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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Beatriz Milhazes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
1960 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Manuel Águas & Pepe Schettino

Paris, 2008
Beatriz Milhazes
Colagem sobre papel
101,00 cm x 76,00 cm
Coleção Beatriz Milhazes

Beatriz Ferreira Milhazes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Pintora, gravadora e colagista. Explora diferentes técnicas e materiais, experimentando as potencialidades da escultura. Sua obra se caracteriza pelo uso da cor, de estruturas geométricas, arabescos, florais e motivos ornamentais para criar composições de intenso dinamismo óptico.

Texto

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Beatriz Ferreira Milhazes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Pintora, gravadora e colagista. Explora diferentes técnicas e materiais, experimentando as potencialidades da escultura. Sua obra se caracteriza pelo uso da cor, de estruturas geométricas, arabescos, florais e motivos ornamentais para criar composições de intenso dinamismo óptico.

Forma-se em comunicação social pela Faculdade Hélio Alonso, em 1981, e em artes plásticas pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), em 1983, no Rio de Janeiro. Atua como professora de pintura até 1996. As obras criadas por Beatriz Milhazes na década de 1980 revelam uma tensão entre figura e fundo, entre representação e ornamentalismo, com o uso de figuras que se repetem, arabescos, flores e colunas.

A artista participa das exposições que caracterizam a Geração 80 – grupo que, pela pesquisa de novas técnicas e materiais, produz pinturas avessas à vertente conceitual dos anos 1970. Entre suas principais influências estão ícones do modernismo, como a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), o paisagista Burle Marx (1909-1994), o pintor francês Henri Matisse (1869-1954), o artista performático Hélio Oiticica (1937-1980) e a pintora inglesa  Bridget Riley (1931). Sua obra faz referência ao barroco, à art déco, e a op art.

A colagem é parte importante da construção de suas imagens e aparece com o uso de materiais diversos, como papéis (de bala, coloridos) e tecidos recortados (chitão). Com experimentação em monotipia, Milhazes desenvolve sua técnica de construção da pintura baseada na colagem, criando os motivos em filmes plásticos e transferindo-os para a tela quando secos. A artista pode então criar os próprios elementos a serem usados nas pinturas. 

Em Me Perdoa...Te Perdoo (1989), observam-se o padrão geométrico que Milhazes cria no início da carreira, com a estrutura rígida das linhas paralelas, e o começo do uso da técnica de transferência de tinta para a tela, com os azuis rasgados que cobrem parte do fundo. Já em Foi Bom Te Encontrar (1988) e Desculpe, mas Teve que ser Assim (1988), além da relação figura e fundo, há a repetição das formas e dos elementos, uma das características marcantes de seu trabalho. 

De 1995 a 1996, estuda gravura em metal e linóleo no Atelier 78. As obras dessa época revelam sensibilidade no uso da cor, como em O Príncipe Real (1996) e As Quatro Estações (1997). Desde os anos 1990, Milhazes  se destaca em mostras internacionais nos Estados Unidos e na Europa.

Beatriz Milhazes frequentemente trabalha com formas circulares, sugerindo deslocamentos ora concêntricos, ora expansivos. A transferência de imagens da superfície lisa, pelo uso de película plástica, para a tela faz com que a gestualidade seja quase anulada. A matéria pictórica obtida por numerosas sobreposições não apresenta qualquer espessura, pois os motivos de ornamentação e arabescos são colocados em primeiro plano. O olhar do espectador é levado a percorrer todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e cromática dos quadros.

Na opinião do crítico Frederico Morais (1936), Beatriz Milhazes revela desde o início da carreira a vontade de enfrentar a pintura como fato decorativo, aproximando-se da obra de artistas como Henri Matisse. Ela se interessa pela profusão da ornamentação barroca, sobretudo pelo uso de arabescos e motivos ornamentais da obra de Guignard (1896-1962). Característica importante no trabalho da artista é o uso da cor: enquanto a profundidade é criada pela sobreposição e pelo acúmulo de motivos, a cor aparece de forma inesperada, criando uma harmonia pelos contrastes que desafiam os limites da imagem. Assim como Matisse, não existe uma hierarquia entre desenho, pintura, cor e forma. 

