, o jovem Armand; o elenco inclui ainda Paulo Autran (1922-2007), Carlos Vergueiro, Ruy Affonso (1920-2003), Luiz Calderaro, Elizabeth Henreid, Cleyde Yáconis (1923-2013), Labiby Maddy, Wanda Primo, à frente de numerosa comparsaria.

O público prestigia o evento e o acontecimento social, mais pelo aparato do que por seus méritos artísticos. A crítica aponta vários problemas no ritmo cênico e na interpretação dos atores. A realização impressiona, mas não alcança sucesso. Sobre o espetáculo, Ruy Affonso, um dos integrantes do elenco, dá seu depoimento: "A parte plástica era muito bonita, mas o lado humano se perdeu. Quando esse espetáculo, despojado de todo esse aparato, foi apresentado no TBC, cujo palco era pequeno, ganhou imensamente e aí ficou comovente".1

Franco Zampari (1898-1966), todavia, não se dá por vencido e resolve deslocar a produção para o Rio de Janeiro. Além de desfavorável à produção, a crítica carioca aponta uma característica que virá a se tornar um estigma para o TBC: acusa o elenco de italianismo vocal. Embora esse traço deva-se exclusivamente ao modo típico de falar do paulistano, não sendo imposição dos diretores da casa, o fato é que o TBC fica marcado como "o teatro dos italianos".

Outra polêmica agita os ânimos, aberta por Paschoal Carlos Magno (1906-1980) em sua coluna no Correio da Manhã, na qual ataca a encenação de Luciano Salce. Este replica, na revista Anhembi e uma tréplica de Pachoal descamba para o âmbito pessoal, apontando um defeito físico do encenador, vitimado na Guerra. As relações entre ambos tornam-se tensas e acirra-se a divisão de campos entre cariocas e paulistas.

Como que resumindo os comentários desfavoráveis, o crítico paulista Miroel Silveira (1914-1988) registra: "Cacilda Becker fez o seu teatro encenar, a 132 cruzeiros a poltrona, os suspiros de um problema extinto, numa encenação que Salce deve ter feito com a melhor de suas más-vontades...(...) No conjunto infeliz perde-se a bela voz de Paulo Autran e sua esplêndida caracterização, perde-se a esplêndida figura de Maurício Barroso, perde-se a curiosa desenvoltura de Labiby Maddy, perde-se até o grande talento de Cacilda Becker, submergido por uma desmedida e inflexível ambição".2

Notas

1. PRADO, Luís André do. Cacilda Becker: Fúria Santa. São Paulo, Geração Editorial, 2002, p. 349.

2. SILVEIRA, Miroel. A Camélia caiu do galho. In: ______. A outra crítica. São Paulo: Símbolo, 1976. p. 54.

 

Ficha Técnica

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Autoria
Alexandre Dumas Filho

Tradução
Gilda de Mello e Souza

Direção
Luciano Salce

Direção (assistente)
Carlos Vergueiro

Cenografia
Aldo Calvo

Figurino
Aldo Calvo

Trilha sonora
Enrico Simonetti

Coreografia
Marília Franco

Elenco
Benedito Corsi / Saint-Gaudens
Cacilda Becker / A Dama das Camélias (Medalha de Ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT)
Carlos Vergueiro / A Dama das Camélias
Cleyde Yáconis / A Dama das Camélias
Dulce Amaral / A Dama das Camélias
Edgard Gatcke / A Dama das Camélias
Elizabeth Henreid / A Dama das Camélias
Fredi Kleemann / A Dama das Camélias
Isidoro Lopes / A Dama das Camélias
Jacyntho Mosca / A Dama das Camélias
José Herculano / A Dama das Camélias
José Scatena / A Dama das Camélias
Labiby Maddy / A Dama das Camélias
Leonardo Villar / A Dama das Camélias
Luiz Antonio / A Dama das Camélias
Luiz Calderaro / A Dama das Camélias
Luiz Linhares / A Dama das Camélias
Maria Lúcia / A Dama das Camélias
Maria Luiza Splendore / A Dama das Camélias
Maria Nazareth / A Dama das Camélias
Maurício Barroso / A Dama das Camélias
Máximo Rocha / A Dama das Camélias
Onéia Siqueira / A Dama das Camélias
Paulo Autran / A Dama das Camélias
Pedro Petersen / A Dama das Camélias
Rubens Costa / A Dama das Camélias
Ruy Affonso / A Dama das Camélias
Ruy Cerqueira / A Dama das Camélias
Sérgio Franco / A Dama das Camélias
Suzana Petersen / A Dama das Camélias
Victor Merinov / A Dama das Camélias
Wanda Primo / A Dama das Camélias

Produção
Franco Zampari

Obras 1

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Fontes de pesquisa 3

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  • GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.
  • GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
  • PRADO, Décio de Almeida. O teatro brasileiro moderno. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. (Debates, 211).

Como citar

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