Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Hélios Seelinger

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.11.2024
04.08.1878 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
21.09.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Descobrimento do Brasil, 1918
Hélios Seelinger
Óleo sobre tela
168,00 cm x 227,00 cm

Helios Aristides Seelinger (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,m 1878 - idem 1965). Pintor, desenhista, caricaturista. Forma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) entre 1891 e 1896, e freqüenta também o ateliê dos irmãos Henrique Bernardelli (1858-1936) e Rodolfo Bernardelli (1852-1931). Aconselhado por Henrique, parte para a Alemanha em 1897,...

Texto

Abrir módulo

Biografia

Helios Aristides Seelinger (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,m 1878 - idem 1965). Pintor, desenhista, caricaturista. Forma-se na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) entre 1891 e 1896, e freqüenta também o ateliê dos irmãos Henrique Bernardelli (1858-1936) e Rodolfo Bernardelli (1852-1931). Aconselhado por Henrique, parte para a Alemanha em 1897, onde permanece até 1900. Freqüenta a Academia Azbe e a Academia de Munique e é aluno do pintor Franz von Stuck (1863 - 1928). Retorna ao Brasil em 1901 e no ano seguinte realiza uma exposição individual na redação da revista O Malho, com boa parte da produção realizada em Munique. A partir de 1902, participa das Exposições Gerais de Belas Artes, e é premiado diversas vezes. Em 1903, conquista o prêmio de viagem ao exterior com o quadro Boêmia, no qual retrata intelectuais do meio carioca, como Gonzaga Duque (1863-1911), Fiúza Guimarães, Luis Edmundo (1878 - 1961), João do Rio (1881 - 1921) e Rodolfo Chambelland (1879-1967). Na segunda viagem à Europa, orientado novamente por Bernardelli, fixa-se em Paris, onde realiza estudos de aperfeiçoamento com Jean-Paul Laurens (1838 - 1921). Após o fim de sua pensão, retorna algumas vezes à Europa para estadas em Paris e em outras capitais até às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando se estabelece definitivamente no Rio de Janeiro. Por volta de 1907, trabalha como assistente do pintor Eliseu Visconti (1866-1944) em Paris. Em 1911, realiza pinturas decorativas para o Clube Naval, no Rio de Janeiro. Faz freqüentes viagens a São Paulo e Porto Alegre, para expor ou comercializar suas obras. Atua como ilustrador e caricaturista em publicações como O Malho, Leitura para Todos, Careta, Fon Fon, entre outras. É por vários anos funcionário do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, que em 1943 organiza exposição retrospectiva do artista, em comemoração de seu quinqüenário artístico.

Análise

Hélios Seelinger empreende uma trajetória singular se comparado a outros artistas brasileiros de sua geração. Os anos de formação em Munique têm importância decisiva para o artista. Em entrevista dada a Angione Costa, Seelinger reconhece a influência de Franz von Stuck (1863-1928) e das tendências artísticas simbolistas e místicas, ancoradas numa filosofia espiritualista germânica: "De Stuck recebi a influência panteísta, que é fácil descobrir em meus trabalhos. O misticismo, revelado nos meus estudos de ateliê, desenvolveu-se fortemente ao influxo do idealismo alemão".1 Nesse período, Stuck também tem como alunos Vassily Kandinsky (1866-1944), Paul Klee (1879-1940) e Franz Marc (1880-1916), artistas com quem Seelinger possivelmente convive.

Sob a influência dessas experiências, suas obras adquirem um caráter alegórico, panteísta. Freqüentemente são representadas figuras do folclore alemão e da mitologia grega, como faunos, centauros, ninfas e bacantes, às quais se mesclam seres ligados a lendas indígenas e manifestações culturais populares brasileiras, como o carnaval e rituais de origem africana.

A exposição do artista realizada na sede da revista O Malho é recebida com estranhamento pelo público em geral, porém obtém atenção de parte da crítica de então, como Carlos Américo dos Santos, que, em artigo publicado no Jornal do Commércio, identifica as fontes inspiradoras de Seelinger entre os artistas alemães Böcklin (1827-1901), Hans Thoma (1839-1924), Max Klinger (1857-1920) e Stuck e reconhece na produção do artista qualidades expressivas, pessoais, imaginativas e por vezes sombrias.2

Em sua segunda estada na Europa, dirige-se a Paris e em sua produção o artista procura se adaptar às tendências em voga na França. À influência alemã somam-se outras, como a de Jean-Paul Laurens (1838-1921) e Georges Antoine Rochegrosse (1859-1938). Na opinião do historiador José Roberto Teixeira Leite, essa mudança é desfavorável pois sua obra se torna mais refinada e menos expressiva.3

Seelinger expõe, em 1908, trabalhos como Salambô e a Lua e Salambô e a Cobra, que entusiasmam Gonzaga Duque (1863-1911) e motivam-no a publicar um artigo sobre a mostra na revista Kosmos em fevereiro desse ano. Em 1921, produz o tríptico Minha Terra -representando três momentos da formação do Brasil: descobrimento, independência e república -, que hoje se encontra no Museu Histórico Nacional - MHN.

