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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Auritha Tabajara

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.07.2024
1979 Brasil / Ceará / Ipueiras
Francisca Aurilene Gomes Silva (Ipueiras, Ceará, 1979). Escritora, cordelista, contadora de histórias indígenas, atriz, compositora. É considerada a primeira cordelista indígena do Brasil, com obras literárias adotadas como material didático obrigatório em escolas públicas cearenses, dada a amplitude da representatividade de sua escrita na narra...

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Francisca Aurilene Gomes Silva (Ipueiras, Ceará, 1979). Escritora, cordelista, contadora de histórias indígenas, atriz, compositora. É considerada a primeira cordelista indígena do Brasil, com obras literárias adotadas como material didático obrigatório em escolas públicas cearenses, dada a amplitude da representatividade de sua escrita na narrativa indígena do tempo presente.

Auritha convive com a escrita e contação de histórias desde a infância. Aprende a escrever com seis anos, mas é quando ouve no rádio pessoas declamando obras do poeta popular e compositor Patativa do Assaré (1909-2002) que passa a escrever histórias em rima, primeiro como brincadeira e depois como profissão. Também é neta de uma das maiores contadoras de história do povo Tabajara, Francisca Gomes de Matos (1929). 

É da primeira turma de magistério indígena do Ceará (2004). O curso, oferecido pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), ocorre em Fortaleza com o objetivo de formar professores para a atuação nas escolas voltadas às populações indígenas locais. Sua proposta é a formação e o diálogo entre lideranças indígenas e da educação, tendo como foco principal as culturas e idiomas da região, além de outras áreas contempladas nas disciplinas ofertadas durante três anos e meio. 

A realização do curso resulta em seu primeiro livro, Magistério indígena em verso e poesia (2007), isso porque Auritha escreve seus relatórios das disciplinas em cordel. O livro é considerado obra didática e é adotado pela Seduc como leitura obrigatória em todas as escolas públicas do estado.

Atua em sala de aula durante dez anos, em escola na comunidade de Tabajara e Kalabaça, na cidade de Porang, Ceará. Todavia, após esse período decide se dedicar à vida de escritora. 

Em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), publica o folheto Toda luta e história do povo Tabajara, em 2010. O folhetim aborda a temática da memória, tradições e lutas do povo Tabajara. No texto, ela percorre um caminho longo, marcado por diferentes ambientes e espaços, para se encontrar com seus ancestrais e, assim, com sua própria cultura e subjetividade. 

Em 2018, lança sua terceira obra, intitulada Coração na aldeia, pés no mundo. O livro articula escrita com xilogravuras da artista Regina Drozina (1962). A narrativa aborda a trajetória de Auritha e questões de gênero, etnia, sexualidade, migração e saúde mental que atravessam sua vida. Por outro lado, a autora evidencia a importância da escrita em suas tentativas constantes de viver e estar no mundo em liberdade e sem opressões. 

Auritha também é contadora de histórias. Participa da contação de histórias indígenas nos projetos Cantinho da Leitura e Feirinha de Troca, do Itaú Cultural, e do evento Contação de histórias indígenas em literatura de cordel, no Sesc 24 de Maio, ambos em 2019. No mesmo ano, é convidada para participar do debate "Literatura em sala de aula", na Festa Literária Internacional da Praia do Forte (Flipf), na Bahia.

Ainda em 2019, debate e conversa no projeto Mekukradjá: círculo de saberes indígenas, do Itaú Cultural, com a rapper indígena Katú Mirim (1986) e o escritor Ely Macuxi (1961-2021). A discussão gira em torno de três grandes temas: do papel da literatura e das novas linguagens midiáticas na criação de redes para conectar diferentes mundos, da inserção de indígenas na contemporaneidade e da importância da oralidade nesse contexto.

Estreia no cinema em 2020, atuando como atriz principal e diretora do longa-metragem documental A mulher sem chão, co-produzido pela roteirista e diretora Débora McDowell. O longa aborda sua experiência como artista indígena, nordestina e lésbica e a mudança para a cidade de São Paulo. Sendo migrante na maior cidade da América Latina, Auritha traz consigo características, identidades e representações que, muitas vezes, a isolam em locais extremamente diferentes de um mesmo país. O longa é produzido com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (FSA-BNDES).

Auritha e outros escritores indígenas, como Graça Graúna (1948), Márcia Wayna Kambeba (1979), Lia Minapoty (1988) e Sônia Bone Guajajara (1974), fundamentam a tese defendida pela doutora em estudos literários pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Heliene Rosa da Costa, intitulada Identidades e ancestralidades de mulheres indígenas na poética de Eliane Potiguara (2020). A pesquisa retrata como a literatura indígena atua em favor da preservação da memória, identidade e ancestralidade das diversas comunidades indígenas brasileiras.

Em 2021, participa de inúmeros eventos em formato on-line devido à pandemia de Covid-19. Realiza bate-papo com estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e mais de 30 contações de histórias no projeto “Bibliotecas online São Paulo”. Participa de palestra no seminário de meio-ambiente da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul) e de oficinas com estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), além de realizar conversas sobre o livro lançado em 2019. 

No mesmo ano, participa de "Oca Babel", evento da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), espaço de tradução e hospitalidade linguística com performances de escrita coletiva de criadores oriundos de diversas regiões do Brasil, bem como da Suíça, Argentina e México, entre eles o poeta Ricardo Aleixo (1960), o escritor suíço Michael Fehr (1982), a compositora polaco-japonesa Yumi Ito (1990), a atriz Simone Spoladore (1979) e o artista Jaider Esbell (1979-2021).

Seu trabalho é marcado pela valorização de sua cultura e valores, além de uma afirmação de sua identidade. Auritha Tabajara utiliza a literatura como ferramenta de diálogo sobre o mundo que a afeta e a tantos outros de diversas maneiras. A escrita é uma forma criativa de cultivar sua ancestralidade e percorrer seus próprios caminhos. 

 

Obras 1

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 3

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  • COSTA, Heliene Rosa da. Identidades e ancestralidades das mulheres indígenas na poética de Eliane Potiguara. 2020. 265 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/29255. Acesso em: 3 out. 2021.
  • CÍRCULO CINCO – (Re) existindo pelas letras, criando pontes. São Paulo: Itaú Cultural, 23 maio 2019. (83 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6th3kWpSivU. Acesso em: 2 out. 2021.
  • MARTINS, João Guilherme de Castro. Questões de gênero em forma de cordel: análise da obra "Coração na aldeia, pés no mundo", de Auritha Tabajara. Revista Internacional de Folkcomunicação, Ponta Grossa, v. 18, n. 41, p. 265-271, 2020. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/6317/631766106016/html/. Acesso em: 1 out. 2021.

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