Hugo Rodas
Texto
Hugo Renato Rodas Giusto Mendes Rossi (Juan L. Lacaze, Uruguai, 1939 - Brasília, 2022). Diretor, ator, professor, cenógrafo, iluminador, figurinista, dramaturgo, coreógrafo, músico. Incorporando diferentes linguagens do corpo em sua montagens, Hugo Rodas torna-se responsável por reformular e consolidar o teatro brasiliense através da releitura de textos clássicos da dramaturgia incorporando elementos da dança, do gesto e da fala.
Recebe desde cedo aulas particulares de inglês, francês, italiano, piano, desenho e pintura. Seus pais lhe proporcionam o primeiro contato com o universo artístico ao frequentar teatros, óperas e balés. Muda-se para Montevidéu e ingressa na escola-teatro do Teatro Circular (1954), referência do movimento independente uruguaio.
No final de década de 1950, conhece a coreógrafa Graciela Figueroa (1944), sua mais forte influência, vindo a integrar sua companhia. Em 1975, o grupo se apresenta no Festival de Inverno de Ouro Preto. A vinda para o Brasil, em período de repressão política no Uruguai, define a mudança de vida de Hugo Rodas, que passa a morar no Brasil e, inicialmente, se fixa em Salvador. No mesmo ano, é chamado a ministrar um workshop em Brasília e permanece na capital. Funda o Grupo Pitú (1976-1981) e realiza vários espetáculos, entre os quais Os Saltimbancos, contemplado com o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro como melhor espetáculo infantil de 1977. Quando o cantor e compositor Oswaldo Montenegro (1956), em seu primeiro musical em parceira com o compositor Mongol, remonta João Sem Nome (1976), Hugo Rodas dirige e coreografa o espetáculo, antes dirigido pelo diretor Dimer Monteiro.
Hugo Rodas é um dos mais conceituados diretores de seu tempo, identificado pela irreverência, versatilidade e criatividade norteadoras da pluralidade de linguagens que caracteriza a sua obra. De 1981 a 1984 reside em São Paulo e trabalha no Teatro Oficina com o diretor José Celso Martinez Corrêa (1937) e no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) com o diretor Antônio Abujamra (1932-2015).
Ao retornar a Brasília, é convidado pela professora e coreógrafa Norma Lillia para uma parceria que resulta em três espetáculos criados e dirigidos por Rodas: A Casa de Bernarda Alba (1983), A Teia (1984) e Salomé (1986), este último protagonizado pela bailarina Ana Botafogo (1957). Em 1989, dirige para o Circo Teatro Udi Grudi, A Menina dos Olhos, sucesso de público e de crítica, vencedor dos Prêmios Apac/DF e Fiat/89. Ao lado dos diretores Adriano e Fernando Guimarães, Rodas recebe, em 1996, o Prêmio Shell de direção pelo espetáculo Dorotéia. É um dos fundadores do Teatro Universitário Candango – TUCan na Universidade de Brasília (UnB), em 1992. Dirige o espetáculo Seis Personagens em Busca de um Autor, do escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936), que recebe seis prêmios, entre os quais melhor diretor e melhor espetáculo, no Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, em 2004. Suas produções colaboram significativa para a consolidação e reconhecimento do teatro brasiliense
É responsável, na capital federal, por reformular conceitos estéticos que ultrapassam os limites estabelecidos pelo conservadorismo, sendo pioneiro em incorporar a dança que fala e o teatro que se expressa com movimentos dançantes. Consegue equilibrar e harmonizar diversas manifestações artísticas ao longo de seu trabalho. Um exemplo de sua multiplicidade é A Casa de Bernarda Alba, peça em que, além de dirigir, também faz a coreografia, a iluminação, o figurino e a cenografia, perpetuando-a como uma das mais importantes obras de dança-teatro.
