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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Augusto Massi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.10.2024
08.06.1959 Brasil / São Paulo / São Paulo
Augusto Massi (São Paulo, São Paulo, 1959). Poeta, jornalista, editor, professor universitário. Sua obra poética, apesar de concisa, ocupa lugar de destaque na produção literária contemporânea. Como editor, colabora com importantes selos editoriais, contribuindo com a expansão do público de poesia e com a modernização do setor no Brasil. Como jo...

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Augusto Massi (São Paulo, São Paulo, 1959). Poeta, jornalista, editor, professor universitário. Sua obra poética, apesar de concisa, ocupa lugar de destaque na produção literária contemporânea. Como editor, colabora com importantes selos editoriais, contribuindo com a expansão do público de poesia e com a modernização do setor no Brasil. Como jornalista e professor, promove pesquisas e entrevistas, aproximando autores e leitores.

Forma-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 1983. No ano seguinte, entra para o caderno “Ilustrada” da Folha de S.Paulo, do qual dirige a sessão de literatura. Neste periódico, entrevista importantes poetas brasileiros como Adélia Prado (1935), Raduan Nassar (1935) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Organiza a primeira viagem do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) ao Brasil. Com foco na análise cultural e literária, colabora com os periódicos Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo, além das revistas IstoÉ, Novos Estudos Cebrap e Veja.

Entre 1988 e 1991, dirige a coleção Claro Enigma, da Editora Duas Cidades. O projeto é pautado pela publicação de poetas contemporâneos, como Francisco Alvim (1938), Alcides Vilaça (1946) e José Paulo Paes (1926-1998). Massi é responsável pela introdução de inovações nas técnicas de impressão e divulgação dos livros. Em vista de tais modernizações, a coleção se torna um dos projetos editoriais mais bem sucedidos do Brasil, contribuindo para a formação do público leitor de poesia e a expansão do setor. Em 1990, torna-se professor assistente de literatura brasileira na Universidade de São Paulo (USP).

Estreia na poesia com o livro Negativo (1991). Em tom intimista e sério, sua lírica introdutória é construída em versos livres, tanto brancos quanto rítmicos. A temática dos poemas é variada e ampla, incluindo a morte (“Ser”), a vida urbana (“Rondó da consolação”, “Cemitério do Araçá”), a metalinguagem (“Caixa de ferramentas”), a autopercepção do poeta (“Nudez”, “Viagem ao redor do quarto”), o encontro e a conquista amorosa (“Bicicleta”, “Confissão banal”). O título da obra faz referência às pranchas de fotografia analógica, que revelam traços da obra final, em preto e branco. Sua escrita mostra influência de poetas consagrados: a economia linguística e o apuro na escolha do léxico o aproximam do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), enquanto o vislumbramento do inusitado em meio ao cotidiano indica semelhança com a poética de Drummond.

Em 1992, defende o mestrado em literatura espanhola e hispano-americana na USP. Em 1994, torna-se professor adjunto no departamento de letras na mesma universidade. Pesquisa e ministra cursos sobre literatura moderna e contemporânea brasileira. Publica a primeira edição de Poesia completa de Raul Bopp (1998).

Seu segundo livro, A vida errada (2001), é lançado em tiragem de cem cópias. Os doze poemas da obra versam sobre crises identitárias e a família, tema pouco usual na poesia brasileira. Como em Negativo, utiliza versos livres, porém intensifica o ritmo dentro das estrofes em detrimento das rimas finais. A expressão poética do segundo livro é mais direta do que no primeiro e mais próxima da linguagem oral. Sua dicção literária se apresenta mais econômica e menos lírica. A perspectiva de crônica jornalística carrega traços acentuados de humor, como no poema “Ponto morto”.

Em 2001, torna-se editor chefe da Editora Cosac Naify, onde promove projetos que visam unificar a apreciação estética das obras e o embasamento técnico da pesquisa editorial. Conclui seu doutorado em literatura brasileira em 2004. Organiza e edita obras acadêmicas sobre literatura moderna e contemporânea, entre elas Poesia traduzida (2011), livro que reúne 64 poemas traduzidos por Carlos Drummond de Andrade, baseado em ampla pesquisa documental e arquivística. Em 2013, integra o conselho editorial da coleção Espírito Crítico, da Editora 34, dedicada a ensaios sobre crítica e teoria literária.

Em parceria com a poeta maranhense Lu Menezes (1948), publica o livro de poesias Gabinete de curiosidades (2016). O título e a temática da obra são estabelecidos por sugestão de Massi. A fim de formar uma unidade literária ao longo do livro, ambos escritores seguem o mesmo repertório e compõem poemas com base em objetos de uso cotidiano, provenientes de caixas de ferramentas. Augusto Massi versa a respeito de pregos, parafusos, argolas, grampos, correntes e dobradiças. Lu Menezes escreve sobre agulhas, alfinetes e o ato de bordar. Os poemas são marcados pela crítica social. Entre vários problemas contemporâneos abordados no livro, encontra-se o automatismo, que diminui a distância entre o homem e a máquina. A violência é outro tema central. O poema “Estupro”, de Massi, retrata visões masculinas sobre a violação da mulher.

Sempre comprometido com a poesia, o trabalho de Augusto Massi se abre em quatro frentes complementares: jornalismo, editoração, ensino e escrita literária. Sua produção, contínua e coesa, dá corpo a uma obra multifacetada, que movimenta a cultura brasileira de forma crítica e abrangente.

Obras 5

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Fontes de pesquisa 6

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  • FUKS, Julián. Coleções fazem escoar produção de poesia e autores brasileiros. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 set. 2005. Ilustrada. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1709200509.htm. Acesso em: 30 ago. 2022.
  • HOLLANDA, Heloísa Buarque de. 26 poetas hoje. 2. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 1998.
  • LEMOS, Masé. Entrevista com Lu Menezes e Augusto Massi. Revista Alere, ano 9, v. 14, n. 2, dez. 2016.
  • PORTO, Walter. Augusto Massi trouxe Borges à Folha e renovou a cobertura de livros. Folha de S.Paulo, 8 fev. 2022. Ilustrada. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/02/augusto-massi-trouxe-borges-a-folha-e-renovou-a-cobertura-de-livros.shtml. Acesso em: 30 ago. 2022.
  • SALGUEIRO, Wilberth. A poesia brasileira lida numa antologia: exercícios de solidão. Revista Texto Poético, Goiânia, v. 15, p. 79-108, 2013.
  • VIEIRA, Maria Augusta da Costa. Augusto Massi: editor chefe da editora Cosac Naify (entrevista). Revista Caracol, São Paulo, n. 1, 2010.

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