Barrão

Auto-Pista, 1987
Barrão
Grade de ventilador, pista de autorama
Texto
Jorge Velloso Borges Leão Teixeira (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1959). Desenhista, pintor, escultor, artista multimídia. Reaproveita objetos do cotidiano e sucatas, conferindo-lhes novos significados, a partir da lógica da bricolagem.
Autodidata, inicia sua carreira artística no Grupo Seis Mãos, formado também por Ricardo Basbaum (1961) e Alexandre Dacosta (1959). O coletivo desenvolve atividades com vídeo, pinturas ao vivo, shows musicais e performances e promove o projeto Improviso de Pintura e Música, em ruas, praças públicas, faculdades e dentre outros locais.
A primeira exposição dos três artistas ocorre em 1983, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Neste ano, Barrão participa das mostras Arte na Rua e Pintura! Pintura!, na mesma cidade. Em 1984, realiza a primeira exposição individual, intitulada Televisões, na Galeria Contemporânea, e participa da coletiva Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em 1990, recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no Museu de Arte de Brasília.
Em suas obras, os objetos, desligados de seus contextos e usos originais, reaparecem transformados, embora tragam a memória do passado. Itens domésticos, como televisão, refrigerador, brinquedo e liquidificador, figuram como peças de composições diversas. Auto-pista (1987), por exemplo, apresenta uma grade de ventilador sobre uma pista de autorama. Em outras obras, bonecos de plástico e um motor de vitrola são dispostos sobre uma porta de refrigerador; ou uma escada de metal é apoiada sobre carrinhos de ferro. Estes são alguns engenhos do artista.
Um impulso lúdico e infantil parece animar toda essa produção. É possível identificar nela o espírito curioso do menino cuja brincadeira é desmontar os objetos, ver como são feitos para, a partir daí, arriscar novas construções, indica o crítico Marcio Doctors (1952).
Diante dos resultados dessas operações de encaixe e desencaixe, pode-se pensar em uma crítica implícita à sociedade contemporânea. O riso, a princípio inevitável, dá lugar a uma certa melancolia provocada pela identificação das peças desgastadas, parte de um mundo familiar, não tão distante, mas já completamente passado, morto.
Realiza, com Sandra Kogut (1965), os vídeos 7 horas de sono e A geladeira. Faz ainda vinhetas eletrônicas para televisão, trabalhos de cenografia e capas de discos. Em 1995, cria o grupo Chelpa Ferro, que trabalha com escultura, instalações tecnológicas e música eletrônica, em parceria com o artista Luiz Zerbini (1959), o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler (1963) e o produtor musical Chico Neves (1960).
Como um adulto que mantém vivo o espírito infantil, o autodidata Barrão desmonta, remonta e ressignifica objetos ordinários do cotidiano para criar esculturas, instalações, peças musicais e outras obras de arte.
Obras 10
A Batalha de São Jorge
A Volta do Mar
Auto-Pista
Escada I
Foguete
Espetáculos 1
Exposições 151
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11/10/1983 - 24/10/1983
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1983 - 1983
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14/7/1984 - 12/8/1984
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Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 14
- A NOVA dimensão do objeto. São Paulo: MAC/USP, 1986.
- APROPRIAÇÕES. Curadoria Ligia Canongia; fotografia Vicente de Mello; tradução Jack Liebof. Rio de Janeiro: Joel Edelstein Arte Contemporânea, 1997. 8 p., il. p.b.
- BARRÃO. Barrão. Apresentação Márcio Doctors. Rio de Janeiro: Galeria do Ibeu, 1992.
- BARRÃO. Barrão. São Paulo: Subdistrito Comercial de Arte, 1989. 12 p., il. color.
- BARRÃO. Barrão. Texto de Hermano Vianna. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, 1992.
- BARRÃO. Jorge Barrão. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Centro Empresarial Rio, 1986.
- BIENAL DE LA HABANA, 5., 1994, Havana. Arte, sociedad, reflexión (Quinta Bienal de la Habana). Fotografia Moisés Lleras Carvajal; desenho Carlos Manoel Fernández. Havana, 1994. 311 p., il. color.
- BRASIL: imagens dos anos 80 e 90. Curadoria Bélgica Rodríguez; tradução Izabel Murat Burbridge. Rio de Janeiro: MAM, 1993.
- BRASIL: la nueva generación. Tradução Maria Elvira Iriarte. Caracas: Fundación Museo de Bellas Artes, 1991. il. color.
- ESCULTURA carioca. Texto Ligia Canongia, Fernando Cocchiarale; apresentação Lauro Cavalcanti; tradução Paulo Andrade Lemos; fotografia Beto Felicio, Murillo Meireles, Vicente de Mello. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 1994. s.p.
- ESCULTURA plural. Curadoria Ligia Canongia; fotografia Vicente de Mello. Salvador: MAM, 1996. 24 p. Disponível em: http://icaadocs.mfah.org/icaadocs/ELARCHIVO/RegistroCompleto/tabid/99/doc/1110989/language/es-MX/Default.aspx.
- FERNANDO G. Jorge Barrão: o artista plástico que transforma fogões e TVs em peças de humor. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 mar. 1993.
- MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
- PINTURAS: escrete volador. São Paulo: Subdistrito Comercial de Arte, 1986. il. p.b.
Como citar
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BARRÃO.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9454/barrao. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7