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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Chelpa Ferro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.03.2024
1995 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Vicente de Mello

Nadabhrama, 2003
Galhos de árvore, motor e base

O coletivo Chelpa Ferro é criado em 1995 pelo pintor Luiz Zerbini (1959), o escultor Barrão (1959) e o editor de cinema Sergio Mekler (1963). Os integrantes do grupo, residentes no Rio de Janeiro e com renomadas trajetórias profissionais, aliam suas experiências pessoais e exploram possibilidades durante as criações em conjunto. Deixam que o aca...

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O coletivo Chelpa Ferro é criado em 1995 pelo pintor Luiz Zerbini (1959), o escultor Barrão (1959) e o editor de cinema Sergio Mekler (1963). Os integrantes do grupo, residentes no Rio de Janeiro e com renomadas trajetórias profissionais, aliam suas experiências pessoais e exploram possibilidades durante as criações em conjunto. Deixam que o acaso defina os resultados de suas escolhas. O grupo destaca-se na produção de arte contemporânea brasileira ao utilizar elementos sonoros justapostos aos visuais em suas obras. A abordagem interdisciplinar é revelada pela aparente desorganização meticulosamente orquestrada, criando espaço de fronteira entre os objetos articulados, o público e o som, importante matéria de suas performances, instalações e shows.

A interação sinestésica é característica do grupo, que estimula o estranhamento com objetos de uso cotidiano, reapropriados em instalações. Em Maracanã (2003), por exemplo, obra realizada para exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), alto falantes são dispostos de maneira circular na forma de uma arena. A altura das duas fileiras de caixas de som sobrepostas faz com que a instalação ultrapasse a escala do espectador, induzido a entrar através de uma passagem. A sinuosidade dos cabos que conectam os equipamentos à energia elétrica é deixada aparente. O ruído emitido é constante, amplificado e reverberado pelo som que os próprios visitantes emitem ao se aproximarem da obra que, depois de um tempo, modula o áudio de maneira independente, reativando o circuito obra-espectador. Deste modo, a unidade (a caixa acústica), multiplicada na construção do todo (a arena) é estrutura e instrumento. Maracanã replica, pela força do som, a emoção de um jogo de futebol e apropria-se do espaço com a grandeza da arena construída.

O gosto pela música eletrônica, com seus enxertos e remixes, pode ser comparado à incorporação de objetos cotidianos nas apropriações dos artistas dadaístas do começo do século XX, que ressignificam esses objetos mostrando-os em novo contexto. Na obra de Chelpa Ferro, a percepção convencional de música é desconstruída. Cria-se uma nova linguagem sonora que, ao ser equalizada em função escultórica, assinala correspondências ativadas pela disposição e curiosidade do espectador.

Acqua Falsa (2005) é apresentada na 51a Bienal de Veneza. Desenvolvida para o Pavilhão Brasileiro, a obra incorpora traços característicos da cidade para a qual foi criada, como pontes, a água e a captura dos ruídos próprios da cidade. Uma passarela rudimentar de madeira oferece acesso a duas salas ocupadas pela instalação, uma em frente à outra. Na primeira, encontra-se uma robusta caixa de som suspensa por cabos, com a frente inclinada a poucos metros do chão. Este, transformado em espelho d’água, com a aplicação de manta asfáltica prateada. Os cabos da caixa de som atravessam por debaixo da passarela, até a segunda sala. Percorrem o outro espelho d’água, que também ocupa todo chão, até se conectarem a luzes de led, fixadas na parede oposta. O som grave faz vibrar a água embaixo da caixa de som enquanto aciona as luzes da sala da frente. O espectador, ainda que em posição central, usa outros sentidos para perceber a obra, pois não pode ver as duas salas ao mesmo tempo.

Ao se apresentarem ao vivo, o improviso manifesta-se na interação com o público. Na noite de abertura da 27a Bienal de São Paulo (2002), a performance Autobang acontece no vão central do edifício. Um automóvel modelo Maverick dos anos 1970, amarelo, identificado com adesivos com o símbolo do Chelpa Ferro, é fixado em uma plataforma mecânica e circundado por equipamentos sonoros. Um ataque catártico ao veículo é feito com porretes e a destruição do carro é concluída com a ajuda da audiência. O batuque gerado pelos porretes em ação é amplificado pelas caixas de som, produzindo distorções.

A construção de fronteiras entre ruído e música, processo e resultados, espaço e escultura orienta a poética deste coletivo, a reflexão sobre o improviso, o reprocessamento e a criatividade da cultura brasileira.

Além de exposições individuais no Brasil e exterior, o grupo participa das Bienais de São Paulo (2002 e 2004), de Havana (2003), em Cuba, e do Mercosul (2009), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Com 4 álbuns lançados (em 1997, 2011, 2012 e 2013), a discografia do coletivo registra experimentações sonoras em shows ao vivo e, em 2008, é publicado um livro com um panorama das criações do grupo. 

Obras 1

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Reprodução fotográfica Vicente de Mello

Nadabhrama

Galhos de árvore, motor e base

Exposições 51

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Fontes de pesquisa 5

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