Maria Helena Andrés
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Alvorada Vermelha
Maria Helena Andrés
Acrílica sobre tela, c.i.d.
136,00 cm x 162,00 cm
Texto
Maria Helena Coelho Andrés Ribeiro (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1922). Pintora, desenhista, ilustradora, escritora e professora. Estuda pintura com Carlos Chambelland, no Rio de Janeiro, entre 1940 e 1944, e com Guignard e Edith Behring na Escola do Parque, em Belo Horizonte, entre 1944 e 1947. Participa de diversas edições do Salão Nacional de Belas Artes - SNBA, do Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM e da Bienal Internacional de São Paulo, entre 1946 e 1961. De 1950 a 1970, leciona pintura e desenho na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, na qual chega ocupar o corpo diretivo durante alguns anos. Em 1961, estuda na Arts Students League of New York [Liga dos Estudantes de Arte de Nova York], onde é aluna de Theodorus Stamos. Em meados da década de 1960, colabora com os jornais Diário de Minas e Estado de Minas, escrevendo sobre arte. Publica os livros Vivência e Arte, 1965, e Os Caminhos da Arte, 1977.
Realiza várias viagens ao Oriente a partir da década de 1970, e conhece o Nepal, Tibete, Japão, Tailândia e Índia. Nessas ocasiões, participa de seminários e palestras. Em 1979, leciona desenho na Escola de Arte Kalakshetra e criatividade na Theosophical Society [Sociedade Teosófica], em Madras, Índia. Motivada por tais experiências, realiza um estudo comparativo sobre as culturas indiana e brasileira, publicado no livro Oriente-Ocidente: Integração de Culturas, em 1984. Leciona artes na Universidade Holística Internacional, de Brasília, em 1989. Ministra workshops no curso de formação holística de base. Publica o livro Maria Helena Andrés: Depoimentos, em 1998.
Análise
Maria Helena Andrés forma-se na Escola do Parque, onde é aluna de Guignard. A influência do mestre é perceptível nas pinturas do período que sucede seus estudos em Belo Horizonte, no tratamento transparente e luminoso dado ao fundo, no desenho das figuras, no lirismo e na leveza de composições como a tela Casamento na Roça, 1950.
No decorrer dos anos 1950, a artista rompe com a figuração lírica em direção à arte concreta. A passagem pelo concretismo, movimento do qual é precursora em Minas Gerais, é verificada em obras como Movimento de Cores, 1955, e Fantasia de Ritmos, 1958, esta pertencente à coleção Adolpho Leirner, hoje integrante do Museum of Fine Arts [Museu de Belas Artes], Houston, Estados Unidos. As composições desse período trazem uma sequência ritmada de linhas verticais e horizontais, as áreas delimitadas que resultam dessa distribuição de linhas são preenchidas, aqui e ali, com cores distintas, que originam formas geométricas como retângulos e quadrados. As linhas e cores são dispostas numa esquematização organizada, alcançando a síntese formal almejada pelos concretistas. Concomitantemente, o ritmo e a delicadeza das composições conferem um aspecto poético a essa produção, cujo resultado formal guarda semelhanças com as telas do artista holandês Piet Mondrian. A série de desenhos a nanquim Cidades Iluminadas, realizada em 1958, também é exemplo desse tipo de solução plástica.
No início da década de 1960, realiza viagem de estudo a Nova York, onde recebe a orientação de Theodorus Stamos e entra em contato com o expressionismo abstrato. Essa experiência promove uma transformação significativa em sua produção, que se volta à pintura gestual, podendo ser qualificada entre o abstracionismo lírico, informal. Os barcos são referência para a criação da artista em diversas telas desse período, trabalhadas em superfícies de matéria espessa, como na obra Embarcação, 1963.
Realiza, na década de 1960, uma série de desenhos a nanquim sobre o tema da guerra e da destruição e diversas telas que fazem referência à corrida espacial, como Foguete Espacial, de 1968. Em algumas obras, utiliza a colagem de recortes de fotografias extraídas da grande imprensa e outros elementos, mesclando-os com formas abstratas, como em Radioactive Ship, 1964, pertencente à coleção do Museu de Arte da Pampulha - MAP. E na década seguinte, elabora inúmeros projetos para tapeçaria, nos quais busca aplicar aspectos da linguagem pictórica na modalidade têxtil, explorando a combinação de cores e as diferentes texturas dos pontos.
Artista plástica e escritora, há entre a produção plástica e as publicações de Maria Helena Andrés uma nítida conexão. Em 1966, publica Vivência e Arte, que traz uma reflexão sobre as fontes geradoras da criatividade, a natureza da comunicação artística e o ensino da arte. Influenciada pela filosofia de Jacques Maritain e o pensamento estético de Kandinsky, Maria Helena defende a existência de um impulso espiritual no movimento criador e procura estabelecer uma ligação com os ensinamentos cristãos. Caminhos da Arte, de 1977, amadurece as reflexões da autora sobre a arte moderna, voltando especial atenção para a pintura abstrata informal.
O interesse e o estudo da cultura oriental se manifestam nos anos 1970, período em que ela realiza suas primeiras viagens à Índia e a outros países do Oriente. A importância do contato com a arte e a cultura oriental, especialmente a indiana, se verifica em diversos artigos e na publicação de Oriente - Ocidente: Integração de Culturas, em 1984, um estudo comparativo sobre as culturas indiana e brasileira.
Tais reflexões permeiam sua obra artística, que amplia a abstração, o aspecto gestual, a fluidez e transparência da composição, procedimentos provavelmente incorporados por seu contato e admiração pela arte oriental. Na produção mais recente, é frequente a pintura de formas circulares e mandalas. Na última década, a artista volta-se também para a fotografia e escultura.
Obras 17
Alvorada Vermelha
Alvorada Vermelha
Amanhecer
Barco
Barcos
Exposições 134
Fontes de pesquisa 30
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Como citar
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MARIA Helena Andrés.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa23/maria-helena-andres. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
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