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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Grupo de Teatro Experimental (GTE)

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.11.2017
1942 Brasil / São Paulo / São Paulo
1948 Brasil / São Paulo / São Paulo
Grupo amador paulistano, fundado por Alfredo Mesquita, pauta-se por preocupações artísticas modernas, inéditas até então no teatro da cidade, tornando-se uma das raízes do Teatro Brasileiro de Comédia e da Escola de Arte Dramática.

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Histórico

Grupo amador paulistano, fundado por Alfredo Mesquita, pauta-se por preocupações artísticas modernas, inéditas até então no teatro da cidade, tornando-se uma das raízes do Teatro Brasileiro de Comédia e da Escola de Arte Dramática.

Após algumas bem-sucedidas encenações beneficentes ao longo da década de 1930, Alfredo Mesquita abre a Livraria Jaraguá, ponto de reunião de artistas e intelectuais. Servirá ela, num primeiro momento, como fator de aglutinação e local de ensaio para o grupo amador de teatro, que inicia suas atividades com a montagem de À Quoi Rêvent les Jeunes Filles, de Alfred de Musset, no original. A apresentação divide o palco do Teatro Cultura Artística com outra realização, em inglês, levada a efeito pelo grupo English Players, em 1942.

Vindo ao encontro do entusiasmo natural daqueles jovens, a estada da companhia de Louis Jouvet no Theatro Municipal, em 1941, torna-se decisiva para estimular os amadores a tentar repetir - especialmente no tocante ao acabamento artístico e na proposta da encenação moderna - os rumos do conjunto francês.

O primeiro presidente do Grupo de Teatro Experimental - GTE, é Almeida Salles, cabendo a Alfredo Mesquita a direção artística. O repertório organiza-se a partir de três eixos artísticos básicos: os clássicos, a vanguarda e o autor nacional.

Na primeira linha são apresentados, sempre com direção de Alfredo Mesquita: Os Pássaros, de Aristófanes, O Avarento, de Molière, ambos em 1945; As Alegres Comadres de Windsor, de William Shakespeare, 1946. O repertório moderno inclui: À Sombra do Mal, de Lenormand, 1943; Fora da Barra, de Sutton Vane, 1944; e À Margem da Vida, de Tennessee Williams, 1948. Entre os autores nacionais escolhidos, estão o próprio Alfredo Mesquita, com Heffemann, 1944; Carlos Lacerda, com A Bailarina Solta no Mundo, 1945; e Abílio Pereira de Almeida, que contribui com Pif-Paf, 1947, e A Mulher do Próximo, 1948.

Integram o GTE, entre outros, Maurício Barroso, Abílio Pereira de Almeida, Caio Cayubi, Marina Freire, Nydia Licia, Irene Bojano, Ruy Affonso, Carlos Vergueiro, Paulo Magalhães, Lygia Fagundes Telles e Jean Meyer, nas várias fases do grupo.

Certa ocasião, diante dos problemas financeiros e de salas para as apresentações, Alfredo Mesquita escreve um Improviso do Grupo de Teatro Experimental, espécie de performance que coloca em cena as dificuldades vividas e faz um apelo, ao final, para que a platéia assine uma lista de contribuições. O único a aderir é Franco Zampari, empresário ligado às indústrias Matarazzo, e esse gesto é o motivo primeiro da fundação do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC.

A existência do GTE, além de criar um repertório de melhor qualidade frente ao teatro comercial do período, solidificou a necessidade de uma renovação modernista nos domínios cênicos. Deve-se igualmente a Alfredo Mesquita a iniciativa de criar, em 1948, a Escola de Arte Dramática - EAD, visando formar novos atores para um mercado que se anuncia promissor.

Em 1948, com a fundação do TBC e da EAD, marca-se o início da solidificação do modernismo no teatro e, o GTE extingue-se. A partir de 1949, a maior parte dos seus integrantes passa a fazer parte do elenco do TBC, iniciativa já profissional, comandada por Franco Zampari.

Sobre a dedicação integral do diretor artístico ao GTE, recorda o ator Carlos Vergueiro: "É impressionante como, trabalhando com um grupo bastante indisciplinado, sem conhecimento algum da arte teatral, Alfredo conseguia transmitir estilo de representação, ritmo de falas e de espetáculo, sempre à testa de tudo, desde a escolha das peças, 'leituras de mesa', marcações, tudo. Ia pessoalmente verificar a execução das roupas, ensinava os rapazes e moças a andar, a sentar, a gesticular à antiga ou à moderna, enfim, era o 'faz-tudo' do GTE. Com Alfredo Mesquita, embora trabalhando com amadores, o teatro brasileiro ganhou dignidade. Em 1946 conseguiu montar nada mais nada menos do que Shakespeare! As Alegres Comadres de Windsor - mais uma tradução de Esther Mesquita, foi levada à cena no Teatro Municipal, sempre, não se pode dizer 'direção geral' mas 'direção total' de Alfredo Mesquita".1

Notas

1. VERGUEIRO, Carlos. Depoimento de um ator do GTE. EAD 1948-68: catálogo comemorativo dos 20 anos da Escola de Arte Dramática. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo: Fundação Anchieta, 1985. p. 19.

Espetáculos 17

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Fontes de pesquisa 4

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  • GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.
  • GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
  • MESQUITA, Alfredo. Origens do teatro paulista. Revista da Escola de Comunicações e Artes, São Paulo, n. 1, 1967.
  • ______. Depoimento. In: DEPOIMENTOS II. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1977.

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