Marga Ledora
![Sem título, 2017 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2023/09/72717_643111.jpg)
Sem título, 2017
Marga Ledora
lápis carvão aquarelável, lápis aquarelável albrecht dürer dourado, bastão oilbar invisível
Texto
Margareth Silva de Oliveira (São Paulo, São Paulo, 1959). Artista. Seus desenhos surgem principalmente a partir de um estudo formal de cor, forma e materiais. Interessa-se pela linguagem visual de artistas como Alfredo Volpi (1896-1988) e Milton Dacosta (1915-1988). Aplica-se na criação de trabalhos geométricos-abstratos, que referenciam formas arquitetônicas. O rigor dos blocos, aos poucos, dá lugar à linha e às formas orgânicas, dando origem a suas séries de casas
Nascida em São Paulo, muda-se para Campinas ainda criança. Em uma visita ao Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc), começa a se interessar por artes visuais, mas opta por estudar linguística na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde se forma em 1983. Enquanto trabalha como revisora, começa a fazer aulas particulares de desenho com Eliana Borges (1962), cursa serigrafia com a artista Lygia Eluf (1956) e aprende gravura em metal com Marco Buti (1953).
Embora goste de experimentar diferentes técnicas neste período de formação, interessa-se pelo desenho. Achando o seu sobrenome muito comum e a fim de encontrar uma identidade própria no ambiente artístico, adota o nome artístico Marga Ledora. Marga se refere ao diminutivo de seu primeiro nome e Ledora, à sua primeira formação em letras, neologismo criado a partir da palavra "leitora". Para a artista, a palavra reforça o seu interesse e curiosidade em ler textos e imagens.
Entre o fim da década de 1980 e começo de 1990, ao ter em mãos papéis pretos importados da Bélgica, começa a experimentar desenhos geométricos com giz pastel seco. Quadrus negrus é a sua primeira série de desenhos. O título traz duas referências: às lousas escolares em que se usa giz e à ancestralidade africana da artista. Com giz pastel seco, a artista desenha blocos de cor que remetem a desenhos arquitetônicos de casas, janelas e escadas, mas com uma perspectiva intuitiva muito livre. Nesta série também explora formas abstratas e figurativas, como o desenho Mujer sin pies ni cabeza (1987), em que desenha o torso de uma mulher negra deitada sobre um cubo branco.
Nos anos 1990, explora novos materiais como giz pastel oleoso. Inspirada em trabalhos de artistas como Alfredo Volpi e Milton Dacosta, faz desenhos geométricos-abstratos explorando figuras como triângulos, retângulos, quadrados e estruturas ogivais – um exemplo é Oriente (1999). Em contraponto aos tons mais terrosos, que usa em Quadrus negus, nesta série, explora cores mais puras e chapadas como azul, amarelo, verde e vermelho.
Muito rigorosa com a borda lisa dos desenhos, utiliza tira-linha para ter mais precisão nos blocos de cor. A partir dos anos 2000, a artista dá liberdade à linha que começa a aparecer em seus desenhos com formas mais orgânicas. Quasi-casa (2008), apresenta, além da linha mais solta, o tema em que a artista se debruça pelos anos seguintes: as casas.
A série de desenhos de casas marca sua entrada no sistema de arte paulistano. Em 2018, expõe esses trabalhos junto à artista Sônia Gomes (1948), na galeria Mendes Wood. As construções de Ledora estão suspensas no vazio do papel. Ainda que se ancore na ideia arquitetônica de casa, os desenhos apresentam construções impossíveis, em que paredes se desdobram e espaços misteriosos se revelam. Em Sem título (2017), por exemplo, a abertura na construção feita de formas que lembram paredes e telhado mostra ao espectador uma árvore.
De acordo com a artista, apesar do seu trabalho ter traços abstratos e se tratar de construções inventadas, ele parte de dados da realidade, como a vista para diversas casas de uma comunidade que enxerga a partir de sua residência. Em 2021, faz sua primeira sua primeira individual na Galeria Mapa, intitulada Se Possível, Fique em Casa, que se aproveita do bordão muito usado durante a crise sanitária de Covid-19, em 2020, cujo principal método para contenção do vírus é o isolamento social. O título da mostra sugere que, ao ver os desenhos, os visitantes fiquem nas casas construídas por ela – construções fechadas para o mundo sem portas ou janelas. Segundo o curador Renato de Cara (1963), esses trabalhos aludem a lugares mágicos, de proteção, para guardar lembranças relacionadas à fé e ao afeto.
Autodidata em artes visuais, Marga Ledora se dedica ao desenho, domínio onde explora principalmente formas geométricas. As figuras de casas se tornam presentes em seu trabalho a partir de meados dos anos 2000. As construções inventadas pela artista trazem elementos de seus trabalhos geométricos-abstratos, mas também apresentam uma forma mais orgânica e o aparecimento de uma linha mais solta.
Obras 5
A parte que falta
No mar
Retalhos
Sem título
Sobre meus Pés
Exposições 2
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24/11/2019 - 31/1/2018
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3/5/2024 - 27/10/2024
Fontes de pesquisa 5
- AURA Galeria. Marga Ledora. São Paulo. Disponível em: https://aura.art.br/artistas/marga-ledora. Acesso em: 27 ago. 2022.
- GALERIA MENDES WOOD. Envio de materiais da artista Sonia Gomes [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por enciclopedia@itaucultural.org.br em 15 jul. 2021.
- LEDORA, Marga. Fique em casa, se puder. Curadoria Renato de Cara. São Paulo: Galeria Mapa, 2020. Exposição realizada no período de 1 dez. 2020 a 15 jan. 2021.
- LEDORA, Marga. Marga Ledora. [Entrevista cedida a] Karina Sérgio Gomes.Itaú Cultural, São Paulo, abr. 2022.
- LEDORA, Marga; GOMES, Sonia. Marga Ledora e Solange Gomes. Curadoria Camila Bechelany. São Paulo: Galeria Mendes Wood, 2018. Exposição realizada no período de 24 nov. 2018 a 31 jan. 2019. Disponível em: https://mendeswooddm.com/pt/exhibition/sonia-gomes--marga-ledora/text. Acesso em: 19 abr. 2022.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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MARGA Ledora.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa643111/marga-ledora. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7