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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Chiquinha Gonzaga

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.08.2024
17.10.1847 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
28.02.1935 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro

Chiquinha Gonzaga
Chiquinha Gonzaga

Francisca Edwiges Neves Gonzaga (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1847 – idem, 1935). Compositora, pianista e regente. Primeira pianista de choro e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, o inovador trabalho de Chiquinha Gonzaga é marcado pela mediação entre a cultura popular e a erudita.  

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Francisca Edwiges Neves Gonzaga (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1847 – idem, 1935). Compositora, pianista e regente. Primeira pianista de choro e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, o inovador trabalho de Chiquinha Gonzaga é marcado pela mediação entre a cultura popular e a erudita.  

Sua mãe era filha de uma mulher negra escravizada e alforriada e seu pai um oficial do Exército brasileiro. Começa a compor aos 11 anos. A primeira fase da formação artística começa na infância, quando estuda piano com o maestro Elias Álvares Lobo (1834-1901). O momento é caracterizado pela rígida educação, pelo contato com a música erudita e pela submissão aos valores morais do Rio de Janeiro imperial, que destinam à mulher papéis atrelados ao casamento e à maternidade.

Em 1863, casa-se com um oficial da Marinha Mercante, de quem se separa seis anos depois, e é expulsa de casa pela família e proibida de levar consigo dois de seus três filhos. O fim do casamento representa o rompimento com a sociedade patriarcal e também é crucial para a configuração de uma nova fase de sua carreira, entre 1869 e 1880. 

Chiquinha passa a lecionar piano, e se insere no efervescente cenário da música popular do Rio por intermédio do flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), que a inclui em seu conjunto, Choro Carioca. Formado por flauta, cavaquinho e dois violões, o grupo inova ao contar com o piano de Chiquinha, que passa a ser reconhecida como “pianeira”. Nessa época, o choro ainda não representa um gênero musical, mas uma forma “chorosa” de interpretar obras europeias, como tangos, polcas e valsas. 

Aos 30 anos, edita sua primeira música: a polca para piano "Atraente" (1877). Comercializada em edição de luxo, com retrato da artista na capa, a música lhe dá fama, para o desgosto da família, que considera humilhante ver o sobrenome vinculado à música de apelo popular. Responsável por impulsionar sua carreira, a composição tem 15 edições entre fevereiro e novembro do ano de lançamento. O êxito autoral segue com as polcas "Sultana" (1878) e "Camila" (1879). 

Na década de 1880, Chiquinha usa dinheiro advindo da venda de composições para apoiar os movimentos abolicionista e republicano e a libertação de escravizados, como é o caso das partituras de "Caramuru" (1889), que rendem recursos para a compra da alforria do escravizado e músico Zé Flauta. A postura progressista interfere no trabalho da pianista: a opereta Viagem ao Parnaso (1883), libreto de Artur de Azevedo (1855-1908), por exemplo, não é encenada porque na época não se admite uma peça musicada por uma mulher.

Segundo a socióloga Edinha Diniz, a pianista é o elo entre a música europeia e a brasileira, pois, ao retrabalhar a rítmica, cria um gênero musical, abrasileirando a música tocada nos salões na segunda metade do século XIX e abrindo caminho para outros compositores. O êxito de suas composições lhe permite o ingresso no teatro musicado, espécie de ópera cômica ou opereta, também conhecido como teatro de revista. Chiquinha estreia nesse gênero em 1885 com A Corte na Roça, texto de Palhares Ribeiro, no então Teatro Imperial.

Promove, em 1886, reuniões de violonistas em diversos bairros cariocas para valorizar o violão, instrumento considerado símbolo da malandragem pelas elites burguesas. Compõe o choro "Sabiá na Mata" para o concerto que organiza para 100 violões no Teatro São Pedro (atual João Caetano). Compõe "Gaúcho" (1887), tango lançado na peça Zizinha Maxixe, e que passa a ser conhecido como Corta-Jaca – referência à dança de mesmo nome, espécie de maxixe. Com A Filha do Guedes (1888), rege pela primeira vez uma orquestra, junto com a companhia portuguesa Souza Bastos.

Na época da Revolta da Armada, compõe a cançoneta "Aperte o Botão" (1893). Considerada ofensiva pelo governo do marechal Floriano Peixoto (1839-1895), rende-lhe ordem de prisão e apreensão das partituras. Ainda na mesma década, compõe o hino carnavalesco "Ó Abre-Alas" (1899), para embalar o desfile do cordão Rosa de Ouro. É a primeira composição criada para o Carnaval carioca, que define um novo estilo musical (a marcha-rancho) e se cristaliza como símbolo da festa. 

Entre 1902 e 1909, viaja a Portugal, onde se apresenta e escreve peças. Na década de 1910, grava com seu grupo (violão, cavaquinho, piano e flauta) 44 obras, a maior parte de sua autoria, pelas gravadoras Columbia e Odeon. Apresenta Forrobodó (1912), opereta dos jornalistas Luís Peixoto e Carlos Bittencourt, que inova ao levar ao palco a gíria carioca do início do século XX.

O repertório de Chiquinha abrange mais de 77 peças de teatro e 2 mil músicas, e é interpretado por nomes importantes do cenário cultural, como o compositor Pixinguinha (1897-1973). A artista é retratada no teatro na peça Ó Abre-Alas, de Maria Adelaide Amaral, (1983); na televisão, na minissérie Chiquinha Gonzaga, de Jayme Monjardim, da TV Globo, (1999); e em sambas-enredos das escolas Mangueira e Imperatriz Leopoldinense.

