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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Adalgisa Nery

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.03.2015
29.10.1905 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
07.06.1980 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Retrato de Adalgisa, 1924
Ismael Nery, Adalgisa Nery
Óleo sobre tela
39,50 cm x 32,00 cm

Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (Rio de Janeiro, RJ, 1905 - idem 1980). Poeta, romancista, contista e jornalista. Desde a infância Adalgisa demonstra forte sensibilidade poética associada a episódios marcantes de sua vida, como a perda da mãe, aos oito anos. Em 1922, casa-se com o pintor Ismael Nery (1900-1934) e toma contato com ...

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Biografia
Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira (Rio de Janeiro, RJ, 1905 - idem 1980). Poeta, romancista, contista e jornalista. Desde a infância Adalgisa demonstra forte sensibilidade poética associada a episódios marcantes de sua vida, como a perda da mãe, aos oito anos. Em 1922, casa-se com o pintor Ismael Nery (1900-1934) e toma contato com a vida intelectual brasileira. Entre 1927 e 1929, Adalgisa e Nery vivem na Europa e conhecem artistas de vanguarda internacionais. Torna-se viúva em 1934 e começa a trabalhar no Conselho de Comércio Exterior do Itamaraty. Incentivada por amigos como o poeta Murilo Mendes (1901-1975), publica sua primeira obra, Poemas, em 1937.

Em 1940 casa-se com o jornalista Lourival Fontes (1899-1967), diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) da ditadura de Getúlio Vargas (1882-1954). Entre 1940 e 1945, acompanha o marido em missão diplomática pelo Canadá e Estados Unidos. Em seguida, muda-se para o México, onde Fontes se torna embaixador. Convive com artistas mexicanos como os pintores Diego Rivera (1886-1957) e José Orozco (1883-1949), pelos quais é retratada. Em 1952 torna-se a primeira mulher a receber a Ordem da Águia Asteca, por suas conferências sobre a poeta mexicana Juana Inés de la Cruz (1651?-1695).

No ano seguinte, o editor francês Pierre Seghers (1906-1987) traduz e publica uma coletânea de poemas de Adalgisa em Paris. Ainda em 1953, a escritora separa-se do marido e começa a tecer comentários políticos na coluna Retrato sem Retoque do jornal Última Hora. Jornalista combativa, é eleita deputada em 1960, pela legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas, devido ao golpe militar, sua coluna no jornal é censurada e seus direitos políticos cassados. Sem recursos próprios, Adalgisa muda-se para a casa do filho mais novo, o artista plástico Emmanuel Nery (1931-2003). Em 1976, interna-se por espontânea vontade em uma clínica geriátrica no Rio de Janeiro, onde falece, em 1980.

Comentário crítico
Apesar de acompanhar de perto o movimento modernista nas décadas de 1920 e 1930, sendo musa de artistas plásticos e escritores, o primeiro livro de Adalgisa Nery só é publicado em 1937, com o título Poemas. Este e o livro seguinte, a Mulher Ausente, de 1940, levam a autora a ter sua obra comparada, pelo poeta Manuel Bandeira (1886-1968), à obra da poeta grega Safo de Lesbos (século VII a.C.), pelo erotismo libertário, e do poeta português Antero de Quental (1842-1891), pelo tom trágico.

Nesses poemas, Adalgisa reflete sobre a condição da mulher em um mundo machista, tema até então inédito na literatura brasileira. Influenciada por algumas correntes das artes plásticas, a autora recorre a imagens utópicas, ora de um passado distante, ora de um futuro sonhado, para se contrapor ao presente. Por isso, alguns críticos definem sua poesia como "uma palpitação mística" que enfrenta a vida cotidiana. Essa característica torna-se mais evidente nos livros seguintes, sobretudo em As Fronteiras da Quarta Dimensão, de 1952, considerado pela própria autora como sua obra mais apurada e amadurecida.

Paralelamente à sua obra poética, quase toda reunida em Mundos Oscilantes, de 1962, Adalgisa escreve dois volumes de contos e dois romances. Seu maior sucesso editorial, o romance A Imaginária, de 1959, é interpretado como uma autobiografia sobre seu conturbado casamento com o pintor Ismael Nery. Além disso, entre 1953 e 1966, Adalgisa mantém uma intensa produção jornalística através do Retrato sem Retoque, coluna diária sobre política no jornal Última Hora.

Nos anos 1960, a autora dedica-se à militância política e não publica nenhuma obra inédita. Em 1972, publica o romance Neblina, dedicado ao apresentador de televisão Flávio Cavalcanti (1923-1986). A dedicatória é malvista por artistas e críticos, uma vez que o apresentador é simpatizante da ditadura militar, o que prejudica a divulgação da obra. Desmotivada, Adalgisa lança sua última obra no ano seguinte: o volume de poemas intitulado Erosão.

Obras 5

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Exposições 1

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Como citar

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