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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Djalma Corrêa

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.07.2024
18.11.1942 Brasil / Minas Gerais / Ouro Preto
08.12.2022 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Djalma Novaes Corrêa (Ouro Preto, Minas Gerais, 1942- Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022). Percussionista, baterista, compositor, pesquisador. Um dos percussionistas mais importantes do Brasil, tem uma pesquisa profunda da relação entre os ritmos do Brasil e de África, além disso, é um empenhado catalogador de manifestações culturais e possui ...

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Djalma Novaes Corrêa (Ouro Preto, Minas Gerais, 1942- Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022). Percussionista, baterista, compositor, pesquisador. Um dos percussionistas mais importantes do Brasil, tem uma pesquisa profunda da relação entre os ritmos do Brasil e de África, além disso, é um empenhado catalogador de manifestações culturais e possui uma vasta documentação com milhares de itens – entre gravações em áudio e vídeo, além de fotografias.

Djalma reconhece que a primeira “pancada percussiva”, como costuma falar, foi recebida na infância, em Ouro Preto, por intermédio da manifestação popular Zé Pereira1. Muda-se para Belo Horizonte aos 12 anos, onde se torna músico profissional aos 14, como baterista de uma banda de gafieira. Na Bahia, a carreira do músico recebe um duplo impacto: a aproximação com o alemão Hans-Joachin Koellreutter (1915-2005) e o suíço Walter Smetak (1913-1984) abre um campo para a experimentação com a música eletrônica e a invenção de instrumentos musicais; e a pesquisa nos terreiros de candomblé ampliam o conhecimento da diversidade rítmica afro-brasileira.

Vai a Salvador em 1959 para participar de um curso de férias em música eletrônica na escola Seminários Livres de Música da Bahia, coordenada por Koellreutter, e fica na Bahia por 17 anos. Djalma aprende a manipular sintetizadores e osciladores. Smetak constrói cerca de 150 instrumentos musicais ao longo da vida e Djalma Corrêa é um efetivo colaborador nesse processo, como seu aluno mais próximo. O percussionista cria também seus próprios instrumentos; um dos mais notórios é o banjilógrafo, que surge a partir de uma improvável conexão entre um banjo a uma máquina de datilografia.

Paralelamente, Djalma emerge em uma pesquisa dos toques de candomblé, especialmente com Vadinho do Gantois, um alagbê2 do Terreiro de Gantois. Djalma estuda a diversidade de batidas e leva essa experiência para sua obra fonográfica.

Em 1964, participa do show “Nós, Por Exemplo”, que fica pra história como a primeira ocasião em que Caetano Veloso (1942), Gal Costa (1945), Gilberto Gil (1942), Maria Bethânia (1946) e Tom Zé (1936) se apresentam juntos em um mesmo palco. O evento marca a inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. Djalma é baterista do grupo e executa uma composição própria, a peça eletrônica “Bossa 2000 D.C.”.

Cria o grupo Baiafro em 1970, que se propõe a trabalhar com os toques de terreiro e capoeira, entre outros elementos rítmicos da cultura popular baiana, com a influência ancestral africana em perspectiva. A formação do grupo varia ao longo dos anos e chega a ter 21 integrantes, com espetáculos que envolvem música, dança, teatro e artes plásticas. Em 1972, o grupo grava o LP “Salomão”, em parceria com a banda alemã de jazz, The Dave Pike Set.

Em 1976, muda-se para o Rio de Janeiro e participa da gravação de mais de 40 álbuns até o fim da década de 70. Entre eles, destacam-se trabalhos como “Joia” e “Qualquer Coisa” (ambos lançados por Caetano Veloso, também em 1975); “Os Doces Bárbaros” (Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, de 1976) e “Refavela” (Gilberto Gil, 1977).

Entre 1977 e 1978, é responsável por importantes registros fonográficos relacionados à memória e documentação da diversidade rítmica afro-brasileira. “Candomblé” (1977) reúne músicas que exemplificam alguns dos toques sagrados executados nos terreiros de candomblé. Vadinho do Gantois é o condutor das gravações, baseadas em percussão e voz. “Folclores do Brasil” (1977) é uma compilação de 14 temas recolhidos por Djalma ao longo dos anos, em suas pesquisas por todas as regiões do Brasil com seu próprio gravador. O trabalho registra desde o carimbó do Pará até a trova gaúcha.

No ano seguinte, é lançado “Baiafro”, sua obra autoral que melhor traduz as décadas de pesquisa dedicadas à percussão. Embora tenha algumas participações (como, mais uma vez, a de Vadinho do Gantois), a maioria dos arranjos é baseada essencialmente no toque de Djalma em seu arsenal de instrumentos percussivos, o que resulta em uma seleção de músicas que tanto apontam para a ancestralidade da música brasileira como oferecem uma linguagem de vanguarda para as batidas tradicionais.

Em 1987, integra o Quarteto Negro com o baixista Jorge Degas (1953), o saxofonista e clarinetista Paulo Moura (1932-2010) e a cantora Zezé Motta (1944). O disco homônimo do conjunto reúne composições autorais e versões para canções de exaltação à negritude de Gilberto Gil e Marku Ribas (1947-2013). A amálgama alcançada entre percussão, baixo, sopros e voz é extremamente original, com dinâmicas que associam os ritmos brasileiros com a estética do jazz.

Em 1990, com o violonista Nonato Luiz (1952) e o baixista Luiz Alves (1944), lança o álbum “Gosto do Brasil”. Além de ter discos lançados em carreira solo, atua como instrumentista acompanhante de trabalhos de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

O Acervo Djalma Corrêa (com cerca 670 fitas de rolo, 10.000 documentos fotográficos, 100 rolos de super-8 e três filmes em 16mm) é preservado pelo Balafon – Núcleo Brasileiro de Percussão, com apoio da edição 2017-2018 do programa Rumos – Itaú Cultural.

Em 2022, se apresenta pela primeira vez com o Quarteto Negro no Brasil, em uma apresentação em São Paulo. No mesmo ano, faz suas últimas gravações no álbum “Alto da Maravilha”, de Antônio Carlos (1945) & Jocafi (1944) com Russo Passapusso (1983).

Djalma Corrêa é um dos percussionistas mais inventivos da música brasileira, que se aprofunda na pesquisa das conexões entre os ritmos africanos e baianos. Além disso, a catalogação de manifestações populares à qual se dedica ao longo da carreira torna-se um importante arquivo para a compreensão da riqueza cultural do Brasil.  

Notas

1. Fundado em 1867, é o bloco carnavalesco mais antigo do país ainda em atividade
 
2. O alagbê é quem toca tambor nos rituais de candomblé e é responsável por evocar as divindades

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