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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Edifício do Teatro Cultura Artística

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 10.06.2024
1942
Localizado na rua Nestor Pestana, na região central de São Paulo, o Teatro Cultura Artística (TCA) é um projeto dos arquitetos Rino Levi (1901-1965) e Roberto Cerqueira César (1917-2003), do escritório Rino Levi. Pelas características inovadoras em acústica, visibilidade e integração com as artes, torna-se um marco na história da arquitetura mod...

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Localizado na rua Nestor Pestana, na região central de São Paulo, o Teatro Cultura Artística (TCA) é um projeto dos arquitetos Rino Levi (1901-1965) e Roberto Cerqueira César (1917-2003), do escritório Rino Levi. Pelas características inovadoras em acústica, visibilidade e integração com as artes, torna-se um marco na história da arquitetura moderna brasileira. É considerado, na época de sua inauguração, o mais avançado teatro brasileiro e, desde então, uma das melhores salas de concerto do país.

O teatro é fruto de aspirações da Sociedade de Cultura Artística (SCA), instituição da elite paulistana que promove saraus e recitais e, desde 1919, deseja ter uma sede própria. Projetado em 1942, é inaugurado em 1950, com concertos dos maestros brasileiros Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Camargo Guarnieri (1907-1993). Desde então, a obra é divulgada em várias revistas internacionais, como L’Architecture d’Aujourd’Hui, Architectural Review e Domus, sendo elogiada pela concepção, qualidade acústica e pelos dois auditórios superpostos – as salas Esther Mesquita, com 1156 lugares, e a Rubens Sverne, com 339. 

É o ápice de uma série de projetos de Rino Levi que contam com elaborados estudos de reverberação e qualidade de som. Iniciados em 1936, com o cine Ufa-Palácio, e consolidados no TCA, esses estudos se inspiram nos princípios acústicos pesquisados pelo físico estadunidense Wallace C. Sabine (1868-1919).

O projeto situa o palco no fundo (a parte mais estreita) do lote, o que lhe confere forma quase triangular. Como um leque, dispõe a plateia a partir de um eixo central do palco, de frente para a Rua Nestor Pestana, o que dá à última fileira uma leve curvatura, que se espelha na fachada e acompanha o traçado da rua. A elevação da plateia cria espaço para o hall de entrada e uma segunda sala menor, enquanto o foyer do piso intermediário, com pilares recuados, se transforma em ponto de observação da cidade.

Adotando o traço marcante da arquitetura moderna brasileira de integrar as artes, os arquitetos inserem, na fachada curva do teatro, um painel do artista brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976). Intitulado Alegoria das artes e selecionado em concurso promovido pela SCA, o maior painel já feito pelo artista mede 48 metros de comprimento por oito de altura, é composto por 26.000 pastilhas de vidro e retrata as musas gregas inspiradoras das artes e das ciências.

Depois da inauguração, o teatro funciona por alguns anos, mas logo é alugado para a TV Excelsior, que o devolve em péssimas condições, em 1970. A Sociedade solicita projeto de reforma ao escritório Rino Levi, no qual os sócios Luiz Roberto Carvalho Franco (1926-2001) e Roberto Cerqueira César, com consultoria do especialista em cenotecnia Aldo Calvo (1906-1991), propõem aumentar o palco criando um fosso para a orquestra (não executado) e, assim, criar um retropalco. Na reforma, eliminam-se alguns acessos e algumas fileiras de assentos. O TCA é reaberto em 1977 com cerca de 1100 assentos, 400 a menos. Intervenções posteriores são feitas a intervalos regulares, atendendo a exigências da prefeitura. O arquiteto Paulo Bruna (1941) participa de todas elas.

Em 17 de agosto de 2008, um incêndio começa no palco e destrói o teatro até as portas corta-fogo. O fundo da plateia, formado por parede dupla para evitar ruídos externos, permite salvar o mosaico de Di Cavalcanti. A SCA decide demolir os remanescentes do edifício e contratar um novo projeto, dividindo a recuperação em duas fases: a restauração da fachada e do painel, completada em 2011 pela arquiteta portuguesa Isabel Ruas, da Oficina de Mosaicos, e premiada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2012; e a construção de um novo teatro, projetado por Paulo Bruna. Por segurança, o arquiteto cria uma grande plataforma metálica para travar e fixar o painel. Após o incêndio, o processo de tombamento do Teatro é aprovado nas três esferas governamentais, além de ter seu projeto de restauração aprovado.

As soluções inovadoras, os traços racionalistas e sóbrios dos autores, a integração entre arte, arquitetura, ciência e tecnologia, além da valorização do espaço urbano e dos pedestres, determinam a importância do Teatro Cultura Artística. Soma-se a isso o uso pioneiro de estudos acústicos para definição da forma arquitetônica, o perfeccionismo e o importante papel do escritório Rino Levi nessa produção.

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