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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Eucanaã Ferraz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.10.2023
18.05.1961 Brasil / São Paulo / São Paulo
Eucanaã de Nazareno Ferraz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1961). Poeta, professor, ensaísta e autor de histórias infantis. A produção literária de Eucanaã Ferraz explora os sentimentos que movem a existência humana bem como tematiza o próprio fazer poético. 

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Eucanaã de Nazareno Ferraz (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1961). Poeta, professor, ensaísta e autor de histórias infantis. A produção literária de Eucanaã Ferraz explora os sentimentos que movem a existência humana bem como tematiza o próprio fazer poético. 

Gradua-se em letras em 1984 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição onde segue os estudos e a carreira acadêmica. Estreia na literatura com Livro Primeiro (1990). Desde a primeira publicação, os poemas descritivos revelam o lugar central destinado ao labor poético. É o caso de “Passeio”, cuja construção elaborada dos versos por meio de paradoxos compõe a imagem poética de esvaziamento: “[...] Dentro do cinema, quanto tudo é escuro / são todos anônimos e mesmo em inúmeros / assim como são, ficam uma só pessoa / no escuro, como se não fosse ninguém”.

Em 1991, integra a antologia Esses Poetas – Uma Antologia dos Anos 90, organizada pela pesquisadora Heloísa Buarque de Hollanda (1939). Conclui o mestrado em letras com dissertação sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), em 1994, e adquire o título de doutor com tese sobre João Cabral de Melo Neto (1920-1999), em 1997. Em seguida, atua como professor de literatura brasileira na UFRJ e pesquisador da poesia portuguesa contemporânea. É membro da Cátedra Jorge de Sena para estudos literários luso-afro-brasileiros, ligada à UFRJ e à Fundação Calouste Gulbenkian, por meio da qual recebe apoio para o desenvolvimento de estudos e divulgação da poesia dos países lusófonos.

Lança o segundo livro, Martelo, em 1997. A crença na poesia como força capaz de organizar o mundo por meio do trabalho do poeta é tema que se destaca nessa obra. Um exemplo é “Nome do Poeta”, uma homenagem à poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004): “Os barcos, recém-nascidos, / respiram lentamente. / Como quem quisesse / tocar o pulmão do sol ali, / escrevo teu nome – martelo no vento – Sophia de Mello Breyner Andresen”. 

O autor tem como traços característicos o apuro formal e a tendência descritiva. A construção resultante da métrica regular e do trabalho cuidadoso com a sonoridade leva alguns críticos a identificarem sua obra como neoconcreta, dado o rigor com a forma nos versos. 

Participa da 1ª Bienal Internacional de Poesia de Faro, em Portugal, e então lança seu livro Desassombro (2001), inicialmente nesse país e só no ano seguinte, 2002, no Brasil. Explorando assonâncias, aliterações e sintaxe fragmentada em prol do ritmo, Ferraz destaca a importância concedida à relação entre som e sentido, conforme se verifica nos seguintes versos: “[...] reduzindo o poema / a uma palavra: onomatopeia”. 

Em 2003, organiza o livro Letra Só, seleção de letras das canções de Caetano Veloso (1942), e a edição de Poesia Completa e Prosa de Vinicius de Moraes (2004). No ano seguinte, elabora o ensaio Vinicius de Moraes. Em Rua do Mundo (2004), apresenta reflexões sobre poesia bem como ilustra formas para o ambiente urbano que extrapolam o estatuto de cenário. Em 2005 organiza O Mundo Não É Chato, compilação de artigos de Caetano Veloso, e Veneno Antimonotonia, antologia com trabalhos de músicos e poetas consagrados, como Cazuza (1958-1990) e Carlos Drummond de Andrade. 

Em 2008, lança o volume de poesias Cinemateca. No mesmo ano, estreia na literatura infantil com Poemas da Iara. A produção literária para jovens leitores segue com a publicação de Bicho de Sete Cabeças e Outros Seres Fantásticos (2009), Palhaço, Macaco, Passarinho (2010) – que recebe o Prêmio Ofélia Fontes de Melhor Livro para a Criança –, Água Sim (2011), Em Cima Daquela Serra (2013) e Cada Coisa (2016). Na literatura infantil o trabalho formal se manifesta no jogo de palavras com que procura familiarizar os leitores com recursos como a metáfora, como neste trecho de Palhaço, Macaco, Passarinho: “O palhaço vive leve como um passarinho. / O palhaço é colorido como um passarinho. / O palhaço é engraçado. / O palhaço parece um macaco. / O macaco sorri. / [...] O macaco faz macaquices e a gente ri”.

A partir de 2010, atua como consultor de literatura do Instituto Moreira Salles. Em 2012, realiza pós-doutorado na Fundação Casa de Rui Barbosa, mesmo ano da publicação de Sentimental, vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Melhor Livro de Poesia de 2012. Em 2015, publica Escuta e, em 2019, lança Retratos com Erro. 

Com lirismo e rigor formal, Eucanaã Ferraz consegue explorar temas que passam pela subjetividade e pela poesia enquanto recurso para conhecer o mundo. Além da docência e da produção acadêmica, atua na composição de antologias com trabalhos de nomes importantes da cena musical e poética da língua portuguesa.

Espetáculos 2

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Exposições 9

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Fontes de pesquisa 3

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  • AMORIM, Bernardo Nascimento de. Resenha de Rua do mundo. O eixo e a roda: Revista de Literatura Brasileira. Belo Horizonte, v. 11, 2005, p. 179-184. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/poslit. Acesso em: 25 jul. 2012.
  • BALDAN, Maria de Lourdes Ortiz Gandini. Algumas considerações sobre a poesia de Eucanaã Ferraz. Cadernos de Semiótica Aplicada, Araraquara, v. 9, n.2, dez. 2011. Disponível em: http://seer.fclar.unesp.br/casa/issue/view/424. Acesso em: 26 jul. 2012.
  • MARTELO, Rosa Maria. Setas, elásticos e lanças (modos de usar). In: FERRAZ, Eucanaã. Rua do Mundo. Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2007.

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