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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Cíntia Moscovich

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.08.2024
15.03.1958 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
Cíntia Moscovich Faccioli (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1958). Contista, cronista, romancista e jornalista. Integrante da Geração 90, Cíntia Moscovich vem compondo, no conto e no romance, uma obra centrada na reflexão das experiências da mulher e no peso da tradição judaica sobre seus descendentes.

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Cíntia Moscovich Faccioli (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1958). Contista, cronista, romancista e jornalista. Integrante da Geração 90, Cíntia Moscovich vem compondo, no conto e no romance, uma obra centrada na reflexão das experiências da mulher e no peso da tradição judaica sobre seus descendentes.

De ascendência judaica, estuda no Colégio Israelita Brasileiro, formando-se em 1976. Gradua-se em comunicação social na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) em 1981. Ingressa na faculdade de letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas não conclui o curso. Muda-se, em 1983, para Dois Irmãos, Rio Grande do Sul, onde permanece por três anos, e retorna a Porto Alegre. 

Decide dedicar-se à escrita após participar, entre 1995 e 1996, de oficina de criação literária na PUC/RS, coordenada por Luiz Antonio de Assis Brasil (1945). Por sugestão do escritor, transforma em romance a narrativa “Duas iguais”, vencedora em 1995 do Concurso de Contos Guimarães Rosa, do Departamento de Línguas Ibéricas da Rádio France Internationale, de Paris, e  lança, em 1998, Duas iguais – Manual de Amores e Equívocos Assemelhados. A obra, que narra a história de amor entre Clara e Ana, em sua gênese e impossibilidades, justapõe questões da homoafetividade e elementos da cultura judaica, como aponta a pesquisadora Virgínia Vasconcelos Leal: “O amor entre duas mulheres, que não pode ser expresso, é aproximado à tradição judaica, na qual o nome de Deus também é impronunciável, algo que não pode ser representado tampouco por imagens, mas apenas pelo tetragrama YHWH, que significa ‘Eu sou quem sou’”1.

Defende mestrado em teoria literária na PUC/RS, em 2000, em seguida trabalha como diretora do Instituto Estadual do Livro (IEL), de 2001 a 2002, e depois como editora da seção de livros do jornal Zero Hora, em que permanece até 2005. 

As implicações da religiosidade, os papéis de gênero e as relações familiares na vida das mulheres podem também ser observadas em Por que Sou Gorda, Mamãe (2006) e no conto “A fome e a vontade de comer”, de Anotações Durante o Incêndio (2000).

No romance, uma escritora, ao se dar conta de que engordou 22 quilos em quatro anos, dedica-se a rever a relação com a mãe. Entre a busca por amor e o medo da frustração, entre o afeto e a rebeldia, a obesidade se revela como metáfora para os traumas étnicos e familiares. Movimento parecido acontece na narrativa curta: é por meio da comida que a protagonista Ana retornará ao seio e às influências da família, a despeito do constante esforço em fugir de seu legado. Os dois textos ilustram também o diálogo que a obra estabelece com a tradição. 

O modelo para o livro de 2006 é Carta ao Pai, do escritor checo Franz Kafka (1883-1924), do qual, entretanto, há o distanciamento progressivo. O conto “A Fome e a Vontade de Comer”, por sua vez, recupera passagens bíblicas e demonstra a proximidade da autora com escritos como os de Freud. Nos contos, aliás, há referências constantes a autores como Clarice Lispector (1920-1977), Machado de Assis (1839-1908) e o argentino Jorge Luís Borges (1899-1986).

A obra de Cíntia Moscovich, interessada sobretudo em investigar os sentimentos e a forma como se reage a eles, tece ainda reflexões sobre as relações amorosas (heterossexual e entre mulheres), o enfrentamento das perdas e a solidão, frequentemente unindo o tom lírico ao humorístico ou irônico.

Nota

1. Cf. LEAL, Virgínia Maria Vasconcelos. “A difícil expressão do amor em Duas Iguais, de Cíntia Moscovich”. In: DEALTRY, Giovanna; LEMOS, Masé; CHIARELLI, Stefania (org.). Alguma prosa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.

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Cíntia Moscovich - Enciclopédia Itaú Cultural
A escritora e jornalista Cíntia Moscovich afirma que, quando começou a escrever, o fez por um caminho equivocado: o da poesia. “Era uma poesia lamentável, sofrível, ordinária, rastaquera e babaquara. Um troço muito ruim.” Ela só descobre que pode fazer prosa aos 35 anos. “A frustração que eu tive na poesia me preparou para enfrentar a prosa”, acredita. Seus textos, diz, são marcados por seu bairro, o Bonfim, em Porto Alegre, pelo judaísmo e por um tom intimista. “O tom intimista eu não pratico, muito embora a literatura traga o que há de mais interior, mais íntimo meu. Mas não creio que seja intimista no sentido de ser confessional, porque não creio numa literatura sem ação”, explica. Para Cíntia, a escrita feminina é como uma “assombração”. “É uma coisa que não existe, mas que amedronta a gente, justamente por ser um restritivo que tende a limitar a literatura, que se pretende uma atividade ampla e universal.”

Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 1

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  • LEAL, Virgínia Maria Vasconcelos. “A difícil expressão do amor em Duas Iguais, de Cíntia Moscovich”. In: DEALTRY, Giovanna; LEMOS, Masé; CHIARELLI, Stefania (org.). Alguma prosa. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007.

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