Raymundo Colares
![Ônibus, 1969 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/002158005013.jpg)
Ônibus, 1969
Raymundo Colares
Pintura sobre metal
83,00 cm x 228,00 cm
,
Texto
Biografia
Raymundo Felicíssimo Colares (Grão Mogol, Minas Gerais, 1944 - Montes Claros, Minas Gerais, 1986). Pintor, desenhista. Estuda, em 1966, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), no Rio de Janeiro. Nessa época, torna-se amigo dos artistas Antonio Manuel (1947) e Hélio Oiticica (1937-1980). No ano seguinte, deixa a EBA e passa a frequentar o ateliê livre de Ivan Serpa (1923-1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). No mesmo ano, a convite de Antonio Dias (1944), participa da exposição Nova Objetividade Brasileira, no MAM/RJ. A partir de 1968, passa a produzir os "gibis" - livros-objeto, nos quais explora as dobras e cores do papel, cujas folhas devem ser manuseadas pelo espectador. Apresenta, em 1969, os primeiros trabalhos tridimensionais, nos quais utiliza alumínio pintado. No mesmo ano, leciona no Ateliê Livre do MAM/RJ. Recebe o prêmio de viagem ao exterior, do Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), em 1970. Viaja para Nova York, Trento e Milão, em 1972. Quando volta ao Brasil, passa a residir em Montes Claros, Minas Gerais, onde permanece até 1981. Nesse ano, muda-se para Teresópolis, Rio de Janeiro. Em 1983, as galerias Saramenha e Paulo Klabin, no Rio de Janeiro, reúnem-se para realizar uma mostra-resumo de sua produção. Nessa data, volta a lecionar no ateliê do MAM/RJ.
Análise
Raymundo Colares reúne em suas obras tendências como o construtivismo e a arte pop. Ele reconhece a relação com o futurismo italiano na preocupação em representar o dinamismo e a velocidade da vida moderna. Utiliza o tema da interpenetração de ritmos visuais relacionados ao movimento de veículos em velocidade em uma grande cidade. Emprega tintas metálicas para representar carrocerias de ônibus, reconhecíveis pelo esquema de cores e números, usados também como marcas da sociedade industrial. Preenche totalmente as telas com esses signos, não deixando nenhuma área livre. O ser humano e a própria paisagem urbana estão ausentes de suas telas. Para alguns críticos, sua produção mantém afinidades com a obra do pintor americano Allan D'Arcangelo (1930-1998), ao aproximar geometria e organicidade e abstração e figura.
Em Ponto de Mudança: Ocorrência de uma Trajetória (1974), Colares emprega a fragmentação da imagem, representando ônibus em vários ângulos, em enquadramento cinematográfico. O artista utiliza principalmente as cores primárias, em tons fortes. Como nota o crítico Paulo Venâncio Filho, a força das telas de Colares provém mais da sensação de impacto do que da sensação de velocidade.
A partir de 1968, Colares produz os "gibis" - livros-objeto, sem texto, que devem ser manipulados pelo espectador -, nos quais explora as dobras e as cores do papel para criar sequências de formas e cores que se alternam. Para o crítico Frederico Morais, seus gibis remetem ao Livro da Criação, de Lygia Pape (1927-2004), por serem obras em processo em que as imagens se fazem ou desfazem à medida que as páginas são movimentadas. Os cortes oferecem sucessivas surpresas, revelando ao mesmo tempo um caráter lúdico. Nessas obras, Colares presta homenagem a alguns artistas, como naquela em que se baseia em telas de Mondrian (1872-1944).
Para Venâncio Filho, a produção de Raymundo Colares está associada a todo um processo de reformulação da imagem no Brasil, ligado à programação visual, à publicidade, fotografia e cinema, em integração à cultura pop.
Obras 10
Exposições 134
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6/4/1967 - 30/4/1967
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30/9/1967 - 31/10/1967
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Fontes de pesquisa 17
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ACERVO Banco Chase Manhattan. Rio de Janeiro: Index, 1989.
- ARTISTAS brasileiros dos anos 60 e 70 na coleção Rubem Knijnik. Porto Alegre: Espaço No Galeria Chaves, 1981.
- AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
- COLARES, Raymundo. Raymundo Colares. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Centro Empresarial Rio, 1986. 10 p., il. p&b.
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- COLARES, Raymundo. Trajetórias. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 1997. 79 p., il. p&b.
- DEPOIMENTO de uma geração: 1969-1970. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986.
- DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
- MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
- PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Tradução Florence Eleanor Irvin, John Knox. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976.
- PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- RIBEIRO, Marília Andrés (org.); SILVA, Fernando Pedro da (org.). Um século de história das artes plásticas em Belo Horizonte. Belo Horizonte: C/Arte, 1997. (Centenário).
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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RAYMUNDO Colares.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9691/raymundo-colares. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7