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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Fernando Eiras

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
21.02.1957 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Fernando Eiras (Rio de Janeiro RJ 1957). Ator. Pertencente à geração formada na escola O Tablado, apura sua técnica na década de 1970 graças à convivência com os principais encenadores do período.

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Biografia

Fernando Eiras (Rio de Janeiro RJ 1957). Ator. Pertencente à geração formada na escola O Tablado, apura sua técnica na década de 1970 graças à convivência com os principais encenadores do período.

Aos 14 anos, é apresentado pelo pai, o compositor e radialista Haroldo Eiras, a Ziembinski. O encenador propõe alguns exercícios de leitura ao então aspirante a ator, que recebe aprovação e incentivo para seguir a carreira teatral. É aconselhado a cursar O Tablado, escola da dramaturga e professora Maria Clara Machado, onde permanece durante três anos, entre 1972 e 1974. Nesse período, participa da remontagem de três peças da autora: A Volta do Camaleão Alface (como Maneco), O Embarque de Noé (como um pingüim) e O Boi e o Burro no Caminho de Belém (como um clown-mendigo). Na mesma época, mantém-se próximo do diretor Luiz Mendonça, com quem encena o musical Faça do Coelho, o Rei, 1977, de Pedro Porfírio.

O período é marcado também pelo contato com Klauss Vianna e Angel Vianna, pessoas fundamentais para sua formação, na medida em que lhe revelam a importância da expressão corporal. Em 1976, estreia profissionalmente como integrante do coro e intérprete do guarda que toma conta da personagem Branca Dias em O Santo Inquérito, de Dias Gomes, montagem dirigida por Flávio Rangel. Este último o dirige novamente em 1977, em A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller. Como patrão do protagonista, vivido por Paulo Autran, Fernando atua no segundo ato e faz a cena em que demite o empregado. Assume o papel em substituição a Simon Cury, depois de ser aprovado em teste pelo diretor e por Autran.

Em 1981, ao lado de Louise Cardoso e Guilherme Karan, atua em Village, de Ira Evans, musical americano dirigido por Wolf Maya que alcança sucesso. A afinidade com encenadores experimentais continua a prevalecer. No mesmo ano, volta a trabalhar com o diretor Luiz Mendonça, em Barreado, de Ana Elisa Gregori, dividindo o palco com Elizabeth Savalla, Germano Filho e Miriam Pires. Em 1982, conhece Rubens Corrêa e Ivan de Albuquerque e passa a acompanhar os ensaios do Teatro Ipanema, experiência também decisiva para a sua formação. Integra o elenco de A Flor do Milênio, de Denise Emmer e Sérgio Fonta, com direção de Rubens.

Participa da montagem de Mahagonny, de Bertolt Brecht, dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa, em 1986. No ano seguinte, sob direção de Bia Lessa, integra o elenco de Ensaio nº 4 - Os Possessos, prestigiada adaptação do romance de Dostoievski. Em 1987, com Rubens Corrêa, Lídia Brondi, Luiz Maçãs e outros, participa como o galante antagonista de George Dandin, de Molière, cuja direção cabe a Ivan de Albuquerque, com cenário de Anísio Medeiros.

Sob a direção de Gilberto Gawronski, atua, em 1991, em Uma Estória de Borboletas, texto de Caio Fernando Abreu, e, em 1992, em Bumba-Meu-Boi Modernista, de Sebastião Milaré, em que interpreta o poeta Mário de Andrade (1893 - 1945). Dois musicais marcam a década e aproveitam sua vocação para o canto: Nada Além de uma Ilusão, 1993, dirigido por Luiz Arthur Nunes, em que faz o papel de Custódio Mesquita, e Pixinguinha, 1994, de Fátima Valença, com direção de Amir Haddad.

Duas encenações capitaneadas por Enrique Diaz são relevantes momentos na carreira: As Três Irmãs, de Anton Tchekhov, 1999, espetáculo bem recebido pelo público, e Ensaio.Hamlet, criação de 2004 da Companhia dos Atores baseada em Shakespeare. Nesta última, o ator, assim como os outros integrantes do elenco, desdobra-se em vários personagens (Horácio, Polônio, Laertes e Ofélia) e ganha amplo reconhecimento da imprensa especializada. Sobre a montagem, comenta a crítica Maria Lúcia Candeias: "É imperdível. Quase como se fosse um novo texto. Além da transformação da dramaturgia, a Cia. dos Atores surpreende mais ainda pela interpretação do elenco, mérito do diretor e de sua assistente Mariana Lima. Em primeiro lugar, o espetáculo exibe várias técnicas de interpretação o tempo todo. Uma espécie de sistema coringa, como o criado por Augusto Boal e reverenciado internacionalmente, lá está (...). Tudo é feito com tal naturalidade e num ritmo digno de cartola de mágico, que o público pode nem se dar conta direito desse troca-troca. Isso porque todos interpretam seus personagens com completa identificação, como aconselhou o russo Stanislavsky, e convencem integralmente, visando ao envolvimento da platéia. O público, por sua vez, assiste e vai começando a ficar tocado, enquanto cada ator, quase que imediatamente, passa a falar com naturalidade e sem emoções, como num ensaio de verdade, passando a ação para o colega, num ágil efeito de distanciamento à maneira de Brecht".1

O ator é indicado duas vezes ao Prêmio Shell - por Noite Feliz, 1995, texto e direção de Flávio Marinho, e por Fausto, 2003, obra de Goethe dirigida por Moacir Chaves em que faz o papel de Mefisto. Recebe o Prêmio Qualidade Brasil em 2004 por Ensaio.Hamlet.

Fernando Eiras atua também em telenovelas e tem uma respeitável e premiada carreira no cinema, em que se destacam produções do diretor Júlio Bressane, como Dias de Nietzsche em Turim, 2001, e Filme de Amor, 2003.

Notas

1. CANDEIAS, Maria Lúcia. Um ensaio para valer. Gazeta Mercantil, São Paulo, Fim de Semana,  26 nov. 2004. p. 2.

Espetáculos 25

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Fontes de pesquisa 8

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  • A MPB sobe ao palco. Revista Época, São Paulo, n. 18, 21 ago. 1998.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • EIRAS, Fernando. Entrevista concedida por telefone pelo ator ao pesquisador Helio Ponciano. São Paulo, 7 jun. de 2007.
  • ENSAIO.Hamlet. Programa do Espetáculo, 2004. Não catalogado
  • FERNANDES, Michel. Cia. dos Atores apresenta um Hamlet multiplicado (crítica escrita para o site Último Segundo). In: ÚLTIMO SEGUNDO. São Paulo, Ig, 2004. Disponível em: [http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/cultura/1814501-1815000/1814597/1814597_1.xml]. Acesso em 16/6/2007.
  • RODRIGUES, Marco Antonio . Hamlet dionisíaco. Bravo!, São Paulo, n. 87, dez. 2004. p. 105.
  • SALLUM, Érika. "Três Irmãs" expõe desejos universais. Folha de S.Paulo, São Paulo, Revista da Folha, 12 mar. 1999. p. 66.
  • SANTOS, Valmir. Cia. dos Atores desmonta tragédia de Hamlet. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 13 nov. 2004. p. 8.

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