Na tela Mares do Sul (2001), Milhazes estabelece um jogo com o gênero da paisagem. O jogo com a paisagem pode ser visto também nas intervenções em espaços públicos que cria em 2009, como na Fondation Cartier. O jogo entre a opacidade e a transparência e o uso das cores criam uma tensão entre dentro e fora, a paisagem e o espaço expositivo, que é invadido por sombras e cores. Passa a utilizar constantemente formas como estrelas e espirais, e as cores tornam-se mais luminosas, como na obra Flores e Árvores (2013). No ano em que produz esse trabalho, realiza a mostra panorâmica Meu Bem, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em comemoração aos 30 anos de carreira.

Milhazes começa a explorar a linguagem tridimensional, criando a peça Gamboa (2010), uma espécie mobile concebida como cenário para um espetáculo de dança. Nessa peça, o universo de cores e ornamentos dos elementos pictóricos se materializa em um ambiente imersivo. Apesar de não ser considerada pela artista uma escultura, justamente por se tratar de um cenário, aponta já para uma nova forma de conceber o espaço, agora mais imersiva. A partir dessa experimentação, a artista começa a produzir esculturas como Marola, Mariola e Marilola, todas de 2015, apresentadas em uma exposição de mesmo nome em 2017, no Rio de Janeiro. Seus trabalhos tridimensionais têm forte conexão com suas telas e gravuras, trazendo novamente motivos característicos, ornamentais, arabescos, flores, volumes, cores e transparência, mas agora em uma relação mais corporal, física, entre elementos e espectador.

Os elementos usados nas esculturas também podem ser vistos em serigrafias como Mango and Passion Fruit in Lilac and Violet (2018) – em que formas geométricas sobrepostas e cores vibrantes ditam o ritmo do olhar de forma vertical –, e Flower Swing (2019) – serigrafia em bloco de madeira em que formas geométricas e orgânicas se misturam criando variados pontos de foco e de tensão na tela.

Beatriz Milhazes propõe uma relação não passiva com o espectador, que caminha com os olhos por suas telas, colagens e esculturas, buscando pequenos detalhes e se perdendo no acúmulo, na tensão cromática, na repetição, em movimentos e ornamentos que remetem à história da arte, ao barroco, ao pop, à cultura popular brasileira. A cor, a proporção e o ritmo estão no centro do seu pensamento estético na colagem, escultura, arquitetura e pintura. 

Obras 36

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Beleza Pura

Acrílica sobre tela

Espetáculos de dança 1

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Exposições 444

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Mídias (1)

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Beatriz Milhazes - Enciclopédia Itaú Cultural
Cores e formas abstratas estão na base do trabalho da artista carioca Beatriz Milhazes. Em suas pinturas, usa técnicas de colagens com materiais diversos, como papéis (de bala, coloridos) e tecidos. A monotipia surge como um recurso para que a criadora possa produzir, ela mesma, as imagens a serem usadas nas composições. O caráter decorativo da arte tem papel importante em seu trabalho: “Uma das coisas que me atrai na arte decorativa e no universo do colorido é o lado do ser humano que vai além dessa questão da matéria que você precisa para sobreviver. Uma necessidade de construir alguma coisa do belo”, afirma. Entre suas principais influências estão ícones do modernismo, como a brasileira Tarsila do Amaral (1886-1973), o holandês Piet Mondrian (1872-1944) e o francês Henri Matisse (1869-1954). Com este último, ela se identifica especialmente por suas experiências com colagens.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 29

