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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Pedro Américo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.10.2024
29.04.1843 Brasil / Paraíba / Areia
07.10.1905 Itália / Toscana / Florença
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Perfil Feminino
Pedro Américo
Óleo sobre tela, c.i.d.
67,00 cm x 50,50 cm

Pedro Américo de Figueiredo e Mello (Areia, Paraíba, 1843 – Florença, Itália, 1905). Pintor, desenhista, caricaturista, professor, escritor. Torna-se famoso e ganha projeção internacional graças à qualidade de obras que retratam momentos históricos,motivo marcante em sua trajetória artística, além de temas religiosos e relativos ao mundo oriental.

Texto

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Pedro Américo de Figueiredo e Mello (Areia, Paraíba, 1843 – Florença, Itália, 1905). Pintor, desenhista, caricaturista, professor, escritor. Torna-se famoso e ganha projeção internacional graças à qualidade de obras que retratam momentos históricos,motivo marcante em sua trajetória artística, além de temas religiosos e relativos ao mundo oriental.

Nascido numa família de músicos, desenha desde muito novo e, em 1853, antes de completar dez anos, é convidado a integrar uma expedição naturalista pelo Nordeste como desenhista assistente. O trabalho lhe vale uma recomendação de estudo no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, para onde se muda em 1854. Um ano depois, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), onde estuda por três anos e progride rapidamente. O então diretor da Aiba, Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), chega a apelidá-lo de "o papa-medalhas". Seu talento é notado pelo imperador dom Pedro II (1825-1891), que se encarrega pessoalmente de transferi-lo para Paris, arcando com os custos.

Assim, em 1859, aos 16 anos de idade, transfere-se para a França e ingressa na École National Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] de Paris, onde tem aula com mestres consagrados. Em outras instituições, estuda física e aprofunda seus conhecimentos em arquitetura, teologia, literatura e filosofia.

Em Paris, recebe prêmios e títulos e pinta duas de suas telas mais famosas – A carioca (1882) e Sócrates afastando Alcebíades do vício (1865) – e obtém o bacharelado em ciências naturais pela Sorbonne, com a tese Considerações filosóficas sobre as belas artes entre os antigos.

Depois de curta temporada na Argélia, onde trava contato com aspectos da cultura oriental, interesse comum nas pinturas de seus mestres neoclássicos, vive uma fase de incertezas profissionais e pouco dinheiro para viver, alternando sua residência entre Europa e Brasil, embora tenha realizado trabalhos importantes de caráter religioso.

No começo de 1870, assume o posto de professor na Aiba, onde ministra cursos de estética, história da arte e arqueologia. Além da docência, trabalha em outras frentes: dirige as seções de numismática e arqueologia do Museu Histórico Nacional, escreve e faz caricaturas para o periódico A Comédia Social, além de pintar. Suas telas dessa época representam cenas mitológicas, históricas e retratos. Entre os retratados, estão os imperadores dom Pedro I (1798-1834), dom Pedro II e o marechal Duque de Caxias (1803-1880).

Em 1871, pinta o seu primeiro painel, a cena de guerra Batalha de Campo Grande. Graças ao sucesso da obra, recebe o título de Pintor Histórico da Real Câmara e é convidado pela Coroa para realizar a Batalha do Avaí (1872-1877), uma cena da Guerra do Paraguai. Para trabalhar na encomenda, instala seu ateliê num convento em Florença, onde permanece por aproximadamente três anos. O quadro é exposto primeiro em Florença, com a presença de dom Pedro II. Ao chegar ao Rio de Janeiro, a obra recebe elogios entusiasmados e também acusações de ser um plágio da tela Batalha de Montebelo, do italiano Andrea Appiani (1754-1817), das quais se defende ao publicar o texto Discurso sobre o plágio na literatura e na arte (1880).

Por volta de 1879, retorna a Florença, onde pinta alguns de seus mais importantes quadros, como O voto de Heloísa (1880), Judite e Holofernes (1880), Moisés e Jocabed (1884) e Rabequista árabe (1884). No período, também se dedica à escrita. Em 1882, lança o romance O holocausto, de inspiração biográfica, mal recebido por ser considerado muito idealizado e inverossímil.

