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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Foto Clube Brasileiro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 28.12.2018
1923 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
O Foto Clube Brasileiro é uma associação de fotógrafos criada no Rio de Janeiro, em 1923, por um grupo de amadores que se reúnem para debater as relações entre arte e fotografia, juntamente com sócios do Photo Club do Rio de Janeiro, inaugurado em 1910. Segundo a pesquisadora Maria Teresa Bandeira de Mello, trata-se do primeiro clube de fotógraf...

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Histórico

O Foto Clube Brasileiro é uma associação de fotógrafos criada no Rio de Janeiro, em 1923, por um grupo de amadores que se reúnem para debater as relações entre arte e fotografia, juntamente com sócios do Photo Club do Rio de Janeiro, inaugurado em 1910. Segundo a pesquisadora Maria Teresa Bandeira de Mello, trata-se do primeiro clube de fotógrafos efetivamente organizado no Brasil: promove exposições, cursos teóricos e práticos, debates, concursos, excursões, salões e a publicação das revistas Photo Revista do Brasil e Photogramma. Além disso, mantém correspondência com sociedades internacionais, funcionando como uma instituição divulgadora de novidades técnicas e estéticas. Até o fim dos anos 1940, exerce papel fundamental na difusão da idéia de fotografia como arte.1

Nas duas primeiras décadas do século XX, a produção fotográfica no país é praticamente restrita a estúdios especializados em retratos oficiais, festas de família e álbuns de paisagem. Inicia-se a comercialização de equipamentos e procedimentos químicos que facilitam a prática fotográfica de amadores. Nesse contexto, o Foto Clube Brasileiro passa a funcionar conforme os moldes do fotoclubismo europeu, em que predomina a prática do pictorialismo. Como havia ocorrido em centros urbanos como Paris e Londres, no fim do século XIX, a intenção dos associados é defender o estatuto artístico da fotografia. Reagem contra a industrialização dos processos, pois consideram que a popularização da fotografia provoca sua banalização. Para os pictorialistas, é preciso afastá-la de suas características de imagem mecânica e objetiva. Empregam técnicas manuais na cópia ou no negativo com a intenção de eliminar a nitidez da imagem fotográfica, conferindo-lhe uma aparência de desenho ou gravura. O bromóleo, a goma bicromatada e o flou2 são os métodos mais conhecidos. Sua noção de fotografia artística se baseia na idéia de obra única e expressão subjetiva.

O Foto Clube Brasileiro reúne profissionais e amadores, entre os quais se destacam Fernando Guerra Duval, Alberto Friedmann, João Nogueira Borges e Hermínia Borges (1894 - ca.1989). De modo geral, a produção é pautada por temas e regras de composição características da pintura ensinada na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, seus associados registram cenas de gênero, retratos, paisagens, naturezas-mortas e nus e, na organização do quadro, buscam o equilíbrio entre as formas e as áreas de luz e sombra.

De acordo com Bandeira de Mello, mesmo com a preponderância do pictorialismo, surgem, entre os sócios, divergências sobre a natureza das intervenções do fotógrafo na cópia, bem como a respeito do recurso de desfocalização. Dividem-se entre os que defendem técnicas de intervenção manual e os que propõem o uso de recursos exclusivamente fotográficos. O debate é polarizado pelos sócios Duval e Friedmann. O primeiro manifesta-se contra o automatismo técnico e em prol da aproximação entre fotografia e pintura. O segundo argumenta a favor da preservação da expressão artística por meio da exploração criativa de qualidades fotográficas específicas, com atenção especial para os efeitos da luz sobre o negativo.

Publicada entre 1926 e 1931, Photogramma é a única revista em português dedicada exclusivamente à divulgação de assuntos fotográficos. Conforme o editorial da primeira edição, seu objetivo é difundir a fotografia como uma das belas-artes.3 Com a maior parte dos textos redigida pelos membros do Foto Clube Brasileiro, publica artigos técnicos sobre o uso de materiais, equipamentos e processos químicos, bem como sobre regras de composição, enquadramento, iluminação etc. Os textos teóricos discutem, sobretudo, o caráter artístico da fotografia, refletem sobre a subjetividade e a objetividade dos processos e a respeito da relação entre fotografia e outras artes, principalmente a pintura. Há uma seção voltada para o exercício crítico, na qual os redatores julgam e comentam a qualidade técnica e estética de imagens expostas em mostras e concursos organizados pela associação. Divulga ainda notícias sobre as atividades internas do clube, resoluções da diretoria e a entrada de novos sócios.

Quando a publicação da Photogramma é interrompida, em 1931, as imagens dos sócios e os informes do Foto Clube Brasileiro passam a ser divulgados em periódicos cariocas como O Globo, Beira-Mar, Revista da Semana, Careta, O Cruzeiro e Revista de Copacabana. E os clubistas fornecem imagens para ilustrar as páginas e capas desses veículos. Entre as colaborações, destaca-se o trabalho na revista O Cruzeiro, que entre 1928 e 1932, não emprega fotógrafos, publicando amplamente a produção dos fotógrafos clubistas. Além disso, os sócios organizam concursos fotográficos promovidos pela revista e julgam os trabalhos dos concorrentes. Por isso, nesses anos iniciais, as imagens de O Cruzeiro apresentam uma estética pictorialista.

Entre as atividades do Foto Clube Brasileiro, destaca-se ainda a organização e patrocínio de um programa semanal na Rádio Sociedade Guanabara, entre 1948 e 1949. Chamado Luz e Sombra, é um curso básico de fotografia apresentado por Nogueira Borges, presidente da associação. Os eventos do Foto Clube Brasileiro começam a perder prestígio no fim dos anos 1940, quando o Foto Cine Clube Bandeirantes - FCCB, sediado em São Paulo, expande suas atividades e passa a divulgar uma estética modernista identificada com movimentos internacionais como a straight photography e a nova visão.

Notas

1 MELLO, Maria Teresa Bandeira de. Arte e fotografia: o movimento pictorialista no Brasil. Rio de Janeiro: Funarte, 1998. (Luz & reflexão, 7)., p. 68.

2 Efeito de perda de nitidez provocado pela difusão da luz.

3 MELLO, Maria Teresa Bandeira de. op. cit, p. 71.

Exposições 1

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Fontes de pesquisa 1

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  • MELLO, Maria Teresa Bandeira de. Arte e fotografia: o movimento pictorialista no Brasil. Rio de Janeiro: Funarte, 1998. (Luz & reflexão, 7).

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