Chiquinha Gonzaga tem um papel crucial na mediação cultural entre as ruas e as salas de concerto, com composições que partem da influência tradicional europeia para criarem algo novo e nacional. A trajetória corajosa da artista antecipa bandeiras feministas da segunda metade do século XX, nos âmbitos pessoal e profissional.

Obras 1

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Espetáculos 2

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Exposições 1

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Mídias (5)

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Ó abre alas, que eu quero passar
A pesquisadora e biógrafa Edinha Diniz e o pianista e pesquisador Wandrei Braga comentam a marcha “Ó abre alas”, composta em 1899 e um marco na obra de Chiquinha Gonzaga. Essa, que foi a primeira música feita especialmente para o Carnaval, é uma canção que permanece no imaginário dos brasileiros, tendo sido assim desde seus primeiros carnavais, uma vez que só foi gravada em disco mais de 70 anos depois de sua composição.

Com a curadoria das equipes do Itaú Cultural e de Juçara Marçal, a Ocupação Chiquinha Gonzaga fica em cartaz na sede do instituto de 24 de fevereiro a 23 de maio de 2021, com entrada gratuita.

Confira o verbete sobre a instrumentista na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira: http://bit.ly/2N3lluV

Inscreva-se no nosso canal! http://bit.ly/Inscreva-seIC

ITAÚ CULTURAL

Presidente: Alfredo Setubal
Diretor: Eduardo Saron
Gerente do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Ana de Fátima Sousa
Coordenador do Núcleo de Comunicação e Relacionamento: Carlos Costa
Entrevistas: Amanda Rigamonti, Milena Buarque e William Nunes de Santana
Gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Claudiney Ferreira
Coordenadora do Núcleo de Audiovisual e Literatura: Kety Fernandes Nassar
Produção audiovisual: Paula Bertola e Roberta Roque
Captação: Vocs (terceirizada)
Edição: Richner Allan
Interpretação em Libras: FFomin Acessibilidade e Libras (terceirizada)
Trilha sonora vinheta: Debora Gurgel (arranjo)
Produção musical: Emygdio Costa
Voz: Juçara Marçal
Percussão: Si.Sa Medeiros
Trombone: Helô Alvino
Trompete: Vanessa Larissa
Título: “Ó abre alas”

O Itaú Cultural (IC), em 2019, passou a integrar a Fundação Itaú para Educação e Cultura, com o objetivo de garantir ainda mais perenidade às suas ações e o seu legado no mundo da cultura, ampliando e fortalecendo o seu propósito de inspirar o poder criativo para a transformação das pessoas.
A liberdade e a transgressão na vida e na obra de Chiquinha Gonzaga
A pesquisadora e biógrafa Edinha Diniz e o pianista e pesquisador Wandrei Braga refletem sobre o comportamento transgressor de Chiquinha Gonzaga, que se consagrou como a primeira maestrina de música popular no Brasil e conseguiu respeito profissional em uma sociedade patriarcal do século XIX. O vídeo conta ainda com as interpretações de duas musicistas: Ana Karina Sebastião e Maíra Freitas.

Com a curadoria das equipes do Itaú Cultural e de Juçara Marçal, a Ocupação Chiquinha Gonzaga fica em cartaz na sede do instituto de 24 de fevereiro a 23 de maio de 2021, com entrada gratuita.

Confira o verbete sobre a instrumentista na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira: http://bit.ly/2N3lluV

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Produção audiovisual: Paula Bertola e Roberta Roque
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Edição: Richner Allan
Interpretação em Libras: FFomin Acessibilidade e Libras (terceirizada)
Trilha sonora vinheta: Debora Gurgel (arranjo)
Produção musical: Emygdio Costa
Voz: Juçara Marçal
Percussão: Si.Sa Medeiros
Trombone: Helô Alvino
Trompete: Vanessa Larissa
Título: “Ó abre alas”

O Itaú Cultural (IC), em 2019, passou a integrar a Fundação Itaú para Educação e Cultura, com o objetivo de garantir ainda mais perenidade às suas ações e o seu legado no mundo da cultura, ampliando e fortalecendo o seu propósito de inspirar o poder criativo para a transformação das pessoas.

Fontes de pesquisa 9

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  • CHIQUINHA Gonzaga e Ernesto Nazareth. Encarte do LP integrante da série História da Música Popular Brasileira. Vol. 40. 1a edição. São Paulo: Ed. Abril, 1970.
  • CHIQUINHA Gonzaga. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin, 2002-2021. Disponível em: http://www.dicionariompb.com.br/chiquinha-gonzagar. Acesso em: 08 jun. 2011.
  • CHIQUINHA Gonzaga. Site Oficial da Artista. Disponível em: http://www.chiquinhagonzaga.com. Acesso em: 08 jun. 2011.
  • DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: uma história de vida. 4ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Rosa dos Tempos, 1999.
  • MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998.
  • MEMÓRIA MUSICAL. Site do Instituto Memória Musical Brasileira. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.memoriamusical.com.br. Acesso em: 08 jun. 2011.
  • O CASAMENTO do Pequeno Burguês. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1972]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina.
  • O FEMININO de maestro. Revista E, São Paulo, n. 128, jan. 2008. Disponível em: https://portal.sescsp.org.br/online/artigo/4617_O+FEMININO+DE+MAESTRO. Acesso em: 03 mar. 2011.
  • SEVERIANO, Jairo; MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras (vol. 1: 1901-1957). São Paulo: Editora 34, 1997. (Coleção Ouvido Musical).

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