Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Taís Araújo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.06.2023
25.11.1978 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Taís Bianca de Gama Araújo Ramos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1978). Atriz, apresentadora. Integra elencos de teatro e cinema, mas é mais conhecida por seu trabalho na televisão. Costuma se envolver em produções que abordam direitos dos negros e das mulheres, em tramas ora dramáticas, ora cômicas, em que piadas são usadas para ampliar o alca...

Texto

Abrir módulo

Taís Bianca de Gama Araújo Ramos (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1978). Atriz, apresentadora. Integra elencos de teatro e cinema, mas é mais conhecida por seu trabalho na televisão. Costuma se envolver em produções que abordam direitos dos negros e das mulheres, em tramas ora dramáticas, ora cômicas, em que piadas são usadas para ampliar o alcance das mensagens de cunho social e político.

Taís Araújo esboça ser modelo na adolescência e frequenta cursos na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. No entanto, acaba se formando em jornalismo, pela Universidade Estácio de Sá, para fazer a vontade do pai, que considerava a carreira artística incerta demais. A jornada como atriz começa aos 16 anos de idade, em duas novelas da extinta Rede Manchete: Tocaia grande (1995-1996) e Xica da Silva (1996), dirigidas por Walter Avancini (1935-2001).

Xica da Silva é uma experiência traumática para Taís, que briga com o diretor por causa do excesso de nudez no papel da escrava Francisca da Silva de Oliveira, do século XVIII – a atriz aparece nua pela primeira vez no dia em que completa 18 anos. Contudo, ela conquista o prêmio de revelação no Troféu Imprensa, torna-se conhecida e é contratada pela Rede Globo, em 1997.

Sua estreia na emissora acontece no mesmo ano, na novela Anjo mau, de Maria Adelaide Amaral (1942). Na sequência, interpreta personagens secundários em novelas e faz participações em episódios de séries e do programa Você decide (1992-2000), até que volta a se destacar em novelas como a Preta de Da cor do pecado (2004), a Ellen de Cobras & lagartos (2006), ambas de João Emanuel Carneiro (1970), e a Maria da Penha em Cheias de charme (2012), de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. 

Na pele da romântica e bem-humorada Preta, destaca-se o protagonismo de uma personagem negra, algo incomum em novelas até aquela época. Com a ambiciosa e dissimulada Ellen e com a divertida empregada doméstica Maria da Penha, dois papéis com boa repercussão de público, Taís mostra ser uma atriz versátil, que se sai bem em comédia e outros gêneros.

Um momento de reflexão na carreira acontece na novela Viver a vida (2009-2010), de Manoel Carlos (1933), ao interpretar Helena, primeira protagonista negra em novela do horário nobre. Embora importante pelo ineditismo do ponto de vista racial, a novela sofre duras críticas pela construção de sua trama e em especial da personagem de Taís, que fica abalada e decide se dedicar a papéis de construções mais profundas, especialmente no teatro.

Um exemplo dessa diretriz é a peça O topo da montanha (2015), de Katori Hall (1981), que remete aos últimos momentos da vida de Martin Luther King (1929-1968), interpretado por Lázaro Ramos (1978). Taís interpreta a questionadora camareira de hotel Camae, que usa ironia e deboche para falar sobre a posição da mulher na sociedade, fazendo aflorar a faceta machista e arrogante do reverendo. Para o crítico Daniel Schenker (1974), Taís conduz seu papel com segurança e cria boa conexão com o público por meio das tiradas cotidianas que se opõem ao extremismo da situação.

Simultaneamente, Taís atua em Mister Brau (2015-2018), de Adriana Falcão (1960) e Jorge Furtado (1959), série que discute o papel do negro na televisão e na sociedade brasileira. Taís interpreta Michele, mulher, empresária e dançarina do músico de sucesso Brau (Lázaro Ramos). Permeada por humor, a série aborda questões sociais, como na cena em que o casal está na piscina de sua casa e é confundido com assaltantes, destacada pelo jornal inglês The Guardian como exemplo do racismo latente na sociedade brasileira. 

Dez anos após as críticas à sua personagem em Viver a vida, Taís volta a um papel de protagonismo no horário nobre, na novela Amor de mãe (2019-2021), de Manuela Dias (1977). Ela interpreta Vitória, uma advogada bem sucedida que abre mão de uma vida de luxo para ser mãe. A virada na trama revela uma personagem essencialmente humana, trazendo para a tela dramas e desafios da maternidade.

Além de uma lista extensa de novelas, Taís é apresentadora de programas televisivos de destaque, como Saia justa (2002-), Popstar (2017-2019) e Superbonita (2000-), em que participa de discussões sobre desigualdade (racial e de gênero), sobre o lugar da mulher negra na sociedade, beleza, televisão, showbiz, entre outros temas.

Embora a maior parte de sua carreira se dê na televisão, também transita pelo cinema. Em Garrincha – Estrela solitária (2003), de Milton Alencar (1952), críticos afirmam que a interpretação dela, como Elza Soares (1930-2022), é a única que se destaca, por reproduzir fielmente a postura da artista e os trejeitos de sua forma de cantar, num trabalho corporal notável. Pela personagem Cida em Filhas do vento (2004), um drama familiar assombrado por escravidão e racismo, Taís recebe o prêmio de melhor atriz coadjuvante do Festival de Cinema de Gramado. O diretor Joel Zito Araújo (1954) destaca sua seriedade e seu cuidado na caracterização da personagem e memorização dos textos. Em Medida provisória (2020), o diretor Lázaro Ramos destaca a intuição da atriz ao interpretar a médica Capitu e a capacidade de imprimir sua opinião ao mesmo tempo em que oferece o que a cena precisa.

Fora dos estúdios e palcos, Taís se mantém na militância por igualdade racial e de gênero, o que lhe rende reconhecimento de universidades, publicações e instituições, sendo  nomeada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2021 como uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos de idade. Nas redes sociais, procura combater o racismo, o assédio e a misoginia.

Taís Araújo usa sua fama e talento para tratar das injustiças que ela enxerga na sociedade, criando uma via de mão dupla entre o seu papel social de mulher, negra e mãe de família e as personagens que interpreta de forma marcante, usando senso de humor a serviço das causas que considera relevantes.

Espetáculos 3

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 14

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: