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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Inimá de Paula

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.05.2024
07.12.1918 Brasil / Minas Gerais / Itanhomi
13.08.1999 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini/Itaú Cultural

Vista de Ouro Preto, 1962
Inimá de Paula
Óleo sobre duratex, c.i.d.

Inimá José de Paula (Itanhomi, Minas Gerais, 1918 – Belo Horizonte, Minas Gerais, 1999). Pintor, desenhista. Considerado um “artesão das cores”, destaca-se por sua pintura de cores vivas e pinceladas fartas. Retratando paisagens diversas e temas populares, é considerado um dos maiores paisagistas modernos do Brasil, ao lado de Guignard (1896-196...

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Inimá José de Paula (Itanhomi, Minas Gerais, 1918 – Belo Horizonte, Minas Gerais, 1999). Pintor, desenhista. Considerado um “artesão das cores”, destaca-se por sua pintura de cores vivas e pinceladas fartas. Retratando paisagens diversas e temas populares, é considerado um dos maiores paisagistas modernos do Brasil, ao lado de Guignard (1896-1962) e José Pancetti (1902-1958).

Inicia seus estudos artísticos na adolescência, em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde passa a frequentar, em 1938, o Núcleo Antônio Parreiras. Em 1940, instala-se no Rio de Janeiro e se matricula nas aulas de Argemiro Cunha (1880-1940), no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, mas abandona o curso em pouco tempo. Nessa época, passa a pintar com alguns dos ex-integrantes do Núcleo Bernardelli. Em 1944, transfere-se para Fortaleza, onde conhece artistas locais, como Aldemir Martins (1922-2006), Antonio Bandeira (1922-1967) e o suiço Jean-Pierre Chabloz (1910-1984), e participa da criação da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP).

Volta ao Rio de Janeiro, em 1945, e participa de uma mostra coletiva com esses artistas na Galeria Askanasy. Graças ao apoio de Candido Portinari (1903-1962), que o apadrinha, faz sua primeira mostra individual no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), em 1948. Em 1950, ganha o prêmio de viagem ao país do 56º Salão Nacional de Belas Artes e, no ano seguinte, viaja e expõe na Bahia.

Suas primeiras obras são marcadas por uma linguagem impressionista e privilegiam paisagens, tema constante em sua pintura. Nessas telas, predominam os brancos e cinzas. Seja nas paisagens urbanas de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, seja nas marinhas cearenses, ou mais tardiamente nas vistas mineiras, o branco é utilizado como cor efetiva, conferindo ainda mais tranquilidade às cenas já praticamente desprovidas de ação, o que é enfatizado por muitos críticos1. São dessa época telas como Paisagem urbana, Santa Teresa (1945), Marinha – Ceará (1945) e Casamento na roça em Minas (1947).

Os brancos e cinzas, aos poucos, vão dando espaço também às cores, que singularizam a obra do artista. Na tela Panorama de Santa Teresa (1950), já é possível observar essa mudança, que se acentua após a estadia do pintor em Paris. Com o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna, recebido em 1952, o pintor vai para Paris, onde vive de 1954 a 1956. Lá assiste a cursos na Académie de la Grande Chaumière e na École Normale Supérieure des Beaux-Arts, além de acompanhar as aulas do francês André Lhote (1885-1962) e do italiano Gino Severini (1883-1966).

Retornando ao Brasil, passa a fazer pinturas abstratas, algumas das quais exibe na 5ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1959, como Vermelho comprido (1959), além de pintar retratos e naturezas-mortas. As naturezas-mortas revelam influências dos pintores franceses Paul Cézanne (1839-1906) e Henri Matisse (1869-1954), tanto nos objetos quanto no traço e nas cores, como é possível observar em Composição com frutas e cachimbo, de 1957. Seu período abstrato é variado, abarcando também composições mais cubistas que mantêm um resquício de figura, como Composição abstrata, de 1958, e outras mais informais, como Informal – Tachismo, de 1959.

