Geir Campos
Texto
Geir Nuffer Campos (São José do Calçado, Espírito Santo, 1924 – Niterói, Rio de Janeiro, 1999). Poeta, tradutor, editor, jornalista, ensaísta, professor. Marcada pela clareza, pela sobriedade e pela tendência para a reflexão, sua produção poética busca o apuro formal característico da Geração de 45, que se distancia do humor e do coloquialismo propostos pelo Modernismo de 22.
Estreia em 1950 com o livro de poemas Rosa dos rumos, após publicar poemas e contos no Diário Carioca. Em 1952, publica Arquipélago (1952) pela editora Hipocampo, fundada pelo autor e por Thiago de Mello (1926-2022).
Coroa de sonetos (1953) é exemplo da combinação entre cuidado formal e sintaxe clara que caracteriza sua poesia. Nesse conjunto, o último verso de cada poema é igual ao primeiro verso do seguinte e o último soneto é composto pelo último verso de cada um dos 14 sonetos anteriores.
Canto claro e poemas anteriores (1957), com o qual vence, em 1955, o Prêmio Olavo Bilac, valoriza, desde o título, a transparência como virtude e o signo da clareza. Em “Poética”, poema de abertura, afirma: “Eu quisera ser claro de tal forma / que ao dizer / – rosa! / todos soubessem o que haviam de pensar. / Mais: quisera ser claro de tal forma / que ao dizer / – já! / todos soubessem o que haviam de fazer”. Essa clareza, aliás, aliada à fluidez do ritmo, confere efeito de naturalidade aos poemas, sem, todavia, aproximar-se do lugar-comum. O poeta procura evitá-lo com uma abordagem pouco convencional de seus temas, notadamente relacionados ao mar, contíguo à sua experiência pessoal.
Como jornalista, a partir de 1954, produz e apresenta os programas Poesia Viva e Caminhos da Poesia, na Rádio MEC. Preside a Associação Brasileira de Tradutores (Abrates) e ministra cursos de tradução em várias universidades brasileiras. Publica ainda diversos ensaios sobre tradução e traduz autores como o tcheco Franz Kafka (1883-1924), o estadunidense Walt Whitman (1819-1892) e o alemão Hermann Hesse (1877-1962).
Seus escritos em prosa por vezes retomam a preocupação social presente na poesia, como acontece em Operário do canto (1959). Em O que é tradução (1986), aborda o ofício de forma abrangente, referindo não apenas aspectos teóricos, mas questões práticas, como as condições de trabalho, que, embora pareçam incidentais, refletem-se no produto acabado.
A dimensão metalinguística atravessa sua produção em prosa e verso, interessada em refletir sobre o fazer poético. Buscando a poesia no trabalho formal e na linguagem elevada, Geir Campos é um dos principais representantes da geração que procurou se afastar da irreverente herança modernista.
Espetáculos 7
Fontes de pesquisa 5
- CAMPOS, Geir. Canto claro e poemas anteriores. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio. Editora, 1957.
- CAMPOS, Geir. O que é tradução. 2. ed., 4. reimp. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
- OLINTO, Antônio. Presença de Geir. In: Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 8 mai. 2002.
- Programa do Espetáculo - A Alma Boa de Set-Tsuan - 1966.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
GEIR Campos.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa2799/geir-campos. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7