Em livre adaptação da obra do dramaturgo romeno Eugéne Ionesco (1909-1994), dirige O Rinoceronte (2005), que recebe seis prêmios no 2º Prêmio Sesc de Teatro Candango. Em 2008, dirige Édipo, com a Cia. Benedita de Teatro, contemplado com diversos prêmios, entre os quais melhor espetáculo e melhor direção no 1º Festival Nacional de Teatro de Goiânia.
Em 1989, ingressa na UnB como professor visitante. Em 2000, passa no concurso de professor titular, recebendo o título de doutor notório em artes cênicas onde tem longeva atuação. Funda a Companhia dos Sonhos (1999-2005), com a qual realiza trabalhos como Rosanegra – Uma Saga Sertaneja (2002), escolhido para participar do Palco Giratório Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc).
Volta a atuar em parceria com Abujamra, na direção de importantes montagens como Senhora Macbeth (2006), com a atriz Marília Gabriela (1948); Os Demônios (2006), do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881); e Cantadas (2007), monólogo com a atriz Denise Stoklos (1950).
Como ator, volta aos palcos no monólogo Boleros (2008), um musical autobiográfico. Em 2010, interpreta o monólogo 7 X Rodas, composto de sete montagens dirigidas por nove diretores e com sete cenários distribuídos em círculo, assinados por Rodas.
Hugo Rodas deixa um importante legado em diferentes áreas de atuação, desde a direção e prática teatral até o ensino enquanto disciplina universitária.
Espetáculos 268
Espetáculos de dança 48
Exposições 2
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17/9/2012 - 11/10/2012
Performances 10
Fontes de pesquisa 13
- ALMEIDA, Cida. Um furacão chamado Hugo Rodas. Overmundo, 10 jun. 2007. Disponível em: www.overmundo.com.br. Acesso em: 10 set. 2011.
- CARRIJO, Elizângela. (A)bordar memórias, tecer histórias: fazeres teatrais em Brasília (1970-1990). 2006. Dissertação (Mestrado em História Cultural) - Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Angélica Souza e Silva]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não catalogado
- ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Márcio Freitas]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
- Hugo Rodas. Brasilia: Editora ARP, 2010. Não catalogado
- LEIKO, Diana. Hugo Rodas em sete diferentes visões. Jornal da Comunidade, 9 out. 2010. Disponível em: www.jornaldacomunidade.com.br.
- LEIKO, Diana. Hugo Rodas em sete diferentes visões. Jornal da Comunidade, 9 out. 2010. Disponível em: www.jornaldacomunidade.com.br. Acesso em: 10 set. 2011.
- MORRE o diretor de teatro Hugo Rodas, aos 82 anos. Correio Braziliense, 13 abr. 2022. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2022/04/5000350-morre-o-diretor-de-teatro-hugo-rodas-aos-82-anos.html. Acesso em: 13 abr. 2022.
- OBJETO Sim – Assessoria de Imprensa e Projetos Culturais. 7 X Rodas: espetáculo apresenta o mais importante diretor teatral de Brasília sob sete diferentes direções. Disponível em: www.objetosim.com.br. Acesso em: 10 set. 2011.
- PORTAL da Prefeitura de Goiânia, Assessoria de imprensa do Goiânia Ouro. Goiânia Ouro recebe espetáculo Édipo. Governo do Estado de Goiás, 19 abr. 2011. Disponível em: www.goiania.go.gov.br. Acesso em: 10 set. 2011.
- Programa do Espetáculo - Começa a Terminar - 2008. Não catalogado
- RODAS, Hugo. Hugo Rodas. [Entrevista cedida a] Rosa Coimbra. Brasília, 18 ago. 2011.
- SOUZA, Claudia Moreira de. O garoto de Juan Lacaze: invenção no teatro de Hugo Rodas. 2007. Dissertação (Mestrado em Artes) - Universidade de Brasília, 2007.
Como citar
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HUGO Rodas.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa109203/hugo-rodas. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7