Na primeira metade dos anos 1960, muda-se para Belo Horizonte e retoma a pintura figurativa. A paisagem volta a aparecer em suas telas, especialmente a urbana. A combinação da arquitetura com a natureza permite ao pintor realizar composições muito equilibradas, em que tende a cobrir a maior parte da tela, deixando pouco espaço para o céu, alternando as cores organizadas nos casarios com as manchas de cor da vegetação. As obras Ladeira Aldo Cavalcanti e Favela do Leme – Rio, ambas de 1967, e Favela do Túnel Novo, de 1968, são exemplos dessa prática.

Nos anos seguintes, continua aprimorando sua pintura e passa a ser conhecido como "o fauve brasileiro”2 em razão das cores fortes e vibrantes com que pinta, que são de fato características marcantes do seu trabalho. São vermelhos, azuis, amarelos e verdes que parecem puros e são inscritos na tela com movimentos vigorosos. Em alguns casos, assemelha-se a La Plage Rouge (1905), de Matisse, e, em outros, ao expressionismo, como na marinha Pequeno porto (1987), de cores intensas, ou ainda em alguns autorretratos, também de 1987, em que traços vigorosos e cores sombrias conferem perturbação à figura.

A obra do pintor, além de constituir o acervo de museus importantes no Brasil, é preservada pela Fundação Inimá de Paula, criada em 1998, em Belo Horizonte, e pelo Museu Inimá de Paula, inaugurado na mesma cidade, em 2008.

O talento para atingir a potencialidade da cor, seja explorando tons vibrantes nas telas fauvistas, seja manipulando o branco que ilumina as paisagens que retrata, faz de Inimá de Paula um dos maiores pintores modernos do Brasil e o grande representante do fauvismo brasileiro.

Notas

1. Cf. MORAIS, Frederico. Inimá de Paula. Rio de Janeiro: L. Christiano, 1987. p. 23. Cf. também SAMPAIO, Renato. Inimá. Belo Horizonte: Rona, 1999. p. 172.

2. MORAIS, Frederico. Inimá de Paula. Rio de Janeiro: L. Christiano, 1987. p. 15.

Obras 22

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Abstração

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Auto-retrato

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Benjamin Silva

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Café Mauá

Óleo sobre tela

Exposições 203

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Fontes de pesquisa 22

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  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
  • COLEÇÃO Oboé Financeira : artes plásticas. Fortaleza : Oboé Financeira, 2000.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes Plásticas Brasil 2002. São Paulo: Júlio Louzada, 2002. v. 13. R702.9 L895a v.13
  • Links Fundação Inimá de Paula - biografia, currículo e obras.
  • MORAIS, Frederico. Inimá de Paula. Apresentação de Israel Pedrosa. Rio de Janeiro: L. Christiano, 1987.
  • MUSEU INIMÁ DE PAULA. Site Oficial do Museu. Belo Horizonte. Disponível em: http://www.museuinimadepaula.org.br/. Acesso em: 17 set. 2023.
  • MUSEU Inimá de Paula. Texto Júlio César Martins. Belo Horizonte: Museu Inimá de Paula, 2008. 80 p.
  • PAULA, Inimá de. Inimá de Paula : obras recentes. Belo Horizonte : Lloyds Bank, 1989.
  • PAULA, Inimá de. Inimá de Paula. Rio de Janeiro : Realidade Galeria de Arte, 1982.
  • PAULA, Inimá de. Inimá. Belo Horizonte: Fundação Inimá de Paula, 2006.
  • PAULA, Inimá de. Inimá. Comentário Walmir Ayala, Antonio Bento, Quirino Campofiorito, José Roberto Teixeira Leite, Flávio de Aquino, Enock Sacramento, Carlos Eduardo da Rocha, Wilson Rocha. Salvador : MCR Galeria de Arte, 1993.
  • PAULA, Inimá de. Inimá. São Paulo : Salão de Exposições do Banco América do Sul, 1977.
  • PAULA, Inimá de. Retrospectiva Inimá José de Paula. São Paulo: Casa da Fazenda do Morumbi, 1999. 1 fl. dobrada.
  • PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • SAMPAIO, Renato. Inimá: uma biografia. Belo Horizonte, Rona Editora/Galeria de Arte Inimá, 1999.
  • TEMPOS de guerra: Hotel Internacional / Pensão Mauá. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. (Ciclo de exposições sobre arte no Rio de Janeiro).
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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