Marcos Quelhas Moreira Chaves (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1961). Artista visual, arquiteto. Destaca-se por produzir obras a partir de elementos cotidianos que, descontextualizados, desautomatizam o olhar do espectador e, com humor, convidam à reflexão.

Forma-se em arquitetura e urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, onde tem aula com Lygia Pape (1927-2004). Estuda na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage) e no Bloco Escola, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam-Rio), onde tem aulas de pintura com Rubens Gerchman (1942-2008). 

Vive na Itália durante o ano de 1984, quando trabalha como assistente de Antonio Dias (1944-2018), em Milão. Realiza sua primeira exposição individual em 1988, na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro, em que apresenta objetos, desenhos e intervenções sobre sacolas de supermercado. 

Em trabalhos de fins da década de 1980, como Hanged Man (1987) e Hommage aux Mariages (1989), o artista já exibe um dos traços mais característicos de sua obra: a habilidade de olhar o mundo por meio do humor atento e ácido e de afastar da percepção rotinas e hábitos que enfraquecem a construção de conhecimentos.

Para a crítica Ligia Canongia, o trabalho de Chaves pertence à linhagem do ready-made duchampiano, ou seja, à linhagem das obras que vieram interrogar sobre a qualidade e a função do objeto de arte. É nesse sentido que o artista expõe obras como Jaws (1992), na qual prega à parede uma bolsa de veludo, e Irene ri (1994), formada por duas vassouras de fibra de piaçava. 

Ao longo de sua trajetória, persegue o caráter disjuntivo das coisas, que saem de seu meio e função originais. São objetos que interferem sobre a ordem institucional, surpreendendo com valores que a convenção dissimulava. O artista faz deslocamentos imprevisíveis e constrói assemblages com tons de paródia, destilando aí a sua observação aguda sobre o mundo que o cerca e não poupando nenhum segmento, dos produtos tecnológicos ao lixo.

Em 1997, recebe a menção de honra no 4º Salão MAM-Bahia pela obra Um/um (1996) e é contemplado com a Bolsa de Artes RioArte, do Instituto de Arte e Cultura do Rio de Janeiro. Recebe o prêmio de viagem pelo país no 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, em 1998, pelo vídeo Eu só vendo a vista (1997). 

Participa do Cyfuniad International Artists Workshop, em Liverpool, Inglaterra, em 2001. Em 2002, realiza a instalação Lugar de sobra, reunindo vários bancos de madeira feitos precariamente. Ainda em 2002, apresenta trabalhos no projeto Stazione Topolò, em Udine, Itália, e na 7X7 Arte Contemporaneo Brasileño, em La Paz, Bolívia. Assina, em 2004, o cenário da peça Ensaio.Hamlet, de Enrique Diaz (1967), com a Cia. dos Atores. 

Produz a série fotográfica Buracos (1996-2021), na qual, assim como em Lugar de sobra, explora arranjos e justaposições irônicas e hilárias inventadas pelos habitantes das metrópoles brasileiras para contornar o descaso público. Também em 2006, produz o cenário do espetáculo Teorema, da coreógrafa e bailarina Marcia Rubin (1962).

Com um olhar original sobre o mundo, Marcos Chaves cria obras artísticas provocadoras, marcadas por um viés crítico, que desconcertam o público.