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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Antonio Guedes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
08.06.1963 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Antonio de Souza Pinto Guedes (Niterói RJ 1963). Diretor. Funda, no Rio de Janeiro, em 1991, o Teatro do Pequeno Gesto, companhia de repertório que desenvolve um trabalho cênico de pesquisa, no qual valoriza a dramaturgia clássica e promove um diálogo intenso entre a prática e a reflexão teórica.

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Biografia
Antonio de Souza Pinto Guedes (Niterói RJ 1963). Diretor. Funda, no Rio de Janeiro, em 1991, o Teatro do Pequeno Gesto, companhia de repertório que desenvolve um trabalho cênico de pesquisa, no qual valoriza a dramaturgia clássica e promove um diálogo intenso entre a prática e a reflexão teórica.

Ingressa no curso de graduação em teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 1983. Passa a integrar, em 1984, o grupo Studio, coordenado por Helena Varvaki, que tem como base de pesquisa um treinamento físico a partir de estudos sobre o trabalho de Grotowski. Em 1986, o grupo apresenta o espetáculo Antígone, de Sófocles, sua primeira realização profissional como diretor, em colaboração com Helena Varvaki.

A convite de Angela Leite Lopes, Guedes integra, em 1987, o projeto de pesquisa no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujo primeiro trabalho é o espetáculo O Olhar de Orfeu, direção sua para texto de Alberto Tibaji, baseado em ensaio de Maurice Blanchot. É sua primeira colaboração com a dramaturgista Fátima Saadi. Em 1989, dirige Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, no Fórum de Ciência e Cultura, com atuação de Angela Leite Lopes. Nesse ano o fórum recebe indicação para o Prêmio Mambembe, pelo trabalho continuado de pesquisa em teatro.

Com o fim do projeto no fórum, consolida a parceria com Fátima Saadi. Monta, em 1991, Quando Nós os Mortos Despertamos, de Henrik Ibsen, espetáculo de estreia do Teatro do Pequeno Gesto. No ano seguinte, a companhia promove a reativação do Teatro Duse, ocupando o espaço e oferecendo uma série de atividades com entrada franca. Ali Antonio Guedes dirige, em 1993, O Marinheiro, de Fernando Pessoa. Sobre a montagem, o crítico Lionel Fischer ressalta: "Coerente com o nome da companhia que lidera - Teatro do Pequeno Gesto -, Guedes persegue a sutileza, a precisão do detalhe, a emoção que pode advir de um simples olhar ou de um discreto movimento de mãos".1 Ainda no Duse, realiza nova montagem de Valsa nº 6, com a atriz Cláudia Ventura, e inicia projeto de difusão de seus trabalhos com viagens pelo Brasil, não só apresentando espetáculos como ministrando oficinas.

Em 1995, assina com Fátima Saadi o texto de Penélope, peça inspirada na Odisséia de Homero, espetáculo que Guedes também dirige. Lionel Fischer comenta: "O diretor Antonio Guedes impõe à cena uma atmosfera que possibilita ao espectador apreender toda a amarga trajetória emocional da protagonista [...]".2 Antonio Guedes promove, em 1998, o lançamento da revista de ensaios Folhetim, assumindo para sua companhia o compromisso permanente de vincular a prática teatral à reflexão teórica. No mesmo ano, dirige O Jogo do Amor, de Marivaux, e A Serpente, de Nelson Rodrigues. Sobre esse último espetáculo, o crítico Macksen Luiz afirma: "O diretor concentra o nervosismo do texto na ocupação permanente do palco, numa movimentação em que os gestos e as vozes entrecortadas apóiam e revelam a interioridade da ação".3 Lionel Fischer destaca: "Lançando mão de uma dinâmica cênica de extrema nervosidade e progressivo clima de exasperação, o diretor cria uma encenação que sugere um combate - essa sugestão é reforçada pela agressividade das posturas, pela forma como o texto é articulado e também através de uma permanente troca de posições, quase sempre a partir das extremidades do palco e passando pelo centro".4 

É convidado pelo Festival de Curitiba, em 2000, a estrear seu espetáculo Henrique IV, de Luigi Pirandello. Em 2003, dirige a adaptação de Medéia, de Eurípides, numa pesquisa sobre o papel do coro no teatro. No mesmo ano, apresenta Navalha na Carne, de Plínio Marcos. Macksen Luiz comenta: "A encenação de Antonio Guedes procura se fixar nas características realistas da peça para, através da exploração dessa linha interpretativa, atingir a essência dramática da cena. E a sua perspectiva de direção associa a área da representação ao centro da trama, utilizando a Casa Rosa, antigo bordel na Rua Alice, como ambientação".5 Abre ao público, em 2004,  o espaço de ensaios do Pequeno Gesto, um andar numa fábrica semidesativada, reformado para o espetáculo Vestir os Nus, de Pirandello. Os 15 anos da companhia são comemorados em 2006, com uma leitura dramatizada de Peer Gynt, de Ibsen, que dá continuidade à pesquisa sobre o coro, com importante presença da música original, composta por Amora Pêra e Paula Leal.

