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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

A Alma Boa de Set-Suan

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.10.2015
09.1958 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Arquivo Eugênio Kusnet Da esquerda para a direita: Joaquim Guimarães (Segundo Deus), Eugênio Kusnet (Primeiro Deus), Benjamin Cattan (Terceiro Deus) e Oswaldo Louzada (Wang, o aguadeiro)

A Alma Boa de Set-Suan, 03.1960
Eugênio Kusnet, Oswaldo Louzada, Benjamin Cattan, Joaquim Guimarães
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Primeira encenação profissional de Bertolt Brecht (1898-1956) no Brasil, realizada por Flaminio Bollini (1924-1978) para o Teatro Maria Della Costa.

Texto

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Histórico
Primeira encenação profissional de Bertolt Brecht (1898-1956) no Brasil, realizada por Flaminio Bollini (1924-1978) para o Teatro Maria Della Costa.

Após a triunfal excursão a Paris, em 1954, do Berliner Ensemble, companhia de Bertolt Brecht, sediada em Berlim, as teorias do autor são mundialmente conhecidas e consagradas. Em São Paulo, já havia sido montada A Exceção e a Regra, em exame de fim de ano na Escola de Arte Dramática (EAD), em 1951, precedendo a explosão internacional. A Alma Boa de Set-Suan, em 1958, é o primeiro contato do Brasil em âmbito profissional com as revolucionárias ideias estéticas brechtianas.

A fábula de A Alma Boa de Set-Suan é de origem oriental: três deuses descem à Terra à procura de uma alma boa, identificando-a numa camponesa paupérrima a quem confiam um pequeno pecúlio. Para preservá-lo, ela vive, contudo, agudo dilema - ser boa ou má - segundo as circunstâncias ditadas pelos rigores da luta pela sobrevivência. Chen-Tê e Chui-Tá, as duas personalidades que ela assume, evidenciam que neste mundo de contradições ninguém pode ser inteiramente bom; o que faz os deuses resignarem-se diante dessa impossibilidade.

A montagem de Flaminio Bollini é grandiosa e demonstra o conhecimento do diretor em relação às teorias de encenação do dramaturgo alemão. Porém ao optar por uma cenografia cheia de gráficos ligados à alta do custo de vida e pela recitação das canções pelos atores, o encenador acaba realizando um espetáculo frio, em que o efeito de distanciamento prejudica o resultado estético.

A crítica Bruna Becherucci assim registra suas impressões acerca da montagem: "Flaminio Bollini, que dirigiu com escrúpulo e inteligência a obra, realizou um trabalho meritório e um esforço louvável, ainda que os resultados nem sempre tenham sido positivos. Os intérpretes, todos eficientes, coadjuvaram-no dignamente. Maria Della Costa (1926-2015) sustentou o duplo papel de Chen-Tê e Chui-Tá com a sua habitual diligência que, se aproveita à evidência e à clareza da personagem, nem sempre lhe dá aquela independência e o dinamismo que ela deve ter".1

Analisando a recepção dessa obra entre nós, a estudiosa Kathrin Sartingen anota: "Com A Alma Boa de Set-Suan, Brecht consegue se impor no Brasil, em que pese o atraso considerável em comparação com a sua repercussão européia. (...) No Brasil, iniciadas bastante tarde mas nem por isso menos extensas, a recepção e a divulgação de Brecht vão conhecer, nos anos que se seguiram a esta primeira encenação, pontos altos e baixos, uma conseqüência lógica das circunstâncias políticas que interferem na vida cultural e - consciente ou inconscientemente - traçam-lhe os rumos".2

Notas
1. BECHERUCCI, Bruna. 'A Alma Boa de Set-Suan'. Revista Anhembi, São Paulo, v. 32, n. 96, p. 601-603, nov. 1958.
2. SARTIGEN, Kathrin. Brecht no teatro brasileiro. São Paulo: Hucitec, 1998.

Ficha Técnica

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Autoria
Bertolt Brecht

Tradução
Antonio Bulhões
Geir Campos

Direção
Flaminio Bollini (Prêmios Saci e Governador do Estado de São Paulo)

Direção (assistente)
Benjamin Cattan

Cenografia
Tulio Costa (Premios Governador do Estado e APCT)

Figurino
Clara Heteny

Direção musical
Jorge Kaszás

Trilha sonora
Paul Dessau

Elenco
Aldo de Maio / Marceneiro Lin-Tó; O Garçom
Antonio Gainzarolli / Iang-Sun
Benjamin Cattan / Terceiro Deus
Diana Morelli / Senhora Chin
Elza Rian / A Sobrinha
Eugênio Kusnet / Primeiro Deus (Prêmio Saci - melhor ator coadjuvante)
Eukaris Moraes / Mulher dos Tapetes
Geraldo Ferraz / O Esfarrapado
Ilema de Castro / A Mulher
Isaac Varger / Avô
João Pontes / O Marido; O Bonzo
Joaquim Guimarães / Segundo Deus
Jurema Magalhães / Senhora Iang
Maria Della Costa / Chen-Tê; Chui-Tá
Moises Tamarozzi / Homem dos Tapetes
N. N. / Menino; A Tia Matrona
Oswaldo Louzada / Wang
Paulo Correa / O Policial
Paulo Queirós / O Sobrinho
Sadi Cabral / Chu-Fu (Prêmio Governador do Estado; Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT)
Sidnéia Rossi / A Cunhada
Suzy Arruda / Senhora Mi-Tsu

Produção
Sandro Polloni

Obras 1

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Registro fotográfico Arquivo Eugênio Kusnet Da esquerda para a direita: Joaquim Guimarães (Segundo Deus), Eugênio Kusnet (Primeiro Deus), Benjamin Cattan (Terceiro Deus) e Oswaldo Louzada (Wang, o aguadeiro)

Como citar

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