Avenida Dropsie
Texto
Histórico
Depois do sucesso e do impacto de A Vida É Cheia de Som e Fúria, a Sutil Companhia de Teatro e seu diretor, Felipe Hirsch (1972), amplificam as experimentações com a imagem inspirando-se no universo do artista gráfico americano Will Eisner.
Continuando seu trabalho sobre a memória e o espaço, Felipe Hirsch organiza no palco, ao lado da cenógrafa Daniela Thomas (1959) e do iluminador Beto Bruel, um jogo cenográfico de diversos aparatos técnicos, contando também com o aporte da produção do Teatro Popular do Sesi (TPS). A transposição da urbanidade nova-iorquina e a seleção de personagens em pequenas cenas combinam-se graças aos recursos inventivos e sofisticados do encenador.
A professora e ensaísta Sílvia Fernandes (1953) dimensiona as qualidades da encenação: "A cenógrafa ocupa a altura e a largura da cena com um imenso prédio de apartamentos, em que as janelas funcionam como pequenos palcos dentro do palco, servindo de enquadramento para os personagens solitários, da mesma forma que a cabine telefônica, as escadas e a calçada da avenida. Editadas pela luz e pela antológica trilha de canções folk e iídiche, as tomadas do cotidiano dos moradores são distanciadas no tempo por uma tela de filó, que permite a projeção dos quadrinhos de Eisner em vídeo, compondo uma narrativa claramente cinematográfica".1
Nessa composição das páginas de história em quadrinhos no palco, surpresas se sucedem, como a chuva que cai durante cerca de 10 minutos, efeito que impressiona boa parte do público. A narração em off de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) é um recurso que sublinha o humor do espetáculo, dividido em capítulos com títulos como Despedidas, Janelas, Subways, Paredes, Pequenos Milagres, Fiéis e Anotações sobre Pessoas da Cidade.
Para a crítica Mariangela Alves de Lima (1947), "a encenação exibe o trunfo próprio da arte cênica. Um elenco extraordinariamente talentoso empresta forma tridimensional às figuras dos desenhos. São construções frontais, em que o contorno dos gestos tem a mesma importância das falas e cada personagem - as mutações são rápidas e numerosas - exige dos intérpretes precisão milimétrica de composição visual e vocal. Versão cênica da narrativa gráfica, Avenida Dropsie exibe ainda o trunfo teatral de intérpretes tecnicamente preparados para se comunicar a partir de um palco amplo sem perder de vista a minúcia e a delicadeza de figuras que foram originalmente destinadas ao campo flexível e diminuto do papel".2
Notas
1. FERNANDES, Sílvia. Encenação gráfica. Bravo!, São Paulo, n. 92, jul. 2005. p. 105.
2. LIMA, Mariangela Alves de. A ousada jornada de Eisner até o palco. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Caderno 2, 1 abr. 2005.
Ficha Técnica
Will Eisner
Tradução
Erica Migon
Roteiro
Erica Migon / Avenida Dropsie
Felipe Hirsch
Guilherme Weber / Avenida Dropsie
Direção
Felipe Hirsch
Direção (assistente)
Murilo Hauser
Cenografia
Daniela Thomas
Cenografia (assistente)
Patricia Rabbat
Cenotécnica
Lázaro Ferreira
Marcio Murilo Tesserolli
Marcio Zunhiga Dias
Adereço
Aloísio Salles de Souza
Inês Sakay
Sergio Richter
Operação de mídia
Daniele Régis
Figurino
Marichilene Artisevskis
Verônica Julian
Figurino (assistente)
Foquinha
Pricila Sabine
Costureira
Aurea Lecir Galassine
Benedita Calistro
Ilda Pina do Amaral
Judite Gerônimo de Lima
Iluminação
Beto Bruel
Iluminação (assistente)
Daniele Régis
Operação de luz
Alexandre Pestana
Daniele Régis
Enôr Fonseca
Sarah Salgado
Visagismo
Emi Nagano
Trilha sonora
Felipe Hirsch
L. A. Ferreira
Rodrigo Del Rei
Sonoplastia
Henrique Silva
Roberto Coelho
Operação de som
Guto Gevaerd
Preparação corporal
Nikolas Kimon Bellonis / Avenida Dropsie
Elenco
Erica Migon
Guilherme Weber
Joelson Medeiros
Leonardo Medeiros
Magali Biff
Maureen Miranda
Paulo Alves
Roney Facchini
Participação especial
Gianfrancesco Guarnieri / Avenida Dropsie
Direção de produção
Marcelo Contin
Neusa Andrade
Produção (assistente)
Alexandre Gigante
Fernando Padilha
Monica Plancha
Renata Rendelucci Allucci
Fotografia
Eduardo Serafim
Contrarregra
Luciano Santana
Menes Santos Machado
Ricardo Santana
Sérgio da Silva Machado
Camareira
Consuelo de Cássia
Nair Ribeiro
Sônia Fávero
Veni de Andrade
Fontes de pesquisa 4
- FERNANDES, Sílvia. Encenação gráfica. Bravo!, São Paulo, n. 92, jul. 2005. p. 105.
- LIMA, Mariângela Alves de. A ousada jornada de Eisner até o palco. O Estado de S. Paulo, São Paulo, Caderno 2, 1 abr. 2005.
- MIRANDA, Célia Arns de (Org.) . Primeiros Dez Anos da Sutil Companhia de Teatro. 1ª. ed. Curitiba: Gráfica Serzegraf, 2002.
- SUTIL Companhia de Teatro. Disponível em: [http://www.sutilcompanhia.com.br]. Acesso em 22/6/2007.
Como citar
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AVENIDA Dropsie.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento458808/avenida-dropsie. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7