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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Victor de La Rocque

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.03.2024
1985 Brasil / Pará / Belém
Victor de La Rocque Bevilacqua Adrião (Belém, Pará, 1985). Artista visual. Seus trabalhos envolvem múltiplas linguagens, como performance, vídeo, fotografia e instalação. O corpo de La Rocque atua como elemento disparador em sua obra, principalmente em ações com desdobramentos plásticos. 

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Victor de La Rocque Bevilacqua Adrião (Belém, Pará, 1985). Artista visual. Seus trabalhos envolvem múltiplas linguagens, como performance, vídeo, fotografia e instalação. O corpo de La Rocque atua como elemento disparador em sua obra, principalmente em ações com desdobramentos plásticos. 

O interesse do artista pelas artes desperta na convivência familiar. O vínculo com o primo Claudio de La Rocque Leal (1956-2006), curador, crítico e jornalista, uma figura importante para o estabelecimento do circuito artístico de Belém, representa etapa importante para o desenvolvimento de sua trajetória na área. Sua formação se desdobra em sua cidade natal: aos 8 anos de idade, estuda música erudita no Conservatório Carlos Gomes, onde permanece por cinco anos; na adolescência, interessa-se pelo teatro e inicia em 2003 a formação técnica para atores na Universidade Federal do Pará (UFPA). A ausência de um curso de artes cênicas na graduação em Belém inviabiliza a continuidade dos estudos nessa área e o artista opta pelas artes visuais, na Universidade da Amazônia (Unama). 

Durante a graduação, afasta-se do teatro, e a performance surge como continuidade do desejo de usar o corpo como material. Os trabalhos desse momento carregam procedimentos teatrais e evidenciam a interdisciplinaridade de sua trajetória. Em A banheira (2007), performance realizada em parceria com a artista Luciana Magno (1987), La Rocque toma banho imerso em uma videoinstalação, diante do público.

Os projetos decorrentes das investigações iniciaisdo artista tematizam questões que partem do corpo, sua relação com sexo, animalidade e trabalho. As soluções são múltiplas e variadas e, em comum, tensionam situações em espaços públicos e expositivos. 

Em Sex shop (2007), centenas de velas vermelhas em formato de órgãos genitais são colocadas na Rua Riachuelo, antiga zona de prostituição na capital paraense. Além da ação, registros em vídeo são apresentados numa instalação pela primeira vez na Arte Pará 2007, realizada em Belém, na qual recebe o prêmio de aquisição com esse trabalho. Para o pesquisador e artista Orlando Maneschy (1968), a obra transcende o espaço museal, trazendo discussões sobre o que é escamoteado pela sociedade. 

No mesmo período, inicia sua série mais longa e complexa, Gallus sapiens (2007-2011). Apresentada em mostras coletivas em Belém e outras cidades, como Brasília, Espírito Santo e Rio de Janeiro, a circulação do projeto confere visibilidade nacional ao trabalho de La Rocque. A partir de ações realizadas por meio de interferências do artista em espaços públicos de Belém, intituladas Glória Aleluia e a mão de Deus, Come, ainda tens tempo e Entre os meus e os seus, a série é dividida em três partes, que têm em comum a investigação sobre galináceos. Nas ações, a ave surge como metáfora da condição animal humana e sua existência. Galos e galinhas, além participarem vestindo trajes especiais em um vernissage, também são atados ao corpo de La Rocque em caminhadas em vias movimentadas de Belém e em pontos históricos da cidade, como o Monumento à Cabanagem, o Museu Histórico do Pará e feiras. O artista inverte os papéis na última performance do conjunto e se coloca “para o abate”, ao entrar em uma reprodução em escala humana do cone de aço galvanizado utilizado para matar galinhas em feiras livres. 

Todas as performances de La Rocque servem de partida para videoinstalações que flexionam registros das intervenções com o espaço expositivo. Em Gallus sapiens, as performances se sobressaem como mote de ruídos para o público nos contextos em que ocorrem, que, por sua vez, adquirem significados simbólicos na composição das obras.

Nas obras posteriores, o embate entre humanidade e animalidade continua a ser explorado. Com a sucessão de eventos políticos conturbados no Brasil, em 2017, La Rocque passa a tratar desse contexto em seus trabalhos. Na série Para entender política brazileira (2017), convoca pessoas por chamada aberta para colher depoimentos; realiza a Camisa social para pessoas com dificuldade de distinguir a esquerda da direita (2017), uma camisa preta de corte tradicional com as mangas bordadas com as palavras “direita” e ”esquerda”; e um videoguia com indicações de ação para o público, Sinfonia para a esquerda e direita (2017). A série é exposta no mesmo ano na primeira mostra individual do artista, durante a Temporada de Projetos do Paço das Artes, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, organizada pela curadora Daniela Labra (1974). 

A inserção de objetos produzidos em circunstâncias específicas, gerando novos sentidos e novas possibilidades de leitura para o público torna-se cada vez mais frequente nos trabalhos de La Rocque a partir de 2018. Entre eles, destaca-se Práticas do fracasso (2018), em que uma faixa de grande proporção com a frase “Eu fracassei” é instalada em várias cidades, em situações expositivas ou autônomas. 

As obras de Victor de La Rocque empregam múltiplas linguagens e apresentam soluções encontradas especificamente para cada situação e projeto. A performance e seus desdobramentos plásticos, a escolha dos espaços para as ações e a abordagem de temas comuns e universais, muitas vezes incômodos, são elementos centrais para a constituição de seus trabalhos. Sua obra, frequentemente apresentada em contextos não destinados à arte, garante embate direto com um público diverso, gerando novas possibilidades de leitura e um contraponto crítico ao sistema da arte convencional.

 

Exposições 15

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