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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Jonatas Manzolli

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
09.04.1961
Jônatas Manzolli (Olímpia, São Paulo, 1961). Matemático, músico, compositor e professor universitário. Ingressa no curso de matemática aplicada computacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 1979, formando-se em 1983. Passa a frequentar o curso de música, em 1982, na mesma universidade, graduando-se em composição e regência em 1...

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Biografia

Jônatas Manzolli (Olímpia, São Paulo, 1961). Matemático, músico, compositor e professor universitário. Ingressa no curso de matemática aplicada computacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 1979, formando-se em 1983. Passa a frequentar o curso de música, em 1982, na mesma universidade, graduando-se em composição e regência em 1987. Durante sua formação musical é aluno de Almeida Prado (1943-2010), Raul do Valle (1936) e Dammiano Cozzela (1929).

Membro da Sociedade Brasileira de Música Elestroacústica (SBME), da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e do Núcleo Brasileiro de Computação e Música (Nucom), dedica-se ao estudo das aplicações de modelos matemáticos à composição musical algorítmica, síntese sonora e desenvolvimento de sistemas interativos e interfaces gestuais.

Defende dissertação de mestrado Um Modelo Matemático para Timbre Orquestral na área de Matemática Aplicada da Unicamp, em 1988. Faz doutorado em composição musical da Universidade de Nottingham, Inglaterra, em 1993, com a  tese Non-linear Dynamics and Fractal Geometry as a Model for Sound Synthesis and Real Time Composition. Entre os anos de 1992 e 1993, especializa-se em música computacional no Instituut voor Sonologie de Haia, Holanda.

Em 1994, vincula-se à Unicamp, como bolsista recém-doutor, tornando-se professor, em 1997.

Interessado nas pesquisas sobre auto-organização e neuroinformática, atua, desde 2005, como professor-pesquisador do Synthetic, Perceptive, Emotive and Cognitive group (Specs), vinculado ao Centro de Sistemas Autonomos e Neurobótica da Universitat Pompeu Fabra em Barcelona, Espanha. Lá, leciona a disciplina de comunicação sonora no curso de mestrado em sistemas cognitivos e mídias interativas.

Desenvolve suas pesquisas no Grupo de Música Computacional do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (Nics) da Unicamp, do qual é coordenador. Nele, trabalha na criação e utilização de interfaces que usam ondas cerebrais como suporte para que algoritmos matemáticos produzam música. O grupo explora diferentes níveis de interação entre seres humanos e robôs.

Análise

Além de pesquisas e atividades acadêmicas, a obra artística de Jônatas Manzolli compreende peças de câmara, obras sinfônicas e composições eletroacústicas. Como artista multimídia, cria instalações sonoras e performances que integram corpos humanos e máquinas.

Pode-se acrescentar a sua produção artística o desenvolvimento de instrumentos, robôs e interfaces computacionais para fins musicais, estruturados a partir da luteria digital, que permite construir sistemas e instrumentos utilizando recursos tecnológicos variados.

Um exemplo deste tipo de abordagem criativo-composicional pode ser visto em Aural (2009), uma instalação-performance, em que robôs, músicos e uma bailarina interagem criando uma experiência musical. Na obra, há diversos níveis de mediação entre os agentes: o da máquina que suporta um algoritmo; o jogo performático entre a máquina e os agentes humanos – bailarina ou músicos – e o da máquina que lê e retroalimenta o ambiente com informações sonoras.

Manzolli desenvolve interfaces que captam a atividade neural e as traduzem, por meio de algoritmos, em informações sonoras. É o caso, por exemplo, das obras desenvolvidas com base no projeto RoBoser que, desde 1998, apresenta criações que combinam software, hardware e interfaces interativas homem-máquina para performances sonoras.

No campo da música eletroacústica, cria peças cuja característica é a composição de ambiências sonoras, como Acqua Viva (1998), uma colagem sonora de inspiração concretista. A obra é concebida como percurso em que o viajante é conduzido por três diferentes paisagens sonoras: um ritual de águas corredeiras, que mistura vozes e sons percutidos; um ambiente noturno que combina o som das águas ao de insetos e outros animais noturnos; e um coral de murmúrios em que a presença sonora da água aparece integrada ao som de vozes.

Em Objetos Afetos  (2003), peça para voz e sons eletrônicos, um poema é lido entre uma trama eletroacústica composta com base no som de instrumentos feitos por artesões populares, relacionando-se com o primeiro verso do poema:

tranças nos caminhos entrelaçando retalhos, trapos, cordas, tocos, mourões e pedras... esculpidas, pintadas, em muros, cortinas e porões, transformam o chão, criam forma e expressão, nascem com beleza e sonho, com afetos, desafetos e paixões

O poema com assonâncias vai, na voz de Sara Lopes, recebendo tessituras de sons eletrônicos, criando uma espécie de clima de suspense. O texto compõe uma camada de significado que modula a percepção sonoro-musical. Também neste caso, há elementos de referência ao corpo como suporte, na tensão entre interior e exterior, na relação entre sons guturais e sonoridade ambiente. Como em Acqua Viva, a colagem e sobreposição contribuem para criar uma ambiência, entretanto, em Objetos, o elemento texto-vocal é utilizado em dupla perspectiva: como material formal, explorado como sonoridade, e como elemento narrativo, enfatizando, a partir de seu conteúdo, aspectos sonoros que orientam a interpretação da obra.

Exposições 3

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Fontes de pesquisa 4

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  • Jônatas Manzolli. Currículo Lattes. Disponível em: < http://lattes.cnpq.br/1648316318310818 >. Acesso em: 03 ago. 2015.
  • MÚSICA ELETROACÚSTICA BRASILEIRA VOL. II. Brasília: Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, 1999. CD.
  • MÚSICA ELETROACÚSTICA BRASILEIRA. VOL. III. Brasília: Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, 2004. CD.
  • NÚCLEO Interdisciplinar de Comunicação Sonora – Nics. Site do núcleo de pesquisa. Disponível em: < http://www.nics.unicamp.br >. Acesso em: 03 ago. 2015.

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