Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Ensaio.Hamlet

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.02.2016
07.04.2004 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro – Espaço Sesc
Primeira montagem de um texto da literatura clássica universal pela Cia dos Atores, o espetáculo sintetiza a narrativa da história de Shakespeare e a envolve em interferências retiradas do processo de encenação, das relações do ator com suas personagens e das livres associações que a ação propicia aos criadores.

Texto

Abrir módulo

Histórico

Primeira montagem de um texto da literatura clássica universal pela Cia dos Atores, o espetáculo sintetiza a narrativa da história de Shakespeare e a envolve em interferências retiradas do processo de encenação, das relações do ator com suas personagens e das livres associações que a ação propicia aos criadores.

O espetáculo começa com todos os atores em cena e o primeiro texto, dito por Fernando Eiras (1957), conta que, durante os ensaios de outro espetáculo dirigido por Enrique Diaz (1967), ele pedia aos atores que fizessem acontecer 'alguma coisa de real'. Essa chave aciona diversos procedimentos da encenação, desde o uso de elementos concretos até a revelação do conflito, da crítica ou da perplexidade do ator em relação ao personagem que está encarregado de representar.

O Rei Cláudio queima as próprias mãos com água fervendo; Ofélia se afoga em uma seqüência de garrafões d'água que ela mesma joga sobre si; Hamlet argüi a mãe com uma câmera na mão e a expõe em telas; Ofélia morta entra como bife cru que, passado a ferro, faz subir o cheiro de carne queimada; Rosencrantz e Guildenstern adentram a cena como bonecos infláveis na forma de Jaspion (super-herói de seriado japonês); a atriz Bel Garcia revira uma bolsa procurando Ofélia e reconhece sua aversão a adolescentes; enquanto fala da irmã, Laertes se despe de suas roupas, veste um vestido, e ao final desta ação se transmuta em Ofélia; a rainha Gertrudes infantiliza o filho, que reclama de suas roupas apertadas, pequenas demais para ele; no monólogo de Hamlet, os três atores que se revezam na personagem estão juntos em cena e partilham o texto.

O crítico teatral Michel Cournot, do jornal Le Monde, escreve: "Ainda que os intérpretes atuem como se eles realmente ensaiassem Hamlet, com a conivência do público, eles também interpretam a trupe imaginada por Shakespeare que representa uma cena. Nada se perde, e os comediantes brasileiros, dançarinos, acrobatas, mímicos, nos levam ao seu propósito através de peregrinações. Eles são aéreos, imaginários, surreais, e quando interpretam, de fato, uma cena ou outra de Hamlet, são formidáveis em presença de espírito, disponibilidade, evidência. (...) Eles nos dão uma maravilha de entretenimento, de espetáculo, cada detalhe enche nossa vista, os atores projetam fantasmagorias encantadoras, como se nós vivêssemos diversas reflexões de nossas mentes, a consciência do que é visto, fisicamente, e, ao mesmo tempo, os sobressaltos de nossas memórias, de nossos instintos".1

No Jornal do Brasil, o crítico Macksen Luiz (1945) considera que a desconstrução do texto de Shakespeare se dá "como experiência especulativa sobre a representação da obra" e que o diretor "persegue código teatral que impõe à obra desconcertante versão, em que experimentos sugestivamente arbitrários tornam secundária qualquer outra apropriação do texto".2

O espetáculo se apresenta no Rio de Janeiro (capital e interior), São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Goiânia, João Pessoa, São José do Rio Preto, Belo Horizonte, Estados Unidos, Colômbia, Espanha, Alemanha, Rússia, Bulgária e França, onde recebe o Prêmio da Crítica como melhor espetáculo estrangeiro de 2005.

Notas

1. COURNOT, Michel. Une interprétation brésiliénne de Shakespeare: l'imagination, le rêve et la poésie de Ensaio.Hamlet. Paris, Le Monde, 4 dez. 2005.

2. LUIZ, Macksen. Dois pontos de vista sobre um mesmo ensaio de Hamlet. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 abr. 2004.

 

Ficha Técnica

Abrir módulo
Autoria
William Shakespeare

Tradução
Millôr Fernandes

Direção
Enrique Diaz (Prêmios Shell e Qualidade Brasil)

Direção (assistente)
Daniela Fortes
Mariana Lima

Direção de cena
Márcia Machado

Cenografia
César Augusto
Marcos Chaves

Cenografia (assistente)
Marcelo Nicolau
Marcelo Nicolau

Adereço
Natália Lana
Patricia Muniz

Efeitos especiais
Fernando Sant'Anna
Fernando Sant'Anna / Ensaio.Hamlet

Figurino
Marcelo Olinto

Figurino (assistente)
Patricia Muniz

Costureira
Macedo Leal

Iluminação
Maneco Quinderé

Iluminação (assistente)
Fernanda Esteves

Visagismo
Ricardo Moreno

Trilha sonora
Felipe Rocha
Lucas Marcier
Rodrigo Marçal

Direção corporal
Andrea Jabor

Coreografia
Andrea Jabor
Cristina Moura

Preparação corporal
Cristina Moura

Elenco
Bel Garcia
César Augusto
Felipe Rocha
Fernando Eiras (Prêmio Qualidade Brasil)
Malu Galli
Marcelo Olinto

Produção executiva
Elisete Jeremias / Ensaio.Hamlet
Henrique Mariano / Ensaio.Hamlet

Produção (assistente)
Marina Rodrigues / Ensaio.Hamlet

Contrarregra
Elisete Jeremias

Camareira
Clarissa Mastro

Fontes de pesquisa 4

Abrir módulo
  • COURNOT, Michel. Une interprétation brésilienne de Shakespeare: l'imagination, le rêve et la poésie de Ensaio.Hamlet. Paris, Le Monde, 4 dez. 2005.
  • DIAZ, Enrique, CORDEIRO, Fabio e OLINTO, Marcelo (orgs.). Na Companhia dos Atores. Rio de Janeiro: Aeroplano/Senac Rio, 2006.
  • ENSAIO.Hamlet. Programa do Espetáculo, 2004.
  • LESSA, Jefferson. Leitura iconoclasta resgata os ideais antropofágicos. Rio de Janeiro, O Globo, 15 abr. 2004.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: