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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Luciana Magno

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.11.2022
1987 Brasil / Pará / Belém
Luciana Loureiro Figueira Magno (Belém, Pará, 1987). Artista plástica, performer, pesquisadora. Trabalha com fotografia, vídeo e performance feita para a câmera. Sua obra estabelece um diálogo entre o corpo humano e a paisagem, especialmente de locais marcados por tensões ambientais e sociopolíticas. 

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Luciana Loureiro Figueira Magno (Belém, Pará, 1987). Artista plástica, performer, pesquisadora. Trabalha com fotografia, vídeo e performance feita para a câmera. Sua obra estabelece um diálogo entre o corpo humano e a paisagem, especialmente de locais marcados por tensões ambientais e sociopolíticas. 

Desde jovem, apresenta interesse pela fotografia, quando reconstrói o álbum de sua família após uma mudança de casa. Mais tarde, participa da oficina FotoAtiva, em Belém do Pará, com o fotógrafo paulista Miguel Chikaoka (1950) e, nesse momento, recebe do pai diversos equipamentos que permitem o início de sua experimentação com a fotografia. Quando adolescente, transita com frequência pelo Brasil, o que a faz se perguntar, dada a diversidade cultural que observa, o que constituiria uma identidade brasileira possível, tema que vai integrar parte relevante de seu trabalho, a começar pelo projeto Telefone sem fio – do Oiapoque ao Chuí (2013).

Entre 2005 e 2010, cursa artes visuais e tecnologia da imagem na Universidade da Amazônia (Unama), em Belém, e ingressa no mestrado em artes, com ênfase em arte contemporânea, na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde inicia o projeto BlaBlaBla (2010), sobre a construção do discurso acadêmico. No mesmo ano, o trabalho é transposto para as ruas de Belém, durante o período eleitoral, e adquire novo significado. Luciana comparece a carreatas políticas com sistemas sonoros, em um carro ou bicicleta, entoando repetidamente as palavras “Bla Bla Bla”. Somados à ação, o ruído dos gritos dos pedestres, carros e das caixas de som, junto às bandeiras e balões de campanhas, constroem um limiar entre cotidiano e absurdo, além de criar uma situação crítica aos discursos eleitorais. Em 2016, após a realização de uma residência artística na Delfina Foundation, em Londres, a artista faz outra ação, no Rio de Janeiro. Durante manifestações de grupos monarquistas contra o então governo de Dilma Rousseff (1947), Luciana surge em meio aos manifestantes segurando balões infláveis com as palavras que levam o nome do projeto. 

Em 2011, inicia a série Orgânicos (2011), que lhe rende ampla visibilidade, recebendo diversos prêmios e bolsas, entre eles a Bolsa de Pesquisa e Experimentação Artística do Instituto de Artes do Pará (IAP), em 2013, e o Prêmio VideoBrasil, em 2015. O projeto é composto por performances voltadas para o vídeo e a fotografia, realizadas em um período de seis anos, que tem como fio condutor a junção do corpo da artista às paisagens que visita. Para o curador Orlando Maneschy (1968), existe um desejo de integração, de diálogo, de troca física com a natureza. Em algumas fotografias e vídeos seu corpo está tão integrado à paisagem que se leva algum tempo para percebê-lo.

Parte dessa pesquisa é elencar locais onde interessa pensar a relação entre homem e natureza, principalmente regiões ricas em matéria-prima, onde se mantém a lógica do sistema colonial. A partir do tema, inicia Transamazônica (2014), com a bolsa recebida no IAP. Com pouco mais de um minuto de duração, o vídeo exibe uma paisagem marcada por pasto, plantação de soja e poeira, em contradição com o nome que a estrada recebe. A aridez da poeira expõe a precariedade da estrada, contraposta ao corpo da artista, que o dispõe nu no centro da imagem, em posição fetal, em referência a algumas tribos indígenas da região, que costumavam sepultar seus mortos da mesma maneira. 

Luciana Magno continua a explorar a história de paisagens em decadência, associadas ao extrativismo intenso de matéria-prima e à contraposição de seu próprio corpo em um ambiente hostil e fragilizado, como em Belterra (2014), que integra a série Orgânicos, e Serra Pelada (2014). Neste vídeo, uma figura humana nua escala com dificuldade um paredão de uma mina abandonada no Parque Nacional da Serra dos Carajás, sul do Pará, que abriga a região da Serra Pelada, conhecida pela intensa e problemática atividade garimpeira no início dos anos 1980.

Ingressa em 2018 no doutorado em poéticas visuais na Universidade de São Paulo (USP), onde continua a pesquisa sobre identidade nacional. Explora em sua tese o imaginário de nação construído a partir de imagens dos viajantes europeus em fotografias, desenhos, pinturas e narrativas construídas no período. A partir desse mergulho, desenvolve a ação Jurema (2019), realizada no Minhocão, em São Paulo. A artista caminha do início do viaduto até o prédio da Galeria Reocupa, empunhando uma bandeira com mastro alto, composta por uma imagem aérea de floresta. O trabalho pretende ressignificar a bandeira original, utilizada inicialmente pela coroa portuguesa. Os trabalhos de Luciana Magno são marcados por uma quase ausência de sequência narrativa, de som, de movimento, por um tempo em suspensão. 

Seu corpo, frequentemente contraposto a paisagens hostis e monumentais, em posições estáticas ou desenvolvendo ações mínimas, coloca o espectador em relação direta a espaços marcados por intensa exploração socioeconômica, principalmente ligada ao extrativismo de matérias-primas. A figura humana em seus vídeos, vista quase como outro elemento das paisagens, de forma austera, surge inibida de subjetividade, rosto ou voz, em estado meditativo e estabelece possibilidades de criação de outra relação possível com esses espaços e de novas concepções de uma identidade nacional e do corpo.

Exposições 27

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Fontes de pesquisa 19

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