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  • ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
  • BASBAUM, Ricardo. Planos múltiplos. Guia das Artes, São Paulo: Casa Editorial Paulista, v. 5, n. 20, 1990.
  • BEATRIZ Milhazes mostra esculturas inéditas no Brasil. Atelier, [s.l.], 14 maio 2017. Disponível em: https://www.atelier.guide/home/beatriz-milhazes-mostra-esculturas-inditas-no-brasil. Acesso em: 16 out. 2020.
  • BR 80: Pintura Brasil Década 80. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1991.
  • BRAGA, Paula. Decorative, feminine, eye-candy. Arte al día International, São Paulo, n. 127, maio 2009. p. 20.
  • CRISTINA Canale, Cláudio Fonseca, Beatriz Milhazes, Luiz Pizarro e Luiz Zerbini. São Paulo: MAC/USP, 1989. il. p.b. color., fot.
  • DESCENDO a serra: dez artistas de Minas Gerais no Rio de Janeiro. Subindo a serra: dez artistas do Rio de Janeiro em Minas Gerais. Apresentação de Marcus de Lontra Costa. Rio de Janeiro: Centro Cultural Cândido Mendes, 1988.
  • D´OLIVEIRA, Fernanda. Geração 80: símbolos e mitos na pintura de Beatriz Milhazes. Diário de Pernambuco, Recife, 3 nov. 1989.
  • EAV PARQUE LAGE. Exposição Campo: Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Ernesto Neto, Laura Lima e Luiz Zerbini. Curadoria e texto Ulisses Rossoni Carrilho; texto Gleyce Kelly Maciel Heitor; tradução Tanja Baudoin, Maíra das Neves Voltoni. Rio de Janeiro: Ameav, 2019. 92 p. Exposição realizada no período de 25 ago. a 20 out. 2019.
  • FORTES D’ALOIA & GABRIEL. [Texto crítico da] Exposição Beatriz Milhazes – Marola, Mariola e Marilola. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://fdag.com.br/exposicoes/marola-mariola-e-marilola/. Acesso em: 10 dez. 2020.
  • HERKENHOFF, Paulo. Beatriz Milhazes. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2007. 263 p.
  • INTERLENGHI, Luiza. Beatriz Milhazes – Coleção de Motivos. São Paulo: Base7 Projetos Culturais, 2015.
  • INTERLENGHI, Luiza. Catálogo. Exposição Beatriz Milhazes: um itinerário gráfico. Rio de Janeiro: Sesc, Departamento Nacional, 2012. 96 p.
  • KINO, Carol. Landscape Artist Roberto Burle Marx’s Lasting Influence. Wall Street Journal, [s.l.], 28 abr. 2016.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • MAROLA, mariola e marilola. Beatriz Milhazes [Entrevista cedida a] Canal-Arte. [S.l.]: Canal-Arte, 23 maio 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=R_FlHk0kch8. Acesso em: 13 out. 2020.
  • MILHAZES, Beatriz. Beatriz Milhazes. Versão em inglês Stephen Berg. São Paulo: Galeria Camargo Vilaça, 1993. 16 p., il. color.
  • MILHAZES, Beatriz. Beatriz Milhazes: pintura e escultura. Rio de Janeiro: Galeria Cesar Aché, 1987.
  • MILHAZES, Beatriz. Mares do sul. Ccuradoria Adriano Pedrosa; tradução Izabel Murat Burbridge, Michael Asburg, Odile Cisneros. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2002.
  • MILHAZES, Beatriz. Quem você copia? Copiarte. Arte em São Paulo, n. 32, set. /out. 1985.
  • MILHAZES, Beatriz. [Currículo virtual]. Disponível em: https://beatrizmilhazes.com/wp-content/uploads/2021/03/2021_01_beatriz_milhazes_biografia_port.pdf. Acesso em: 3 nov. 2021.
  • MORAIS, Frederico. Beatriz Milhazes: decor não é crime. Galeria Revista de Arte, São Paulo, n.25, pp.56-59, 1991.
  • O Museu Sensível: Uma Visão da Produção de Artistas Mulheres na Coleção do MARGS. Porto Alegre: MARGS, 2011. Disponível em: https://acervo.margs.rs.gov.br/materiais-graficos/o-museu-sensivel-uma-visao-da-producao-de-artistas-mulheres-na-colecao-do-margs/. Acesso em: 18 out. 2024.
  • PAUL, Frédéric. Beatriz Milhazes ou a vantagem de, em pintura, nunca sair do labirinto. Meu Bem. Rio de Janeiro: Paço Imperial; São Paulo: Base7 Projetos Culturais. 2013.
  • PAUL, Frédéric. Meu Bem. Rio de Janeiro: Paço Imperial; São Paulo: Base7 Projetos Culturais, 2013.
  • PINTURAS: escrete volador. São Paulo: Subdistrito Comercial de Arte, 1986. il. p.b.
  • RES. Interview with Beatriz Milhazes. RES Magazine, [s.l.], maio 2008.
  • SOUZA, Rui Gonçalves de. Padrões & padronagens têxteis na obra de Beatriz Milhazes. Iara – Revista de Moda, Cultura e Arte, São Paulo, v. 2, n. 1, set./dez. 2009. Dossiê 2.
  • TERRITÓRIO ocupado. Curadoria Marcus de Lontra Costa. Rio de Janeiro: Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 1986.

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