Em 1885, volta ao Brasil e reassume a função de professor na Aiba. Mas pouco depois retorna a Florença, onde permanece até 1888 para trabalhar em sua obra mais famosa: Independência ou morte (1888), também conhecida como O grito do Ipiranga, uma cena da proclamação da independência do Brasil encomendada pela província de São Paulo.

O resultado, mais uma vez, gera controvérsia, por uma suposta semelhança com a pintura 1807, Friedland (1875), do francês Ernest Meissonier (1815-1891). Décadas depois, o escritor Monteiro Lobato (1882-1948) afirmaria, sobre essa tela, que "raras vezes a arte da pintura atinge tal vértice"[1]. Apesar de criticar o pintor por desdenhar da “vereda áspera" de uma arte genuinamente brasileira, Lobato elogia suas qualidades técnicas e o manejo das formas acadêmicas.

Com a queda da monarquia, em 1889, o regime republicano promove uma reforma na Aiba, que passa a se chamar Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Os professores mais antigos e próximos do imperador, como Pedro Américo, são afastados. No mesmo ano, ele se elege deputado pela Paraíba. Não é muito presente nas sessões da Câmara, mas encaminha projetos de criação de museus, galerias e universidades; de redução do mandato presidencial e de concessão de pensão vitalícia para o imperador deposto. Nos intervalos da função parlamentar, pinta telas, como Tiradentes esquartejado (1893).

Em 1894, com a saúde abalada, o artista se transfere em definitivo para Florença, onde segue pintando, e escreve dois romances: O foragido, editado em 1900, e Na cidade eterna, publicado em 1901.

Pedro Américo foi um artista paraibano ligado à monarquia, de técnica apurada, que pinta telas e painéis notórios, muitos deles retratando batalhas e outros fatos históricos. Acusado de fraude em algumas obras, defende-se usando a escrita, um de seus vários talentos além da pintura.

Nota
1.
 LOBATO, Monteiro. Pedro Américo. In: LOBATO, Monteiro. Ideias de Jeca Tatu. São Paulo: Editora Brasiliense, 1951. p. 75.

Obras 15

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Reprodução fotográfica César Barreto

A Carioca

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Gilson Ribeiro

Davi e Abisag

Óleo sobre tela

Exposições 66

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Fontes de pesquisa 27

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ACQUARONE, Francisco. História da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Oscar Mano & Cia, 1939.
  • ACQUARONE, Francisco. Mestres da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, s.d.
  • ACQUARONE, Francisco; VIEIRA, Adão de Queiroz. Primores da pintura no Brasil. 2.ed. [Rio de Janeiro]: [s.n.], 1942. [170] p., v. 2.
  • ALMEIDA, Horácio de. Pedro Américo: ligeira nota biográfica do genial pintor paraibano. João Pessoa: Publicações A União Editora, 1943.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicion?rio de pintores brasileiros. 2.ed. rev. Curitiba: UFPR, 1997.
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  • CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
  • CARVALHO, José Murilo. Os esplendores da imortalidade. Folha de S. Paulo, 26 dez. 1999. Caderno Mais!.
  • CHIARELLI, Tadeu. Um jeca nos vernissages. São Paulo: Edusp, 1995. (Texto e arte, 11).
  • COTRIM, Álvaro. Pedro Américo e a caricatura. Prefácio João Carlos Cavalcanti; introdução Angelo Agostini. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 82 p., il. p&b. (História da pintura brasileira, 7).
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  • Jornal O Globo. Rio de Janeiro, 30 de abr. 1993.
  • LAGO, Pedro Corrêa do. Caricaturistas brasileiros: 1836-1999. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 1999. p. 36-37.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
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  • SALÃO ARTE PARÁ, 24., 2005, Belém, PA. Arte Pará 2005. Curadoria Paulo Herkenhoff. Belém: Fundação Romulo Maiorana, 2005. Disponível em: http://www.frmaiorana.org.br/2005/Arte_Para_2005_24ED.pdf.
  • Tribuna Bis. Rio de Janeiro, 29 de abr. 1993.

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