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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Support-Surface

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.01.2015
O termo support-surface refere-se a um conjunto de jovens artistas que representam uma vertente da arte conceitual francesa. O eixo central da proposta do grupo - que tem vida curta, de 1970 a 1972 - apóia-se na recusa à idéia de quadro, pensado como tela sobre a qual uma imagem é projetada. "O quadro desaparece como lugar de mis-en-scène", afir...

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Definição

O termo support-surface refere-se a um conjunto de jovens artistas que representam uma vertente da arte conceitual francesa. O eixo central da proposta do grupo - que tem vida curta, de 1970 a 1972 - apóia-se na recusa à idéia de quadro, pensado como tela sobre a qual uma imagem é projetada. "O quadro desaparece como lugar de mis-en-scène", afirma o crítico Jean Clair, "para renascer em sua fisicalidade de suporte e superfície". O rompimento com certa concepção de quadro vem acompanhado da decomposição da imagem e do trabalho com a cor, ela mesma definidora de espaços. A nova pintura - que rechaça qualquer tipo de ilusionismo - é definida simplesmente como uma superfície colorida posta sobre um suporte: a tela estirada e fixada sobre um chassi. A pintura de Paul Cézanne - apoiada na análise estrutural da natureza e na pesquisa metódica - assim como as irradiações de cores que as telas de Henri Matisse projetam são tidas como as duas grandes referências do grupo, que surge ano de 1970, em uma grande exposição conjunta no Museu de Arte Moderna de Paris.

Daniel Dezeuze é um dos artistas diretamente ligados às novas propostas. Sua obra Chassis avec Feuille de Plastique Tendue [Chassi com Folha de Plástico Estendida], 1967 permite compreender o caráter das pesquisas formais empreendidas pelo que viria a ser o grupo Suporte-Superfície. Um simples chassi de madeira recoberto por um plástico transparente proporciona o acesso aos elementos materiais que compõem o quadro. O suporte visível do chassi e a superfície transparente do plástico apresentam de modo quase didático a recusa à idéia de quadro como espaço ilusionista. O modo de exposição da obra - sobre o solo apoiada numa parede -, é uma opção clara contra a forma tradicional de exibição das telas. Trata-se de rever a idéia de quadro - grande emblema da arte ocidental - pelo desnudamento de sua materialidade. O quadro realiza-se, assim, pela mera combinação de um suporte e uma superfície. Claude Viallat é outro membro-fundador do grupo, que com seus diversos trabalhos da década de 1970 reafirma as propostas do movimento. Répetition 1970 - simultaneamente, repetição e ensaio -, se constrói com base em sucessivas marcas de azul, regularmente dispostas sobre fundo branco. A padronização é mais um recurso contra o ilusionismo da pintura tradicional. Louis Cane é membro ativo do grupo, ao qual se ligam ainda Bernard Pages, André Valensi, entre outros.

As pesquisas e a atuação dos artistas reunidos pela sigla B.M.T.P - Daniel Buren, Olivier Mosset, Niele Toroni e Michel Parmentier - antecipam algumas das diretrizes e projetos do Suporte-Superfície, o que faz com os dois grupos sejam aproximados em diversas avaliações críticas da arte contemporânea. Apresentando-se como "não pintores" - por retirarem a ênfase do trabalho artístico da obra acabada e pela reivindicação de tornar "visível o mecanismo do qual a pintura procede" -, os artistas do B.M.T.P. descartam qualquer tipo de ilusionismo representativo. Isso fica claro na primeira exposição conjunta do grupo no Musée des Arts Décoratifs [Museu de Artes Decorativas] de Paris, em 1967, quando apresentam quatro telas de tamanho padronizado de 250 centímetros. Buren mostra uma tela composta de linhas verticais cor-de-rosa; Parmentier, um trabalho com faixas horizontais cinza; Mosset, um círculo negro; e Toroni, um conjunto de marcas retangulares feitas com pincel. As proposições do B.M.T.P. devem ser compreendidas na esteira das formulações do minimalismo, de sua pesquisa com formas elementares e da recusa dos acentos ilusionistas e metafóricos que cercam a obra de arte. Os trabalhos de arte, nessa concepção, são simplesmente objetos materiais, construídos com um vocabulário impessoal, despojado e neutro, e não veículos portadores de idéias ou emoções.

Na arte brasileira, menos do que localizar rebatimentos dessas propostas específicas, é possível mencionar artistas que trabalham de acordo com as sugestões da arte conceitual, como, Carlos Fajardo, Antonio Dias, Cildo Meireles e Waltercio Caldas.

Fontes de pesquisa 4

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  • ARCHER, Michael. Art since 1960. London: Thames and Hudson, 1997, 224 p.il. p&b. color.
  • CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
  • FINEBERG, J. Art since 1940 - strategies of being. New York: Harry N. Abrams, Inc., Publishers, 1995. 496p. il. color.
  • VETTESE, Angela. Capire l'Arte contemporanea, dal 1945 ad oggi. Torino: Umberto Allemandi & C., 1996, 327 p.il. p&b. color.

Como citar

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