Em várias obras, nota-se também a influência do art nouveau. Em diversos outros trabalhos, que podem ser caracterizados como séries, explora um mesmo repertório de motivos: caravelas, lagos, luares e ciprestes. Possui obras nas coleções do Museu Nacional de Belas Artes e da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_).

Notas

1. COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia., 1927. p. 160.

2. A crítica, publicada no Jornal do Commércio, é mencionada pelos autores Arthur Valle e José Roberto Teixeira Leite. Ver: VALLE, Arthur. Helios Seelinger, um pintor 'salteado'. DezenoveVinte. Revista eletrônica. Volume I, n. 2, agosto de 2006.  Disponível em: [http://www.dezenovevinte.net]. Acesso em: abr. 2007; e LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.

3. LEITE, José Roberto Teixeira. Op. cit. p. 466.

 

Obras 5

Abrir módulo
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Composição

Óleo sobre tela colada em papelão
Reprodução fotográfica Marcel Gautherot

Jangadeiro

Óleo sobre tela

Exposições 77

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 24

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • A PINACOTECA do Estado. Texto Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Paulo Mendes da Rocha, Maria Cecília França Lourenço; apresentação Ricardo Ohtake, Emanoel Araújo; pesquisa Malú Grima, Sandra Regina Gonçalves, Lucila de Sá Carneiro, Carlos Dal Rovere Júnior, Carmem Correa, José de Oliveira Júnior, Paulo de Tarso. São Paulo: Banco Safra, 1994. 319 p., il. color.
  • ARTE BRASILEIRA século XX: Galeria Eliseu Visconti: pinturas e esculturas. Rio de Janeiro: MNBA, 1984.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
  • CAMPOFIORITO, Quirino. A República e a decadência da disciplina neoclássica: 1890-1918. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. (História da pintura brasileira no século XIX, 5).
  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • CAMPOS, Cláudia Renata Pereira de. Traçando um ideal: Associação de Artes Plásticas Francisco Lisboa (1938-1945). 2005. 173 f. Dissertação (Mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Porto Alegre, 2005. Não catalogado
  • CAVALCANTI, Lauro (org.). Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960. Curadoria Lauro Cavalcanti; assistência de curadoria Lucia de Meira Lima. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
  • COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas: o que pensam e o que dizem os nossos pintores, esculptores, architectos e gravadores, sobre as artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello, 1927.
  • DEZENOVEVINTE: uma virada no século. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1986.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Tipografia Benedicto de Souza, 1929.
  • DUQUE-ESTRADA, Luiz Gonzaga. Helios Seelinger. Kosmos. Rio de Janeiro, ano 5, n. 3, março de 1908, pp.33-36; Contemporâneos site: [http://www.dezenovevinte.net/artigos_imprensa/gd_hs.htm]. Acesso em: abr. 2007.
  • INSTITUTO de Artes 90 anos: acervo. Curadoria José Augusto Avancini, Maria Amélia Bulhões Garcia; texto Sandra Rey. Porto Alegre: Instituto de Artes da UFRGS, 1998. 32p. il. color.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEVY, Carlos Roberto Maciel (Coord.); SILVEIRA, Márcia Saad (Org.); PEIXOTO, Elizabete (Org.). Universo do carnaval: imagens e reflexões. Rio de Janeiro: Acervo Galeria de Arte, 1981.
  • LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963. 4v.
  • MARTINS, Carlos (Coord.). Acervo gravura: doações recentes 1982/1984. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1984.
  • O DESENHO moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand. São Paulo: Galeria de Arte do Sesi, 1993.
  • PFEIFFER, Wolfgang. Artistas alemães e o Brasil. São Paulo: Empresa das Artes, 1996.
  • PINACOTECA do Estado de São Paulo - São Paulo. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. (Museus brasileiros, 6).
  • SILVA, M. Nogueira da. Pequenos estudos sobre arte: pintura, escultura. Rio de Janeiro: Brasileira Lux, 1926. 221 p.
  • VALLE, Arthur. Helios Seelinger, um pintor 'salteado'. DezenoveVinte. Revista eletrônica. Volume I, n. 2, agosto de 2006. Disponível em: [http://www.dezenovevinte.net]. Acesso em: abr. 2007.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: