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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

José Bernnô

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.10.2015
16.02.1949 Brasil / São Paulo / São Paulo
19.11.2009 Brasil / São Paulo / São Paulo
José Norberto de Mattos (São Paulo, SP, 1949 - idem 2009). Pintor, mecânico e músico. Nasce e vive no bairro do Limão, zona norte de São Paulo. Forma-se técnico em mecânica pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e atua também com desenhista de projetos mecânicos. Em torno dos 20 anos de idade, ao trabalhar em uma concessionária...

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Biografia
José Norberto de Mattos (São Paulo, SP, 1949 - idem 2009). Pintor, mecânico e músico. Nasce e vive no bairro do Limão, zona norte de São Paulo. Forma-se técnico em mecânica pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e atua também com desenhista de projetos mecânicos. Em torno dos 20 anos de idade, ao trabalhar em uma concessionária de automóveis participante de corridas esportivas, especializa-se na funilaria e pintura desses veículos.

Estuda desenho arquitetônico e trabalha como projetista. Nesse tempo, começa a produzir pinturas figurativas. Monta sua primeira oficina mecânica aproximadamente em 1979, a Onix Import, que se especializa em funilaria, pintura e  personalização de veículos. Ingressa na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde se forma em 1987. A partir de 2001, frequenta cursos livres com os pintores Paulo Pasta (1959) e Marco Giannotti (1966). Participa do 30º Salão de Arte de Ribeirão Preto em 2005 e recebe o prêmio de aquisição. Realiza a instalação Torre (2005) com a artista Bruna Costa, no Ateliê 397, em São Paulo. Mantém ateliê de pintura na própria oficina.

Ao requerer serviços para o conserto de seu carro, alguns artistas tomam contato com as pinturas ali expostas e reconhecem nelas uma produção rica esteticamente. Desse encontro resulta sua primeira exposição individual no Estúdio Buck (2008), em São Paulo e, no mesmo ano, o cineasta Pedro Gorski inicia a produção do documentário Bernnô, concluído em 2010. Morto em 2009 vítima de um enfarto, tem exposição póstuma organizada por Rodrigo Naves e Maurício Buck em 2010, na qual são exibidos 40 desenhos inéditos produzidos entre 2008 e 2009.

Comentário crítico
A sobreposição de planos cromáticos nos quadros de José Bernnô estrutura composições concisas e abertas ao espaço, que incitam a sensação de fragmento. Sem rigidez geométrica, seus elementos de construção vêm do próprio cenário urbano. O artista produz inicialmente obras figurativas, entre retratos de amigos e ícones da música. O contato com pintores como Paulo Pasta, Marco Giannotti e abstratos americanos desperta seu interesse pela abstração. Os elementos ligados ao tratamento da fatura ganham então maior relevância em seu trabalho.

A simplicidade da articulação entre formas e cores faz lembrar algumas soluções de Alfredo Volpi (1896-1988),1 no entanto, sem o mesmo desejo de equilíbrio. Cores mais puras convivem de forma tensa com combinações que se amenizam pelo rebaixamento ou proximidade de matizes. Em Geometria Bamba II (2006), a predominância de vermelhos e amarelos mais intensos não atenua a presença do rosa pálido, que parece não pertencer ao mesmo timbre dos demais.

Bernnô explora um procedimento de origem industrial, a aplicação do esmalte automotivo com o uso de compressor. Utiliza, ao mesmo tempo, tinta a óleo e cera de abelha aplicada com espátula a fim de obter superfícies variadas. Em O Amarelo Tomou Conta áreas foscas, brilhantes e transparentes acentuam as diferenças entre tons semelhantes. Sua pintura possui espaços além da superfície, com sobreposições inspiradas em muros caiados e corroídos. As camadas de cor e os rasgos produzidos pelo uso de fitas adesivas compõem a memória da matéria pictórica, que se torna cheia de tensões e acidentes, em consonância com a visualidade da cidade.

Nota
1 ALVES, Cauê. José Bernnô: a matéria da pintura. São Paulo: Estúdio Buck, 2008.

Exposições 3

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Fontes de pesquisa 9

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  • ALVES, Cauê. José Bernnô: a matéria da pintura. São Paulo: Estúdio Buck, 2008.
  • Artista plástico José Bernnô morre em São Paulo; corpo será cremado nesta sexta. in: UOL Entretenimento. Notícias. Disponível em: [http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/2009/11/19/ult4326u1445.jhtm]. Acesso em: 24 nov. 2009.
  • BERNNÔ. Direção Pedro Gorski; produção Líquido Produções, São Paulo. Gravado entre setembro e novembro de 2008. Digital, colorido, 2010, 23 min. Disponível em: http://vimeo.com/59314983. Acesso em: 30 jun. 2014.
  • BONADIA, Fernanda; LOURENÇO, Marco. A estrela da hora. Produção CineNaja, digital, 2008, 3m10s. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=rIjNbj3h86s. Acesso em: 30 jun. 2014.
  • CARVALHO, Mario Cesar. Elogiado pela crítica, pintor faz 1ª mostra aos 59 anos. Folha de S.Paulo, São Paulo, 5 ago. 2008. Ilustrada.
  • CARVALHO, Mario Cesar. Pintor de carros vira artista plástico. Folha de S.Paulo, São Paulo, 4 jul. 2004. Ilustrada. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0407200412.htm. Acesso em: 12 jul. 2014.
  • DIORIO, Rocheli. Modernização chega às oficinas mecânicas. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 11 jun. 1996.
  • MONACHESI, Juliana. Arranha-céu de improviso. São Paulo: Ateliê 397, 5 mai. 2005. Disponível em http://atelie397.com/arranha-ceu-de-improviso-por-juliana-monachesi/. Acesso em: 10 jul. 2014.
  • NAVES, Rodrigo. A alegria arisca da arte de Bernnô. O Estado de S. Paulo, São Paulo: 19 ago. 2008. Caderno 2.

Como citar

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