Paralelamente ao trabalho com a companhia, em 2005, dirige A Confissão de Leontina, de Lygia Fagundes Telles, monólogo com a atriz Kelzy Ecard, apresentado também em Portugal. No mesmo ano, monta, no Rio de Janeiro, com seus alunos da UniverCidade o espetáculo Open House, de Daniel Veronese. A peça abre caminho para a investigação da dramaturgia contemporânea. Dirige Ana Kfouri em O Animal do Tempo, de Valère Novarina, e monta com o Pequeno Gesto A Rua do Inferno, de Antonio Onetti, e nova versão de Valsa nº 6, com Mariana Oliveira, todos em 2007.

Um ano depois, aprofundando a pesquisa sobre a intervenção do vídeo em cena, iniciada em A Confissão de Leontina, encena A Filha do Teatro, do pernambucano Luís Augusto Reis. A crítica Ida Vicenzia analisa essa montagem: "O recurso narrativo buscado pelo autor poderia cair na armadilha do realismo, nas mãos de um diretor menos criativo. [...] Guedes mostra ser o artista indicado, pois, ao narrar o drama de uma vida, acrescenta, à narrativa, uma ação teatral deflagrada por imagens que capturam o público. O que mais impressiona no espetáculo é o texto possuir características de depoimento, com uma estrutura fechada, e, ainda assim, dar espaço para a modernidade. Uma leitura 'cibernética' na qual câmaras, telões e aparelhos eletrônicos transmitem a ilusão de multiplicação da ação. Detalhe que intriga: as raízes clássicas do teatro estão presentes, com o surgimento de cada personagem como um corifeu narrando o acontecido. [...] trata-se de uma reciclagem de linguagens antigas, acrescidas de novas técnicas".6

Antonio Guedes é iluminador de seus espetáculos até 1998. Também produz as peças do Pequeno Gesto. Engaja-se no movimento por políticas culturais públicas de apoio ao teatro, desde o Fórum das Artes, em 2003. Como ensaísta, promove reflexões regulares sobre o próprio trabalho, além de ter uma série de artigos publicados na revista Folhetim. Em 2006, torna-se professor assistente do curso de belas artes na UFRJ, onde cria, em 2008, o Centro de Produção de Espetáculos.

Notas
1. FISCHER, Lionel. O poder mágico das palavras. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 21 out. 1993.

2  FISCHER, Lionel. Grupo reafirma talento em ótima versão do mito. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 13 jun. 1995.

3. LUIZ, Macksen. Uma abordagem viva de Nelson. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 dez. 1998.

4. FISCHER, Lionel. Último texto de Nelson em versão irretocável. Tribuna da Imprensa, 8 out. 1998.

5. LUIZ, Macksen. De escândalo a clássico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 out. 2003.

6. VICENZIA, Ida. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1 maio 2009.

Espetáculos 47

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Fontes de pesquisa 9

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  • FISCHER, Lionel. Grupo reafirma talento em ótima versão do mito. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 13 jun. 1995.
  • FISCHER, Lionel. O poder mágico das palavras. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 21 out. 1993.
  • FISCHER, Lionel. Último texto de Nelson em versão irretocável. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 8 out. 1998.
  • GUEDES, Antonio. Antonio Guedes. [Entrevista cedida a] Márcio Freitas. Itaú Cultural, Rio de Janeiro, ago. 2009.
  • LUIZ, Macksen. De escândalo a clássico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7 out. 2003.
  • LUIZ, Macksen. Uma abordagem viva de Nelson. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 dez. 1998. Caderno B.
  • Pequeno Gesto pelo Pequeno Gesto. Folhetim, Teatro do Pequeno Gesto, Rio de Janeiro, n. 24, 2006.
  • TEATRO do Pequeno Gesto. Site oficial. Disponível em: [http://www.pequenogesto.com.br/]. Acesso em: agosto 2009.
  • VICENZIA, Ida. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1 maio 2009.

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