Rosalbino Santoro

Praia no Bairro da Saúde, RJ, 1906
Rosalbino Santoro
Óleo sobre tela, c.i.e.
39,00 cm x 64,00 cm
Texto
Rosalbino Santoro (Fuscaldo, Itália, 18571 - Roma, Itália, 1942). Pintor e professor. Estuda na Academia de Nápoles, Itália, com os pintores Postiglione2 e Filippo Palizzi (1818-1899). Entre 1880 e 1883, participa de exposições nas academias italianas de Brera, Milão, Veneza e Nápoles.
Chega ao Rio de Janeiro por volta de 1884, segundo indicam paisagens cariocas datadas desse ano.3 Em 1885, expõe na galeria Glace Elegante. Requer vaga para cadeira de paisagem da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), anteriormente ocupada por Georg Grimm (1846-1887). O pedido é negado.
Em 1887, muda-se para São Paulo e pinta, sob encomenda, paisagens de fazendas no interior do estado. Entre o fim da década de 1880 e 1895, atua como professor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, substituindo o pintor Almeida Júnior (1850-1899). Na década 1890, faz viagens a trabalho para o interior.
Participa da Exposição Nacional de Belas Artes (Enba), do Rio de Janeiro, de 18984 e 19055. Em 1900, permanece um período em Taubaté, São Paulo, na casa da família da futura pintora Georgina de Albuquerque (1885-1962), de quem é o primeiro professor. Em 1903, expõe no Banco Francês, em São Paulo e, no ano seguinte, com Antônio Ferrigno (1863-1940), no Banco Constructor. Em 1906, apresenta exposição individual no Banco de Crédito Real de São Paulo. Em 1908, participa da Enba e aparece como sócio perpétuo e benemérito da Sociedade Italiana de Beneficência, fundada em 1904, em São Paulo. Em 1909, retorna à Itália, fixando-se em Roma, onde permanece ativo até, pelo menos, 1934.
Análise
Rosalbino Santoro integra um grupo de artistas estrangeiros, sobretudo italianos, que, embora aportem primeiramente no Rio de Janeiro, fixam residência em São Paulo, a partir do último quarto do século XIX.
A vinda para esse estado parece decorrer, de um lado, da dificuldade de inserção no circuito carioca de arte, mais fechado para artistas recém-chegados e, de outro, à atração criada pelo crescente mercado de arte paulista, promovido pela economia cafeeira.
De 1884 a 1909, época em que vive no Brasil, Santoro faz incursões no interior de São Paulo para pintar, sob encomenda, paisagens de propriedades cafeicultoras. Essa demanda garante produção ativa durante o período. Em contrapartida, dificulta a recepção integral de sua obra pictórica, da qual, até hoje, são conhecidos poucos exemplares, pertencentes a coleções particulares.
Das primeiras pinturas brasileiras de que se tem notícia (dos anos 1884 e 1885) até as últimas (da década de 1900), nota-se uma mudança no estilo do artista. As paisagens cariocas que pinta logo após a emigração, como Cais da Glória, têm relação mais próxima com o trabalho que desenvolve na Itália: são mais descritivas no tratamento formal e, em certa medida, “fotográficas”. As últimas paisagens brasileiras, como Colheita de Café, são mais sintéticas. Nelas parece prevalecer interesse mais “anedótico”, do qual o artista se vale para representar as atividades diárias do trabalho na lavoura, desenvolvido em grande parte por imigrantes italianos em busca de trabalho em uma nova terra.
Notas
1. A bibliografia brasileira aponta para 1858 como o ano do nascimento de Santoro. Entretanto, adotamos a data indicada no recente dicionário de artistas italianos da região da Calábria, Gli Artisti della Calabria. Dizionario degli Artisti Calabresi dell’Ottocento e del Novecento, cujo verbete, o mais completo encontrado, corrige alguns erros a respeito da vida do artista e inclui dados biográficos após 1908, ano em que cessam referências sobre ele na bibliografia brasileira.
2. Não foi possível precisar se se alude ao napolitano Luigi Postiglione (1812-1881) ou a seu irmão, Rafaelle Postiglione (1818-1897).
3. São elas: Cais da Glória e Terraço do Passeio Público.
4. Com a obra Desfolha do Milho (ou Vida na Fazenda).
5. Com as obras: Remanso e Tempestade.
Obras 1
Praia no Bairro da Saúde, RJ
Exposições 8
Fontes de pesquisa 37
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- DIÁRIO Popular. Exposição de pintura. Diário Popular, São Paulo, 17 ago. 1895.
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- TARASANTCHI, Ruth Sprung. Pintores Paisagistas: São Paulo 1890 a 1920. São Paulo: Edusp: Imprensa Oficial do Estado, 2002.
- Um Bom Quadro. São Paulo: Diário Popular, São Paulo, 11 ago. 1898.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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ROSALBINO Santoro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa24686/rosalbino-santoro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7