José Lino Grünewald
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Forma, 1959
José Lino Grünewald
Texto
José Lino Fabião Grünewald (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1931 – Idem, 2000). Poeta, tradutor, jornalista. Alinha-se ao movimento da poesia concreta, que atribui igual importância à semântica, à sonoridade e à composição gráfica. Enquanto crítico, colabora com diversos órgãos da imprensa, versando principalmente sobre cinema, literatura e política.
Dos 15 aos 20 anos, assiste a 2.832 filmes e reúne em seus cadernos os apontamentos críticos de cada um, abordando de forma breve cinco elementos estéticos: estrutura, dinamismo, ritmo, função e rigor. Em 1953, conclui o curso superior em direito pela Universidade do Brasil, hoje nomeada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Depois de trabalhar na Fundação Getúlio Vargas (FGV) como redator, publica poemas e textos críticos no “Suplemento Dominical” do Jornal do Brasil, em 1956. Escreve sobre temas como cinema, literatura e arte. No mesmo ano, conhece os poetas concretistas irmãos Augusto de Campos (1931) e Haroldo de Campos (1929-2003), com quem compartilha experiências poéticas.
Em 1958, publica seu primeiro livro de poemas, intitulado Um e dois, com capa do colega concretista Décio Pignatari (1927-2012). A obra é dividida em duas partes, a primeira de poemas pré-concretos, com versos líricos e de protesto, iniciando experimentos não tradicionais na composição gráfica das palavras na página. Na segunda parte se encontram os poemas concretos propriamente, libertos do verso.
Sua poesia concreta se caracteriza pela abolição da linearidade do verso, possibilitando múltiplos sentidos de leitura. A poesia concreta valoriza o espaço vazio como elemento de significado em relação com a expressividade do desenho da letra e da disposição das palavras na página. Grünewald passa a integrar o grupo de poetas concretistas Noigandres, em 1961, quando publica no volume número cinco da revista de mesmo nome.
No poema concreto “Frase”, de 1967, cria um paradoxo a partir da disposição no papel de quatro frases: “a frase ao lado é verdadeira”, “a frase abaixo é mentirosa”, “a frase acima é verdadeira” e “a frase ao lado é mentirosa”. O poema suscita a leitura em diferentes sentidos, provocando um jogo circular.
O poeta mantém uma intensa produção de artigos de crítica cinematográfica, cultura e política para veículos como o Jornal de Letras e o Correio da Manhã. Segue com seu trabalho de crítica cinematográfica em colaborações para jornais como O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Sua escrita crítica possui uma linha ensaística, articulando questões da filosofia e da semiótica, sem contudo se afastar do filme ou autor analisado.
Além de focar em questões técnicas, como som, fotografia, montagem e atuação, abrange uma variedade de assuntos em suas análises fílmicas. Entre os temas tratados por ele estão a representação da mulher no cinema, os momentos de ruptura na linguagem cinematográfica e a evolução dos aparatos técnicos.
Na década de 1980, concentra-se na organização de antologias poéticas e na produção de traduções, com destaque para Os cantos (1986), do poeta estadunidense Ezra Pound (1885-1972), pelo qual recebe o prêmio Jabuti. Pound é uma referência importante para Grünewald por sua mescla de formatos e linguagens, incluindo os ideogramas e a não linearidade na poesia.
Em 1987, publica o livro de poemas Escreviver, seguindo a linha concretista. A obra se divide em duas partes, à maneira de seu livro de estreia, reunindo produções anteriores e poemas inéditos. Em 1990, recebe da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) o prêmio de tradução pelo livro Poemas, do francês Stéphane Mallarmé (1842-1898), outra grande influência.
José Lino Grünewald é um profícuo ensaísta e crítico, escrevendo sobre cinema e literatura com propriedade e apuro técnico. Como tradutor, produz uma importante obra, trazendo para o português versões de poetas que influenciaram o movimento concretista, do qual participa também como poeta e editor.
Obras 2
Exposições 3
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26/10/2001 - 14/1/2000
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30/11/2003 - 2/3/2002
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26/9/2006 - 10/12/2006
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 8
- ASEFF, Marlova Gonsales. Poetas-tradutores e o cânone da poesia traduzida no Brasil (1960-2009). 2012. 211 f. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.
- CASTRO, Ruy. Amoral, neopagão, fenomenológico. In: GRÜNEWALD, José Lino. Um filme é um filme: o cinema de vanguarda dos anos 60. Organização Ruy Castro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
- FRANÇA, André Ramos. 2002. 157 f. Das teorias do cinema à análise fílmica. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.
- GRUPO Noigandres. Texto João Bandeira, Lenora de Barros; versão em inglês Anthony Doyle. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 80 p., il. color. (Arte concreta paulista).
- GRÜNEWALD, José Lino. Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
- GRÜNEWALD, José Lino. Um e dois. São Paulo: Irwa, 1958.
- PIGNATARI, Décio. Um e dois. In: GRÜNEWALD, José Lino. Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
- POUND, Ezra. Os cantos. Introdução e tradução de José Lino Grünewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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JOSÉ Lino Grünewald.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa21938/jose-lino-grunewald. Acesso em: 02 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7