Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Electra

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.07.2021
14.03.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro – Teatro do Rio
Registro fotográfico autoria desconhecida

Cena do espetáculo Electra, 1965
Acervo Cedoc/FUNARTE

Significativa montagem do Grupo Decisão, alcança grande repercussão, não só por sua qualidade artística, mas também por propor no contexto do imediato pós-golpe militar, uma discussão sobre a legitimidade do poder e os excessos do autoritarismo.

Texto

Abrir módulo

Significativa montagem do Grupo Decisão, alcança grande repercussão, não só por sua qualidade artística, mas também por propor no contexto do imediato pós-golpe militar, uma discussão sobre a legitimidade do poder e os excessos do autoritarismo.

Após uma carreira de espetáculos marcados pelo rigor artístico, o Decisão, capitaneado por Antônio Abujamra (1932-2015), desfruta de prestígio e inserção no panorama teatral de São Paulo e Rio de Janeiro. Nesta cidade, lança essa produção que destaca Glauce Rocha (1933-1971) e Margarida Rey (1924-1983) nos papéis centrais.

A peça de Sófocles apresenta-se, num momento de polarizações políticas e agudo debate em torno das questões referentes ao exercício do poder. Após o assassinato de Agamêmnon, a rainha Clitemnestra reina no palácio com seu amante Egisto. Com o retorno de Orestes, filho do rei morto, há o confronto, incitado por Electra, sua irmã, e se consumam o matricídio e a recuperação do poder legítimo sobre a cidade.

Mesmo sendo um clássico, a temática da peça não deixa de ser contemporânea e irrita a censura, já que a montagem ocorre um ano depois do golpe de 1964. Certa tarde alguns censores procuram pelo autor, com a intenção de detê-lo, desconhecendo o fato de o dramaturgo grego ser do século V a.C. Dias depois uma das atrizes, Isolda Cresta, é detida pelos órgãos de segurança, sendo solta pouco depois.

Antônio Abujamra conduz sua encenação em linguagem moderna e teatralista, enfatizando todos os elementos do texto que, podem evocar nos espectadores uma imediata correlação com a situação vigente. A desvinculação entre gestos e palavras ressalta o perfil não naturalista que domina o conjunto. A cenografia e os figurinos de Anísio Medeiros (1922) são sóbrios e discretos, mas destacam as singularidades e relevância social das figuras.

Glauce Rocha (como Electra) atinge um dos pontos altos em sua carreira, impondo autoridade trágica a personagem especialmente na cena em que recebe as cinzas de Orestes, supostamente morto. Margarida Rey desempenha uma rainha cheia de orgulho e empáfia. Alguns críticos queixam-se do volume das vozes, excessivamente altas e por vezes mal colocadas; o que, contudo, não compromete o conjunto.

Para o crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000): "A direção de Antônio Abujamra revela aquelas mesmas qualidades e aqueles mesmos defeitos que já lhe conhecíamos. É um encenador que possui excelente visão plástica, fugindo dos efeitos comuns. Mas não resiste à tentação de brilhar, de aparecer em primeiro plano. Toda peça encerra em seu bojo uma série de marcações óbvias e fundamentais. Abujamra ignora-as propositadamente. Faz, com freqüência, o contrário do que as palavras estão dizendo, deslocando o centro de atenção do texto para os atores. O que importa são os giros do coro, os efeitos vocais, os gestos marcantes e teatrais dos intérpretes. O elenco concentra-se nas exterioridades, resultando em conseqüência uma interpretação original, mas um tanto fria. A própria violência é antes vocal do que realmente sentida porque o esforço diz respeito sempre à expressão".1

Nota

1. PRADO, Décio de Almeida. 'Electra'. In: ______. Exercício Findo. São Paulo: Perspectiva, 1987. p. 72.

Ficha Técnica

Abrir módulo
Autoria
Sófocles

Tradução
Jayme Bruna

Direção
Antônio Abujamra

Direção (assistente)
Antônio Ghigonetto

Cenografia
Anísio Medeiros (Prêmio da 8ª Bienal de São Paulo)

Figurino
Anísio Medeiros

Trilha sonora
Carlos Alexandre

Elenco
Carlos Miranda / Egisto
Carlos Vereza / Electra
Creuza Carvalho / Electra
Emílio Di Biasi / Electra
Glauce Rocha / Electra
Isolda Cresta / Electra
Margarida Rey / Electra
Norma Blum / Electra
Paulo Villaça
Sérgio Mamberti / Preceptor
Tetê Medina / Coro

Obras 1

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 2

Abrir módulo
  • ELECTRA. Direção Antônio Abujamra. Rio de Janeiro, 1965. 1 folder. Programa do espetáculo, apresentado no Teatro do Rio em março de 1965.
  • PRADO, Décio de Almeida. 'Electra'. In: ______. Exercício findo: crítica teatral (1964-1968). São Paulo: Perspectiva, 1987. (Coleção debates; 199).

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: